No Rio de Janeiro, ao pagar a corrida de táxi, o taxista fez uma advertência:
- Cliente bom é aquele que dá um ajuda para trocar a bengala...
- Usa bengala?
- A bengala do carro - disse, mostrando-me o câmbio.
No Recife, no restaurante “Buraco de Otília”, quero saber qual o cardápio do dia.
- Galinha de cabidela, guisado de mocó, marisco com coco, arroz e gelo...
- E para beber?
- Temos pitu, chora-na-rampa e cabrobó...
Sou mineiro. E para o mineiro legítimo, tudo é “trem”.
- Já lavei os trens de cozinha só falta enxugar...
Ao verem uma mulher bonita:
- Que trem bão siô!...
Tais fatos ocorrem-me à memória ao pensar em nossa seleção “brasileira”... Dos 23 jogadores, apenas três jogam no Brasil. Um deles, o “Mineiro” nem foi apresentado...
Dir-me-ão: “são jogadores fora-se-série, os melhores do mundo”... É, até certo ponto, verdade. Por outro lado, absorveram todo o modo de ser e de jogar dos europeus. Dos 23 jogadores, 20 estão fora do país. Pergunto: por que o técnico da seleção permaneceu aqui, tão distante dos jogadores? Por que não foi também acompanhá-los lá na Europa? Profissionais de reconhecido mérito confirmam o que milhão de brasileiros já sabiam: um dos jogadores apresentou-se pesando 95 quilos e... com lesão no joelho esquerdo... Mas jogou todos os jogos... E mesmo falando aos que entendem mais do que eu de futebol: para ganhar da Croácia, do Japão, da Austrália, não bastaria um combinado São Paulo, Cruzeiro, Internacional?! Ou qualquer seleção composta por jogadores que atuam no Brasil? Para dizer a verdade, nem sei qual a classificação da “melhor seleção do mundo”! De 1982, ficou a imagem do dr. Sócrates dizendo “foi uma pena”. Da 1990, o tiro-de-meta de Baggio, ao cobrar uma penalidade máxima... De 2006, a imagem grotesca, displicente, do jogador Roberto Carlos, deitado sobre a grama como se estivesse em uma praia... E onde se encontram os jogadores de nossa seleção? Em suas casa, juntamente com seus familiares, na Europa! Que trem mais esquisito, siô!!!
Álvaro Baptista Pontes - A.P.I. 2131