DDM completa 15 anos e aposta na conscientização

A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Bauru está completando 15 anos. Partindo para uma fase mais madura, a unidade policial contabiliza mais de 35 mil atendimentos desde a sua instalação. Neste período, as queixas aumentaram, porém, deixaram de ser tão graves, comemora a delegada titular, Rejane Borro Tiritan.

Segundo ela, as mulheres bauruenses perderam o medo de reclamar contra seus companheiros e principais agressores. “Percebemos que aumentou o número de ameaças e diminuiu o registro de agressões graves. Isso porque, as mulheres aprenderam a reclamar e encontraram apoio na delegacia. Hoje, elas procuram ajuda ao serem ameaçadas, não esperam ser espancadas.”

A conscientização das mulheres, de acordo com Rejane Tiritan é um dos fatores bastante evoluídos na cidade. “As mulheres estão conscientes de seus direitos e deveres. Quando se sentem prejudicadas, procuram ajuda. Mesmo que a situação não seja de responsabilidade da polícia, elas são orientadas e encaminhadas para os órgãos competentes.”

Nos últimos anos, a DDM de Bauru adotou outros métodos de trabalho para conscientizar e orientar as mulheres de Bauru. “No ano passado levamos a delegacia, num trabalho itinerante, para a Ferradura Mirim. Lá atendemos nossa clientela. Muitas que não tinham o Registro Geral (RG) foram cadastradas e já estão portando o documento.”

A delegada garante que a delegacia itinerante, vai continuar a visitar os bairros mais periféricos. “O projeto continua este ano. Queremos ter mais contato com a comunidade e sua realidade.”

Para comemorar os 15 anos da DDM, a titular pretende fazer um vídeo institucional que possa ser exibido em associação de moradores e outros órgãos que atingem a população mais carente. “Queremos mostrar o trabalho efetuado pela delegacia. A comunidade precisa saber o que podemos oferecer.”

Um fouder descrevendo os vários atendimentos feito pela delegacia, também está sendo feito. “No dia 6, aniversário da DDM, vamos distribuir o fouder para a comunidade.”

Luta das mulheres

A Delegacia de Defesa da Mulher nasceu do idealismo de um grupo de bauruenses que acreditava que a ala feminina merecia um atendimento especializado, fora dos padrões das delegacias onde predominavam os funcionários do sexo masculino.

Atender a vítima de violência de maneira mais humana foi a idéia que norteou as idealistas. Em 85, quando foi instalada a primeira DDM de São Paulo, o grupo se incentivou e fundou em Bauru, no ano seguinte, o Centro de Orientação da Mulher (COM), um embrião da delegacia.

O COM oferecia atendimento psicológico, advocatício e psicológico para as vítimas de violência. “O COM foi instalado em um imóvel locado pela prefeitura. Voluntárias de vários setores da sociedade participavam apoiando a mulher vítima. Duas policiais foram designadas para trabalhar no centro.”

Os serviços de encaminhamento para separação judicial e psicológicos eram resolvidos pela equipe. Porém, sem delegada, os casos de agressões continuavam a ser tratados em outras unidades policiais.

O grupo persistiu na idéia e em 87 foi inaugurada a DDM/Bauru. A primeira delegada da DDM foi a Leolar Emília de Souza. Na época ela declarou que acreditava na evolução da delegacia. “Se hoje ela estivesse aqui, eu poderia assegurá-la que a experiência deu certo. Nos dois últimos anos, atendemos mais de oito mil mulheres.”

Em seguida, a delegacia foi assumida pela delegada Cláudia Garmes Armani que ocupou o cargo por quatro anos. Com a transfência da titular para a Capital, a DDM foi assumida pela delegada Renata Golmia. Hoje, a titular é Rejane Borro Tiritan.

Estrutura

A DDM/Bauru está instalada na rua Araújo Leite, 15-49. Trabalha com um corpo de funcionários composto por; três investigadoras, cinco escrivãs e uma delegada. Estagiárias de Direito e Psicologia atendem e encaminham as mulheres que precisam de ajuda psicológica ou judicial.