Dentre as cidades da região, Pederneiras (26 quilômetros a leste de Bauru) é uma das que apresenta maior índice de criminalidade. Com cerca de 40 mil habitantes, o município registrou no ano passado seis homicídios, 56 roubos e 925 casos de furtos.
Um plano conjunto das polícias Civil e Militar, colocado em prática no ano passado, conteve a escalada da criminalidade, acredita o delegado titular, Márcio José Alves.
Mas os furtos ainda sção motivos de preocupação da polícia. “Em 2002, os furtos totalizaram 720. No ano seguinte saltou para 825, um aumento de 14%. De 2003 para 2004 foram 925 casos, um aumento de 12%”, disse Alves.
Para ele, as vítimas de furtos cooperam com a ocorrência do crime. “Portas deixadas só encostada, portão aberto, casas sem muro são algumas das situações que facilitam os furtos.”
Os furtos ocorrem, segundo ele, no período noturno, a maioria em residências localizadas na periferia. Os objetos preferidos pelos ladrões são eletroeletrônicos de pequeno porte, fáceis de carregar como secador de cabelos, ventilador, aparelho de CD em veículos.
Em muitos dos casos, frisa Alves, o ladrão revira a residência em busca de dinheiro. “Eles furtam mantimentos e reviram a casa em busca de dinheiro e raramente encontram.”
Segundo o delegado titular da cidade de Pederneiras, Márcio José Alves, desde a metade do ano passado, as polícias Civil e Militar decretaram guerra aos autores de furtos. “Todas as ocorrências registradas na delegacia têm o período em o crime ocorreu e em que localidade.”
Com base nessas informações, a cidade foi mapeada. “Nós discutimos e intensificamos o policiamento preventivo para aquele determinado local e horário, evitando ou inibindo a ocorrência de furtos.”
As informações contidas em boletins de ocorrência e esclarecimentos dos crimes de furtos constatam ainda que em 20% dos casos, os autores são adolescentes.
Instrumento de trabalho vira arma de crime
Os crimes de homicídios ocorridos em Pederneiras apresentam, em sua maioria, uma diferença, em relação a grande parte dos crimes cometidos. São praticados com armas brancas, ou seja, facas, fações e foices. “É uma população formada de muitos trabalhadores da lavoura. Eles usam como armas, os instrumentos de trabalho.”
Os motivos dos assassinatos não variam muito. “São crimes passionais ou desentendimento ocorridos entre trabalhadores rurais que aguardam uma oportunidade para acerto de contas.”
Os crimes nem sempre acontecem no local de trabalho. “Eles brigam durante o período de trabalho e depois se encontram em bares, no fim da tarde e acertam contas.”
O perfil das vítimas e dos autores dos crimes contra a vida são muito semelhantes. “São homens com idade entre 25 e 30 anos”. Os crimes ocorrem no período noturno e são praticados, em sua maioria por uma população flutuante. “São cortadores de cana que chegam de todas as regiões do País.”
Grande parte dos crimes contra a vida registrados em Pederneiras está esclarecidos. “Alguns autores se entregam. São pessoas simples. O último homicídio, crime passional, o autor se entregou. Quando o homicida é cortador de cana, geralmente se entrega, mas há casos em que eles deixam a cidade.”