11 de julho de 2025
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Cultura

Pagode ganha espaço em Bauru

Thaís da Silveira
| Tempo de leitura: 3 min

Quem freqüenta a noite bauruense provavelmente já notou que o pagode e o samba ganharam, recentemente, bastante espaço nos bares da cidade. O que antes era um estilo musical considerado discriminado por suas origens suburbanas, agora é alvo do público universitário de Bauru, por exemplo.

“Há um ano e pouco, o rock estava dominando o cenário musical de Bauru. Hoje, o pagode acabou tomando grande espaço na cidade. Foi um estouro. Virou moda. O pagode dominou muitas casas de Bauru”, enfatiza o fotógrafo André Duarte, responsável pelo site Bauru na Balada (www.baurunabalada.com.br) e, portanto, freqüentador assíduo de diferentes bares da cidade.

Ele afirma que não é “pagodeiro”, mas reconhece que há grupos de pagode bons na cidade. “Tem bandas boas fazendo bom som. As casas e bandas de pagode de Bauru estão em um nível bom. E acabou aquele negócio de que pagodeiro é pobre. Tem estudantes e uma galera bonita freqüentando essas casas”, frisa o fotógrafo.

A estudante Flávia Queiroz, 20 anos, é fã assumida de pagode. “Eu sempre gostei. Eu cresci ouvindo isso, porque a minha família sempre ouviu”, revela.

Ela destaca que o estilo virou moda na cidade. “Antes, era muito difícil encontrar lugar para ouvir esse tipo de música. Agora, aumentou bastante. Mas nem todos os lugares têm pagode de qualidade”, ressalva.

Flávia acredita que a discriminação diminuiu. “Eu acho que as pessoas ainda têm preconceito. Mas está melhorando um pouco”, avalia.

O pagode, entretanto, não está em alta apenas nos bares e casas noturnas. Também está presente na maioria das “festas de república” (universitárias) realizadas em Bauru. “Eu sempre gostei de pagode, mas na faculdade estou freqüentando mais”, diz Viviana Martins Goto, estudante de educação física da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Ela diz que há, inclusive, universitários que se reuniram e formaram grupos de pagode para tocar informalmente em festas e churrascos. “É um estilo bem legal. É descontraído e as músicas são alegres. Eles tocam músicas conhecidas como do Revelação e do Exaltasamba”, conta a estudante.

Roteiro

A Cervejaria dos Monges é um dos estabelecimentos que aderiu ao estilo e incluiu grupos que tocam pagode ao vivo em sua programação. De acordo com Ronaldo Silva, responsável pelos eventos, houve demanda, mas ainda não há um dia fixo para esse tipo de programação na casa.

“A gente se baseia no pessoal jovem e nos estudantes. Nosso público pediu pagode porque a casa sempre faz festas com música eletrônica e rock. Nos últimos meses, realmente o pagode e o samba foram os grandes pedidos do público”, afirma.

O Bar do Marcão, localizado no Centro, também é referência para quem gosta do ritmo. “Os jovens gostam muito de pagode. A gente tem um bom público. A casa está sempre cheia quando os grupos tocam. Não sai briga; nunca tive problema nenhum”, diz José Marcos Custódio, o Marcão, que contrata as bandas aos domingos.

Até restaurantes estão entrando na onda. É o caso do restaurante Marinheiro, que tem pagode geralmente aos sábados. “Está dando bom resultado”, revela João Ignácio, proprietário do estabelecimento.

Carlos Eduardo Reis D’Oliveira, proprietário do Indústria Brasileira, abraçou a causa. “Primeiro, adotamos por ser brasileiro, relacionado ao nome da casa. A gente quis dar um diferencial. Estava faltando um espaço para samba de qualidade em Bauru. A cidade estava carente disso”, acredita.

“Havia um certo preconceito, mas agora é moda. A maioria das festas que eu faço aqui são com samba ou pagode, porque eles pedem. Os próprios universitários têm escolhido. Tem sido uma preferência”, frisa Carlos, que contrata grupos de Bauru e de outras cidades do Interior paulista para tocar no bar – geralmente às quintas-feiras e sábados.