07 de dezembro de 2025
Geral

Avaí faz parceria pelo rio Batalha

Adilson Camargo
| Tempo de leitura: 4 min

Iniciativa visa reflorestar a mata ciliar para evitar que o leito do rio continue sendo afetado pelo assoreamento.

Avaí - Pescadores resolveram se unir ao poder público em torno de uma causa nobre e prometem reflorestar toda a mata ciliar do rio Batalha, desde Avaí até o ponto onde ele desemboca no rio Tietê. Para alcançar esse objetivo, os parceiros do projeto (pescadores e Prefeitura de Avaí) esperam contar com a colaboração da Prefeitura de Reginópolis, onde estariam os pontos mais críticos da mata, ao longo do trajeto, até chegar ao rio Tietê.

Entre os problemas causados pelo desmatamento das margens dos rios, está o assoreamento do leito. Normalmente o assoreamento é provocado pelo acúmulo de areia no fundo do rio, que, aos poucos, vai ficando mais raso.

Informalmente a associação dos pescadores já existe desde o último dia 5 de julho. Mas para poder constituir parceria com a Prefeitura de Avaí, será preciso que a associação exista juridicamente.

Segundo explicou Sérgio Coelho, 44 anos, membro da associação e ex-policial militar, a parceria com a Prefeitura é indispensável para o sucesso da iniciativa.

Para reflorestar as margens do rio, será preciso, antes de mais nada, um local adequado para cultivar as mudas de árvores. Com a parceria firmada, essa tarefa ficaria sob a responsabilidade da Prefeitura, que já possui um viveiro de mudas, ainda pouco explorado.

De acordo com o prefeito Reinaldo Rocha (PSDB), já existe um acordo com a Aciflora, de Bauru, para a cessão de mudas para o viveiro da Prefeitura.

De acordo com o projeto, enquanto o viveiro municipal arcaria com os custos da produção de mudas, a associação se incumbiria de fazer um levantamento para saber quais são as mudas mais adequadas para o reflorestamento do rio Batalha.

Além da espécie, o levantamento indicaria ainda a quantidade mudas e o local onde elas deverão ser plantadas. Apesar de se dizer amigo do prefeito, desde a infância, e de buscar parceria com a Prefeitura, Coelho faz questão de deixar bem claro que a associação não tem vínculos partidários e que não se envolve em política. A associação é totalmente apolítica, declarou.

Descida

A descida dos pescadores está marcada para janeiro. Eles devem ser acompanhados pela engenheira agrônoma Renata Oliveira da Silva, que estará incumbida de fazer o levantamento das espécies mais indicadas para o reflorestamento. Antes da conclusão do trabalho da engenheira agrônoma, Coelho acha difícil fazer uma previsão de quantas e quais mudas serão necessárias para recuperar as margens do rio Batalha.

A preferência, segundo adiantou Coelho, será dada às plantas que produzem pequenos frutos que, quando caem no rio, podem ser consumidos pelos peixes. Descida é como os pescadores denominam a viagem de barco, rio abaixo.

O prefeito de Avaí gostou da idéia de recuperar os pontos mais críticos da mata, em torno do rio Batalha, e disse que está apenas aguardando a regularização da associação para enviar projeto de lei à Câmara, autorizando a parceria com os pescadores.

Como os vereadores de Avaí já entraram em recesso, o projeto deve ser colocado em votação apenas em fevereiro. Mas se for preciso, o prefeito informou que irá pedir a convocação de uma sessão extraordinária para discutir a parceria. Mesmo antes de apresentar o projeto ao plenário da Câmara, Reinaldo Rocha já conta como certa sua aprovação. Segundo ele, dificilmente os vereadores votarão contra um projeto que se preocupa com a preservação da mata ciliar do rio Batalha, principalmente no trecho que passa por Avaí.

Além do trabalho de reflorestamento, Coelho quer ainda que seja desenvolvido um trabalho de conscientização nas escolas e entre os proprietários rurais, que possuem imóveis às margens do Batalha. Ele acredita que sem esse esforço adicional o reflorestamento pode ser prejudicado.

Na opinião de Coelho, o trabalho entre as crianças, seria importante pois incutiria nelas a preocupação pela preservação do meio ambiente. Quanto aos proprietários rurais, ele lembra que é fundamental a participação deles, porque o gado, muitas vezes, come a planta, quando esta ainda está pequena. Nesse caso, seria preciso um cuidado especial para proteger a árvore da investida dos animais.

De acordo com a legislação em vigor, a largura de cada mata ciliar está diretamente relacionada à largura do rio. Quanto mais largo for o curso dágua, maior deverá ser o espaço destinado à mata.

A prefeita de Reginópolis, Carolina Veríssimo (PMDB), foi procurada pela reportagem para comentar se há interesse da Prefeitura em colaborar com o projeto, mas funcionários informaram que ela estava viajando.