Além de brinquedos, neste Natal as crianças carentes do Jardim Flórida tiveram pizza, refrigerantes e doces, tudo doado por empresários da cidade. A festa foi organizada pelos policiais militares Paulo Antônio Fabri, Roberval de Souza Oliveira e Ricardo Antônio do Amaral, da Base Leste, que pediram as doações
Como tantas outras pessoas, que no Natal, sensibilizadas com as crianças carentes que não recebem presentes, os policiais, com a colaboração de empresários da cidade, fizeram uma festa para 300 crianças, pelo terceiro ano consecutivo. Foram cadastradas crianças do Jardim Flórida e adjacências, que receberam uma senha quatro ou cinco dias antes do Natal. Ontem, elas participaram de uma festa onde comeram, beberam, divertiram-se e ganharam muito carinho.
As crianças ficaram entusiasmadas e com a alegria estampada nos rostos. Na manhã de ontem, na pizzaria de João Luiz Lopes, que é um dos colaboradores da festa, as crianças, com balões coloridos nas mãos, falavam de boca cheia (de pizza) que estavam muito contentes por terem um Natal tão lindo. Eu estou muito feliz. Ganhei uma boneca e na festa tinha muita coisa boa. Neste ano, o Natal está mais lindo e veio até Papai Noel, disse Cristiane Silva dos Santos, 10 anos, moradora do Jardim Flórida.
Ao lado de sua prima, Maiara, ela sorria e pedia mais pizza para o tio que estava servido a garotada. A dona de casa Vilma Brandão, 48 anos, participou da festa com seus dois filhos - Anderson, 5 anos e Alessandra, 13 anos. Ela contou que, como o marido está desempregado, o Natal deste ano estava muito triste. Quando nós recebemos a notícia da realização dessa festa, fiquei muito feliz porque soube que meus filhos iriam ganhar um presentinho, porque eu não poderia comprar nada. Foi quando meu marido conseguiu fazer um bico e com R$ 10,00 comprei um carrinho para o Anderson e um iô-iô para a Alessandra. Hoje (ontem), aqui, estamos sendo muito bem recebidos. As crianças estão contentes com essa pizza maravilhosa que nos serviram, contou.
Carentes de atenção
Pizza, refrigerante, doces e presentes alegram as crianças que, muitas vezes, não têm alimentação farta e brinquedos em casa, mas nota-se que o que elas mais querem é atenção. O Papai Noel era a pessoa mais requisitada da festa. Ele ouvia com atenção as crianças, que faziam questão de afirmarem que foram boas durante todo o ano.
De acordo com a psicóloga Ana Maria dos Santos Pereira, as crianças exigem afeto porque muitos pais não têm tempo e paciência para ouvir o que os filhos têm para contar. Na verdade, o pai e a mãe já têm tantos problemas, estão sempre cansados e quando chegam em casa, acabam brigando com os filhos por pequenas coisas e nunca param para ouvir e dar atenção, afirmou.
Ana Maria, que realiza um trabalho voluntário com famílias carentes, disse que isso vem ocorrendo cada vez mais. A incidência de crianças carentes de atenção vem aumentando. Eu sempre digo: Não basta colocar um filho no mundo; tem que saber dar afeto, carinho e muitos pais não receberam isso dos seus pais e, portanto não sabem dar isso aos filhos, explicou.
A psicóloga disse que, algumas vezes, isso ocorre também em famílias de melhores condições financeiras. Os pais pensam que querem dar aos seus filhos tudo aquilo que não tiveram dos seus pais por falta de condições financeiras, então os matriculam em boas escolas particulares, compram tudo do bom e do melhor, brinquedos de última geração, roupas boas e de marcas famosas.... Os filhos têm a oportunidade de irem onde querem, conhecer tudo o que desejam, ou seja, levam uma vida cheia de regalias, mas e a parte afetiva? Onde estão aqueles pais que chegam em casa, sentam na mesa para almoçar ou jantar e perguntam para os filhos como foi o dia, o que eles fizeram, dão abraços, beijos, carinhos, sentam na sala de estar e disponibilizam tempo para conversas jogadas fora, risos, enfim, um tempo descontraído juntos? Isso está cada vez mais raro e a criança e o adolescente cresce carente de atenção, explicou.
Ela disse que é preciso que os pais se lembrem que uma criança precisa muito mais de atenção, afeto, carinho do que presentes e vida boa. Isso serve tanto para os menos favorecidos quanto para aquelas famílias que melhores condições financeiras. Carinho e atenção é para ser dado a qualquer ser humano, desconsiderando idade, sexo e cor, finalizou.