Domingos Malandrino, conselheiro da Diretoria Regional de Bauru do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), acredita que o atual momento argentino até favorece, de certa forma, a indústria brasileira. Para ele, a dificuldade produtiva e de capacidade de reação do país vizinho é muito menor do que a nacional. Assim, essas dificuldades podem favorecer quem produz para vender na Argentina, afirma.
Porém, admite o conselheiro do Ciesp, os problemas podem vir por meio de sanções políticas que visem proteger o produtor argentino, como aumento de alíquotas de importação sobre produtos brasileiros. Esses obstáculos podem prejudicar o Brasil como um todo. Em termos de mercado, temos que encarar a crise deles como oportunidade de negócios, ressalta.
Malandrino afirma que a grande preocupação é com empresas brasileiras que fabricam produtos que sejam componentes de produtos argentinos, os chamados semi-acabados, como peças de veículos. Em relação às que exportam produtos acabados, como sapatos, por exemplo, ou de origem de agronegócios, o conselheiro do Ciesp diz não ver problemas.
Mesmo assim, Malandrino acredita que, nos próximos 30 dias, os empresários devem manter o compasso de espera para mandar novas mercadorias para a Argentina. Para ele, a inércia da economia daquele país vai colocar o trem no trilho novamente, e em poucos dias, o quadro estará bem claro, possibilitando a retomada das exportações de produtos acabados.
O conselheiro do Ciesp acredita que as pessoas, principalmente os economistas sobrevalorizam a Argentina que, segundo ele, tem um Produto Interno Bruto (PIB) menor do que o do Interior do Estado de São Paulo. Há mais uma catástrofe idealizada por economistas do que por quem está no setor produtivo. Vai fazer falta (a Argentina)? Claro, pois não podemos perder nenhum espaço de mercado. Morreu um soldado, não acabou a batalha, destaca.