Revoltados com a falta de auxílio oficial, moradores do bairro tiram dinheiro do bolso e aplicam na infra-estrutura do local
Inconformados com a falta de providências da Prefeitura de Bauru, para quem por várias vezes dizem já terem reivindicado soluções para os problemas do bairro, moradores e comerciantes do Parque Paulista se mobilizaram e resolveram colocar a mão na massa.
Cansados de esperar auxílio oficial para acabar com os buracos e as condições intransitáveis das ruas José Pereira Guedes e Ivon Pimentel, moradores e proprietários de empresas do bairro não tiveram dúvidas: apelaram para os recursos próprios.
Um deles, Roberto Barbosa Leonel, comprou - por R$ 40,00 - dois caminhões de terra e espalhou há alguns dias ao longo da rua José Pereira Guedes para tapar os buracos. Outros dois comerciantes, donos de um posto de combustível e de uma recauchutadora, investiram ainda mais. Por R$ 300,00 (R$ 150,00 cada um) solicitaram mais dois caminhões, dessa vez de pedriscos, para jogá-los na mesma via.
Roberto afirma que tomou a iniciativa por considerar o bairro abandonado pela Prefeitura. Pedidos e abaixo-assinados, direcionados a diversas autoridades e órgãos competentes, foram inúmeros, mas ao mesmo tempo infrutíferos, conforme o morador. Foi o único jeito que encontramos para tentar amenizar a situação do bairro, que está abandonado e em condições lastimáveis de infra-estrutura, protesta ele. Outra medida paliativa adotada por Roberto para tapar os buracos foi aproveitar o matagal carpido do terreno de sua casa. Limpei o quintal da minha residência, coloquei nos buracos e joguei um pouco de terra por cima, afirma.
Já os comerciantes alegam necessidade profissional para justificar a atitude. A irmã de um deles, que preferiu não se identificar, ressalta: Para chegar até a empresa os caminhões tinham de encarar as ruas esburacadas. Alguns, por conta disso, apresentavam problemas mecânicos e até mesmo atolavam em dias de chuva. Que cliente vai querer retornar para uma firma cujo caminhão fica encalhado em dias de chuva? , questiona.
Um dos funcionários da recauchutadora de pneus foi destacado para cumprir a árdua tarefa braçal de cobrir a rua com as pedras. Para isso, utilizava uma carriola e uma pá. Foram dois caminhões cheios de pedriscos. Não foi fácil, diz.
Ela acrescenta que medida semelhante foi tomada em uma outra rua do bairro, a Ivon Pimentel. Nessa, segundo a irmã do comerciante, a solução foi jogar 15 caminhões de entulho limpo de construção. Os veículos, principalmente os brutos, não conseguiam transitar em dias chuvosos, conta.
O transporte coletivo também se complica quando a chuva chega. Roberto diz que os ônibus, por não terem como circular nas ruas de terra, acabam passando apenas pelas vias asfaltadas, prejudicando os moradores que utilizam os pontos localizados naquelas ruas.