15 de dezembro de 2025
Auto Mercado

Dr. Automóvel: Sistema de injeção eletrônica precisa de manutenção


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Comparados com os antigos carburadores, os sistemas de injeção atuais são tão confiáveis que parece que não precisam de manutenção. Mas precisam sim.

Por serem muito sensíveis, pois detectam as variações mínimas de solicitações do motor e corrigem a mistura e avanço a cada fração de segundos para permitir a queima ideal para cada situação, precisam estar sempre bem calibrados, limpos e regulados.

Um sistema de injeção (existem vários, de diversos fabricantes e modelos para cada motor), é composto de elementos e sensores que medem o volume de ar que passa pelo corpo de borboleta, o volume de combustível a ser injetado pelos bicos, sensor de oxigênio no escapamento (sonda lambda) para regular a mistura e muitos outros sistemas eletroeletrônicos de acionamento e controle. Em nada disso se mexe sem um scanner e muito treinamento operacional, que só se encontra em boas oficinas especializadas. Onde podemos nós, então, atuar impunemente na manutenção caseira? Aí vão as dicas:

• Manter os filtros de ar e de combustível limpos e substituí-los nos períodos recomendados pelo manual do fabricante ou em caso de necessidade;

• Usar combustível de boa procedência, para evitar borras e danos ao sistema e ao motor;

• Verificar sempre o estado de cabos, conectores e chicotes com relação a mau contato, oxidação ou umidade. Como o sistema é muito sensível, uma leitura errada poderá dar uma resposta errada, fazendo com que o motor se desregule e consuma mais, perdendo desempenho;

• Não use pouco combustível no tanque, evite rodar até a reserva. Como a sujeira eventualmente contida no combustível é mais pesada, esta se deposita no fundo do tanque. Com o pouco combustível na reserva, poderemos estar aspirando muita sujeira que irá entupir os filtros e bomba;

• Nunca deixe o tanque secar completamente, pois poderá forçar a bomba de combustível (que rodará sem carga), podendo queimá-la. Aliás, de todos os equipamentos do sistema de injeção, um dos poucos que não tem backup é a bomba de combustível. Se ela pifar, o motor pára mesmo, além de que ela é bem carinha...;

• O sistema de injeção depende da bateria para seu funcionamento. Funciona até uma voltagem mínima de 8 volts, abaixo disso pára de funcionar. Portanto, se tiver problemas de bateria arriada, não adianta tentar fazer o carro pegar no tranco, empurrando-o sem tensão na bateria, o motor conseqüentemente não será alimentado e não pegará de jeito nenhum, mesmo que atinja uma velocidade razoável na descida. É aconselhável fazer uma chupeta na bateria ou guinchar o carro.

O sistema de injeção tem vontade própria, independentemente do motorista. Ele se auto-regula, se auto-avalia sistematicamente e toma decisões sem perguntar nada a você, mas ele sabe o que faz.

Em caso de pane no sistema ou falha de leitura em algum sensor, ele se auto-ajusta no modo de emergência, um mapeamento padrão que permitirá que continue rodando e chegue em casa ou em uma oficina em segurança. Em resumo, não nos deixa na mão no meio da rua.

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CORREIO TÉCNICO

O catalisador do meu Astra GLS 2.0 2001 bateu em uma lombada e quebrou por dentro, amassando toda a carcaça por fora. Na oficina me informaram que não dá conserto, mas que pode ser eliminado, pois o original é muito caro. Isso está certo isso? Posso fazer?

Felipe S. dos Santos - Bauru

Caro Felipe, catalisador é importantíssimo no controle de emissões. O problema é que o governo exige que os carros saiam de fábrica atendendo à normas exigentes de emissões, mas depois não fazem o controle da frota. Realmente os catalisadores são caros pois tem um elemento cerâmico interno (o dito catalisador) composto de metais caros e raros. Quando este se quebra, precisa ser trocado mesmo, e é caro. A consciência e a cidadania nos dizem para não poluir, mas para algumas pessoas o bolso fala mais alto. Daí que se colocam carcaças de catalisadores vazias (para enganar o guarda ou fiscal) ou simplesmente colocam um tubo liso no lugar. Nenhum destes carros passaria pela vistoria técnica de emissões. Vai de cabeça e da educação de cada um. Eu recomendo sempre que sejamos honestos, mesmo que ninguém esteja vendo.

Sugestões para a coluna e perguntas à seção Correio Técnico devem ser enviadas ao e-mail automerc@jcnet.com.br ou à redação do Jornal da Cidade, na rua Xingu, 4-44, Higienópolis. É obrigatório informar nome completo, RG, endereço e contato (telefone ou e-mail).

* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e assina uma coluna na revista Quatro Rodas Nitro. Seu site é www.marcoscamerini.com.br.