Presidente Prudente - Três advogados acusados de atuar como colaboradores do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram presos ontem em São Paulo, numa ação coordenada por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Eles são acusados de intermediar rebeliões, fornecer celulares e movimentar dinheiro para a facção criminosa.
Os advogados presos são: Libânia Catarina Fernandes Costa, 26 anos, Valéria Dammous, 41 anos, e Eduardo Diamante, 33 anos. A detenção é temporária e vale por cinco dias, como determinou a juíza do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) Luciana Vieira, a pedido do Gaeco.
Outro advogado foi preso em Mauá, mas não há indícios de ligação com o PCC.
A polícia não permitiu o acesso aos presos e, até a conclusão desta edição, nenhum advogado havia se apresentado para defendê-los. Costa foi presa na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de São Paulo). Recebeu voz de prisão por volta das 9h30, enquanto se despedia de Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola. Julinho Carambola é considerado o principal aliado de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC.
Ontem, ela também havia agendado visita com outros membros do primeiro escalão do PCC, como Orlando Motta Júnior, o Macarrão, Valdecir Alves dos Santos, o Colorido, e Roberto Soriano, o Beto Tiriça. Dammous e Diamante foram detidos em Presidente Prudente, em casa e no escritório, respectivamente. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Presidente Prudente, João Emílio Zolla Jr., acompanhou as prisões.
Na casa de Valéria Dammous, os policiais apreenderam 200 gramas de maconha e dois computadores. Ela negou a posse da droga, segundo a polícia. No escritório de Diamante, os policiais apreenderam documentos e um computador.
Atuação
Costa, conforme os promotores, foi contratada “tão somente para a tarefa de transmissão de ordens da facção, proporcionando a sua atuação direta em várias penitenciárias, bem como a movimentação financeira de importantes líderes do PCC”. Dammous, também segundo nota do Gaeco, estaria “intermediando a realização de rebeliões por parte do PCC no Estado”. É acusada ainda de sugerir a destruição de penitenciárias federais ainda em construção. Diamante, segundo o Gaeco, “recebia e cumpria ordens” para comprar celulares e colocá-los nas prisões para o PCC.
O nome de Valéria Dammous fazia parte da lista de 33 advogados que, segundo a CPI do Tráfico de Armas, tinham alguma ligação com o PCC. A lista foi encaminhada à OAB.
Já em Mauá, um advogado foi preso no Centro de Detenção Provisória sob suspeita de ter entregue seis telefones celulares a detentos anteontem. Segundo a polícia, o advogado Nelson Roberto Vinha, 57 anos, e três detentos, cujos nomes não foram divulgados, foram autuados por formação de quadrilha, facilitação de fuga e estelionato (um dos celulares era clonado). Vinha nega as acusações.
O presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D”Urso, disse que todo os casos que envolvem advogados em atitudes suspeitas são encaminhados para investigação no Tribunal de Ética da Ordem.