A “grande peça teatral†para as eleições brasileiras de outubro/2002 já está montada, com os “atores†trabalhando nos bastidores a todo vapor. É intensa a movimentação na seleção dos candidatos, coligações, calendários, propaganda, acordos, recomendações, prévias e outros, envolvendo marqueteiros, candidatos, partidos, mídia, tribunais eleitorais e comunidades, a sociedade civil como um todo.
A respeito, é pertinente a visão de Milton Santos, geógrafo, ex-professor emérito da USP e um dos maiores pensadores brasileiros, em sua matéria “Nação Ativa, Nação Passiva†(Folha, 21/Nov./99), no debate “Brasil 500 d.C.â€, quando alerta sobre os métodos obscuros empregados na luta insana de se atingir o poder: “As noções de destino nacional e de projeto nacional cedem freqüentemente à frente da cena a preocupações menores, pragmáticas e imediatistas, uma vez que os partidos políticos nacionais raramente apresentam plataformas conduzidas por objetivos políticos e sociais claros e que exprimam visões de conjunto, excluindo (ou não incluindo) os verdadeiros agentes do futuro do País, aqueles que se encontram excluídos da contabilidade da globalização.â€
Nesse sentido, é muito interessante a contribuição da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que com: “Eleições 2002 - Propostas para Reflexãoâ€, lançou um documento, apresentado em Bauru pelo CDL (Conselho Diocesano de Leigos), buscando auxiliar e orientar as dioceses, paróquias, comunidades e pastorais sobre a presença e atuação dos católicos na política, conforme matéria da jornalista Patrícia Zamboni (Jornal da Cidade, 25/2/02). Do documento, por sinal muito bem elaborado, destacaríamos: a aplicação da lei n.º 9.840 (contra a corrupção eleitoral); a pesquisa indicando que a maioria dos católicos não deseja que a Igreja intervenha diretamente na política partidária (52); o estímulo para que a escolha do candidato se faça a partir do seu programa, do seu respeito ao pluralismo cultural e religioso, do seu comportamento ético e de suas qualidades (53); a recomendação que os eleitores católicos procurem agir em parceria com movimentos populares, associações de bairros, evitando a dispersão de votos e a identificação da Igreja com um candidato ou um partido (56). É salutar porque propõe a ética na política, e se constitui numa luta buscando contrapor a cultura da simplicidade, a cultura da solidariedade, em síntese, a cultura da esperança à cultura da dominação. (Tito Pereira - CR0/DF-546)