Olhos extasiados e corações emocionados, vamos reviver o que aconteceu há 2000 anos na pequenina Belém da antiga Palestina. E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as cidades de Judá e do mundo inteiro, pois de ti saiu o Salvador!
Entre as páginas da história de nossa vida e da história da humanidade, aparece a página sem igual, a mais linda e original da literatura de todos os tempos! Deus se fez criança.
Uma página escrita pelo próprio Deus em colaboração com um casal de jovens. Ela se chama Maria, um encanto de criatura, que concebeu em seu ventre o Salvador por obra do Espírito de Deus; ele se chama José, homem justo, esposo de Maria.
É preciso ter a simplicidade e a humanidade das crianças para contemplar, perceber e sentir o mistério dessa criança nascida de Maria e que tem como berço uma manjedoura. Somente quem tem maldade no coração não entenderá a linguagem dessa criança, dessa maravilhosa página assinada por Deus, por Maria e José.
O Logos, o Filho de Deus, se fez carne e levantou sua morada no meio de nossas moradas, exclama emocionado São João no prólogo de seu evangelho!
Ele será chamado Emanuel, que quer dizer Deus conosco! Sendo Deus, ele se dignou tornar-se nosso Irmão - Irmão Deus - como o mais forte apelo para que vivamos a fraternidade. Irmão e companheiro de jornada e caminhada. Ele se identificou conosco em tudo, exceto no pecado, vivendo nossa realidade existencial humana.
O Menino do Natal torna-se centro e referência impreterível da humanidade e da sua história.
O Menino cresceu em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, tornou-se jovem e, sem alarde, lançou as sementes da fraternidade universal do amor-solidariedade, da liberdade, da justiça e da paz, elementos essenciais de toda sua pregação aqui na Terra. São sementes impregnadas de esperança e que possuem latente a força salutar de germinar, de explodir e frutificar em ações e atitudes pessoais e sociais capazes de tornar o mundo melhor.
Ele incomodou as elites religiosas e políticas dominantes de seu tempo. Sua palavra trazia o fermento de transformações radicais e profundas, subvertia injustas situações sociais e falsos valores religiosos. Como conseqüência de sua pregação e do agir, o jovem Jesus foi rejeitado e condenado à humilhante pena de morte da cruz. Sendo Deus, o jovem venceu a morte porque ressuscitou. Encarnação, paixão dolorosa, morte e ressurreição do Senhor se entrelaçam, constituindo-se no núcleo central da obra redentora e salvadora da humanidade.
Em peregrinação espiritual, vamos a Belém reviver o mistério do Deus que se encarnou e se fez criança por nosso amor, sem nos esquecermos que o Menino cresceu e deu a vida por nosso amor. Ele nos amou até o fim! E ressuscitou e está no meio de nós, por nosso amor! Estamos envoltos no amor! Haverá modo melhor de celebrar e vivenciar o Natal, do que tudo fazer para que nossa vida se torne um gesto generoso, crescente e permanente de amor a Deus e aos irmãos? (Frei Lourenço M. Papin)