Conta a estória que o escorpião queria atravessar um rio, uma vez que estava encurralado devido a um incêndio que assolava a mata. O calor era intenso, e, desesperado, pois não sabia nadar, andava de um lado para o outro, pensando numa maneira de atravessar aquele espelho d’água, onde encontraria segurança na outra margem.
Subitamente, avistou a tartaruga, que, vilipendiando aquele sinistro, nadava despreocupadamente.
- Tartaruga, me ajude, senão certamente morrerei queimado! - gritou o aflito lacrau.
A tartaruga se condoendo, pensou: “Vou ajudá-lo, pois devido a esta atitude não me fará mal algum.†E nadou até a beirada.
- Escorpião, suba em minha couraça, que te levarei com total segurança à outra margem - respondeu complacentemente o quelônio aquático.
Mais que rapidamente subiu em sua carona, se preparando para aquela temerosa viagem, pois o rio também poderia tragar-lhe a vida. Percebendo isto, a tartaruga procurou confortar-lhe, dizendo:
- Não tenha medo, amigo, nadarei vagarosamente e sem balançar muito.
E assim foi até a outra margem.
Quando o escorpião sentiu a segurança da terra, antes de descer do seu transporte picou-lhe o pescoço com seu agulhão. A tartaruga, desfalecendo, ainda ouviu de seu algoz:
- Desculpe, querida, mas esta é minha natureza e meu caráter!
Caro leitor, se você for uma tartaruga, pense bem antes de ajudar um escorpião, pois o mundo está infestado desses lacraus peçonhentos. Agora, se você for um escorpião, um dia você encontrará um predador a sua altura. Se a carapuça serviu... (Roberval Nunes Jorge - RG: 14.323.026; Priscila Fernanda de M. Jorge - RG: 17.115.941-X)