13 de dezembro de 2025
Regional

Programa renderá US$ 400 mi a Gavião

Por Murilo Murça de Carvalho | Correspondente JC em Brasília
| Tempo de leitura: 3 min

Gavião Peixoto - O Comando da Aeronáutica confirmou, ontem, que começa em janeiro, em Gavião Peixoto (100 quilômetros a nordeste de Bauru), o programa de modernização pela Embraer de 53 caças-bombardeiros AMX-A1 da Força Aérea Brasileira (FAB). O processo prosseguirá até o ano de 2012 ao custo estimado de US$ 400 milhões e não elimina outro projeto paralelo, o F-X BR, de compra de 12 caças supersônicos, ao custo de US$ 700 milhões e parte do programa de reequipamento da Força, que compreende cerca de 110 a 120 aviões, em duas décadas.

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica confirmou que parte do processo de modernização já foi iniciado, em parceria com tecnologia israelense, para os caças F-5BR de fabricação norte-americana com a preocupação estratégica de promover a capacitação de empresas brasileiras a participarem cada vez mais intensamente no processo de desenvolvimento tecnológico que possa colocar o Brasil no mercado aeroespacial internacional.

O programa de oito anos, no entanto, estará condicionado à disponibilidade de recursos a serem propostos pelo Executivo e aprovados pelo Congresso, ano a ano. O contrato entre a Embraer e a FAB foi revelado pelo jornalista Roberto Godoy, d’O Estado de S. Paulo, ontem, prevendo a conclusão do primeiro esquadrão a voar com os novos dispositivos para os anos de 2007 ou 2008.

Os caças sofrerão modernização com maior participação de tecnologia nacional, como o radar, que será produzido pela Mectron, em São José dos Campos. Os aviões terão também um novo sistema eletrônico de gerenciamento de combate, com capacidade de direcionamento inteligente de bombas por laser e mísseis ar-terra de precisão.

As turbinas Rolls-Royce serão mantidas na impulsão do AMX, caça resultado de uma parceria entre a Embraer, FAB e Aeromachi italiana, com capacidade para transportar 3.800 quilos de bombas, foguetes e mísseis, sendo estes um par de ar-ar Piranha, produzidos pela nacional Avibrás.

Deverá, ainda, ser capacitado a lançar um míssil leve de cruzeiro, também nacional, para cujo projeto e produção ficará a cargo também da Avibrás ou do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA). A Avibrás também está desenvolvendo para a FAB um conjunto de direcionamento de bombas por GPS (com uso de satélite).

Os caças têm capacidade de ataques estratégicos por toda a América do Sul, Caribe e Atlântico Sul, podendo com reabastecimento no ar, como em todos os casos, chegar também a pontos da África.

O projeto faz parte do planejamento estratégico do governo brasileiro que, além de buscar superioridade aérea na região, quer também maior integração com os países vizinhos.

“O Brasil precisa estar preparado para se defender e ter poder de dissuasão, mas não é conveniente, em termos geo-políticos, que venha a exercer uma superioridade excessiva que venha a provocar os vizinhos. Pelo contrário, é intenção do governo brasileiro buscar a integração regional, dentro de um processo de colaboração e co-participação, em que alguns países da América Latina possam fornecer partes para a produção bélica nacional e não só de aviões” - revelou uma fonte do governo.

O líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT), afirmou que defenderá no Congresso a destinação de recursos para o reequipamento das Forças Armadas, não só pelos motivos de segurança nacional e integração latino-americana, como pelas possibilidades de parcerias com outros países, entre os quais África do Sul e Índia.

Para ele, este é um projeto com alta potencialidade de geração de novas tecnologias de uso dual - militar e civil - que pode impulsionar as exportações brasileiras.

A parceria, disse, não exclui os Estados Unidos, uma vez que um consórcio do qual a Embraer faz parte ganhou concorrência de US$ 7 bilhões para fornecimento de jatos voltados para reconhecimento, interceptação de informações e atividades de inteligência.