07 de dezembro de 2025
Articulistas

Os costumes e a urbe

Heraldo Garcia Vitta
| Tempo de leitura: 2 min

A mídia bauruense, com muita razão, vem dando realce ao enorme problema referente aos buracos existentes nas ruas da cidade, desde o centro, passando pelas vias denominadas rápidas, até os bairros mais longínquos. Várias pessoas ficam ao completo abandono, por conta da pavimentação precária da urbe. Recentemente, como divulgou este jornal, uma humilde pessoa, trafegando com sua bicicleta, foi vítima dessas verdadeiras “crateras” incrustadas no seio da via pública.

Sem querermos culpar esta ou aquela administração, é preciso dar um basta no que estamos presenciando. Parece-nos difícil novos empresários investirem numa cidade sem infra-estrutura mínima para o transporte de seus produtos e de seus familiares e empregados. O capital - quando utilizado para a produção - procura locais adequados para desenvolver-se à medida da infra-estrutura oferecida pela cidade.

Os habitantes de Bauru já dirigem em alta velocidade para chegarem seus destinos, situação peculiar de nossos dias, nos grandes centros urbanos. Tornou-se irritante dirigir nesta cidade, pois, a par das precaríssimas condições de nossas vias, paradoxalmente, os motoristas teimam dirigir como se não houvessem logradouros irregulares, buracos e obstáculos nelas.

Temos, também, lombadas (acreditamos) fora dos padrões estabelecidos pelas normas de trânsito; há excesso delas espalhadas pela cidade, e talvez estejam em locais inapropriados ou desnecessários. Para dificultar mais o trânsito, nos cruzamentos das ruas e avenidas, há “corredores” externos, nos leitos das vias, por onde as águas das chuvas escoam. Os donos das oficinas deveriam estar radiantes, devido ao aumento desenfreado de clientes preocupados com seus veículos...

Não há semáforos para os pedestres; estes devem procurar o “melhor momento” para atravessar a “rodovia”, sob pena de serem atropelados pelos veículos que chacoalham pela urbe. Encontramos, ainda, faixas de pedestres apagadas, castigadas pelo tempo: ninguém as vê.

Obras inacabadas (mesmo nos bairros nobres e no centro da cidade), matos nos terrenos baldios, nas praças, nas calçadas e nas ruas, cartazes colocados em imóveis particulares, avisando preços de produtos, e outras situações análogas refletem a nossa cultura.

Precisamos de legislações locais que atentem a todas essas questões, necessitamos do cumprimento das normas de trânsito; conscientização dos donos dos terrenos baldios para o cumprimento das normas edilícias, acaso existentes, cortando o mato e retirando placas e cartazes publicitários; temos urgência num trabalho sério, eficaz, duradouro e, sobretudo, técnico de pavimentação de nossas vias.

Dizia o filósofo grego Aristóteles: “Quanto mais os costumes são bons, mais o governo também o é.” Nossos hábitos podem levar-nos a uma cidade moderna, dinâmica e modelo para outras do mesmo porte. Se o povo começar a trabalhar em prol do bem-comum, do meio ambiente, do visual da cidade; se, de outro lado, a municipalidade conseguir pavimentar as ruas e avenidas, certamente, estaremos diante de um cenário propício para o desenvolvimento de nossos cidadãos. (O autor, Heraldo Garcia Vitta, é presidente e sócio-fundador do Ibadip (Instituto Brasileiro de Direito Público), é juiz federal em Bauru)