Chegar a um bairro, perguntar onde mora o benzedeiro e ser corretamente informado é a melhor evidência de que esta atividade garante destaque a quem a pratica. E a fama é tão grande que alguns chegam a atender até 40 pessoas num único dia - a maioria vinda de outros bairros.
O zelador e lavrador aposentado Matias Rodrigues de Miranda, 82 anos, morador nas Águas Virtuosas, diz-se feliz em ter recebido o dom de levar bem-estar às pessoas. Segundo ele, quem vai até sua casa está sempre em busca de paz, saúde ou dinheiro. São pessoas atormentadas, desesperadas, em depressão, afundadas em dívidas, desempregadas. O mais comum são questões de finanças, pessoas querendo um emprego. Também tem gente pedindo sabedoria para o estudo, para as provas e concursos, comenta.
Ele cita, ainda, os casos de doença, principalmente os problemas de mulher e a impotência sexual - responsáveis por muitas separações, segundo Miranda. Já tive um caso de um rapaz que chegou aqui de cadeira de rodas e, dias depois, voltou andando. E uma mulher que veio com câncer na medula. Depois de um tempo, o marido veio dizendo que ela sarou e estava trabalhando normalmente, destaca.
Conhecido apenas como Índio, o guarani Daniel Rodrigues (Urubatan), 53 anos, também é muito procurado no Parque das Nações por seus benzimentos e leitura dos traços das mãos. As pessoas vêm curar brotoejas, quebrantos, diarréia de criança, muitas coisas, comenta.
No Aimorés, o destaque é para a benzedeira Nadir Gomes da Silveira, 72 anos. Segundo ela, a procura maior é por orações que pedem paz em família, felicidade das crianças, saúde e emprego. Ela estima em 40 pessoas o número de visitantes atendidos diariamente no bairro, boa parte deles moradores de outros pontos da cidade.