15 de dezembro de 2025
Turismo

Eu estive lá: Bariloche à Ushuaia (José Maria Estevam)

Eliane Barbosa
| Tempo de leitura: 5 min

A família Estevam (José Maria, Diogo, Daniel e Danilo) partiu dia 10 de fevereiro de Bariloche rumo a Sarmiento pela Rota 40, viajando de Perito Moreno até El Calafate-AR, contornando as margens sul dos lagos General Carrera-CH e Buenos Aires.

O primeiro trecho da rodovia, de mais ou menos 120 quilômetros, entre Bariloche-AR e El Bolsón-AR, em asfalto, é encantador, com rios, lagos, montanhas e montanhas com neve nos picos. São cenários dignos de incontáveis cartões postais.

Os restantes 536 quilômetros até Sarmiento-AR, embora em asfalto, foram superados com alguma dificuldade. Entre El Bolsón e Sarmiento existem raros postos de abastecimento “Em razão de uma grande festa tivemos que prosseguir por mais cerca de 148 quilômetros, para pernoitarmos em Comodoro Rivadávia (Comodoro Hotel, diária de 220,00 (para os quatro)”, relata José Maria.

No dia seguinte, animados, retornaram ao asfalto da Rota 3 para pernoitar em Rio Gallegos - última cidade antes de Ushuaia-AR, cidade mais austral do mundo.

Não existem pedágios e o asfalto é de razoável qualidade, apesar do vento.

Depois de uma rápida visita aos Bosques Petrificados e ao museu anexo e uma tranqüila noite de sono, seguiram viagem rumo a Ushuaia-AR, passando por trajetos de terra.

“Você fica obrigado a entrar no Chile por Monte Aymond (duas aduanas), atravessar o Estreito de Magalhães (Foto 151), seguir até San Sebastian-CH e, depois de mais duas aduanas, prosseguir na Rota 3 pela “Isla Grande de Tierra del Fuego”, até Ushuaia-AR. É um trecho pequeno, mas cansativo em razão da burocracia dessas aduanas”, relembra José Maria.

“No cair da tarde, um maravilhoso espetáculo de capricho da natureza, depois de um trecho relativamente sinuoso, pudemos avistar Ushuaia”, descreve.

A família hospedou-se no Reades Apart Hotel, Gobernador Paz 871 (duas quadras da Saint Martin, principal do comércio), pagando R$ 439,00 pelas três diárias para quatro pessoas e saiu para conhecer a famosa rua central, Calle San Martin e seus outros pontos turísticos mais importantes: o Parque Nacional Tierra del Fogo com passeio pelo Ferrocarril Austral, Fueguino, navegação da catamarã pelas Islas Bridges, Isla de los Pássaros e Farol de Fin del Mondo, este rodeado de pequenas ilhas com animais marinhos, e, Museus “Del Fin del Mundo” e do “Presídio del Ushuaia”.

Vento e frio

Apesar do dia seguinte, ensolarado, o vento ainda forte produzia uma sensação térmica próxima dos 3ºC. “Logo acessamos a Rota Nacional 3 com destino ao Parque Nacional Tierra del Fuego, até atingirmos os deques fronteiriços à Bahia Lapataia, distantes aproximadamente 18 quilômetros do centro da cidade, na prática, final da rodovia”, conta José Maria.

Essa reserva abriga inúmeras espécies de aves, dentre elas patos, pica-paus e gansos. Com sorte pode-se avistar guanacos, raposas e lontras. E observar sobre o deques que margeiam a Bahia Lapatais o contraste do verde das montanhas com o azul e verde das águas da baía, tudo em tons variados. O parque oferece trilhas suaves, sendo a mais procurada a Senda Costera.

Depois disso, a família retornou à cidade e visitou o Museu del Fin del Mundo e as avenidas San Martin e Maipu (à margem do Canal de Beagles), com arquitetura predominantemente em madeira; a Câmara de Turismo de Ushuaia e o Centro de Exposiciones Antigua Casa Beban, edificação delicada que lembra casinhas adornando árvores de Natal.

Por volta das 17h, os Estevam retornaram ao Parque Nacional Tierra del Fuego, onde está localizada a Estação do Ferrocarril Austral Fueguino, de onde parte um trenzinho de cores vivas percorrendo um percurso de 14 quilômetros com parada na Estação Macarena, para visita a lugares extremamente pitorescos, com destaque para uma cachoeira com águas cristalinas e geladas.

No percurso, além da natureza, pode-se apreciar também os animais soltos, em especial cavalos muito bonitos, adornando um rio que insiste em seguir os trilhos da composição.

“No dia seguinte, 14 de fevereiro, visitamos o Museu do Presídio (atualmente conhecido como Museo Ex Presídio- Museo Marítimo). Com formato semelhante a metade de uma estrela, foi edificado entre 1902 e 1920 para abrigar presos reincidentes ou condenados com penas elevadas ou perpétuas. Existem notícias de presos políticos naquele local”, diz José Maria.

A existência do presídio está intimamente ligada ao Tren del Fin del Mondo, construído inicialmente para levar os presos até os bosques distantes, hoje o Parque Nacional “Tierra del Fuego”, para o corte de lenha para “industrialização” (fabricação de móveis etc.) e calefação.

O Museo Ex Presídio - Museo Marítimo tem pavilhões muito bem conservados, abriga peças antigas da Marinha Argentina e material dos presos, assim como um considerável e interessante acervo sobre a guerra das Malvinas, além de um pavilhão mantido em estado original para visitas.

Dali, depois de uma rápida refeição no Mustáquio, fomos direto para o embarque no Catamarã, com destino a várias atrações do Canal de Beagle. Aportaram na Islas Bridges, conhecendo a vegetação local e algumas variedades de pássaros.

“O interessante é que, até o final do trajeto, o Farol do Fim do Mundo, fomos acompanhamos por esses graciosos habitantes da água salgada, que faziam exibições e gritavam como se desejassem conversar conosco. Habituados às embarcações, se aproximavam bastante”, relata José Maria.

O passeio, que teve início às 15h, terminou por volta das 19h, com um custo aproximado de R$ 250,00 para os quatro, sendo que os participantes receberam um “Certificado de Buen Navegante”, por haver navegado las águas del Canal Beagle, Tierra de Fuego, Patagônia Argentina (CR-2).

Seguiu-se mais um jantar e o merecido descanso, já que, no dia seguinte, 15 de fevereiro, estariam saindo de Ushuaia para Puerto Natales e Torres del Paine no Chile, dentro da rota estabelecida para o retorno ao Brasil.