Às vezes penso se nossas maiores mazelas seriam simples problemas de semântica, pois que a sociedade tem abusado do eufemismo para definir situações dantescas. A começar por Lula - e sua escumalha - que ao longo de anos disse que os companheiros “haviam errado”, ao invés assumir que cometeram crimes. Jovens violentos, bárbaros assassinos e cruéis estupradores são definidos por meros “infratores”, como se fossem incautos motoristas. Dramas graves do cotidiano são sempre minimizados por explicações nada convincentes. Dois terços do Congresso Nacional é ocupado por bandidos e, sem nos abalar, chamamos isso de democracia. Direitos são violados aos olhos impassíveis da maioria da população. Segurança, educação, saúde, meio ambiente e transportes seguem num ritmo franco à bancarrota.
Não consigo encontrar uma lógica tangível, já que essa conduta entorpece nossos sentidos, tornando-nos mais tolerantes e receptivos aos crimes de toda espécie. Estamos dando mostras de como fazer uma sociedade perder seu sentido republicano, o qual raras vezes esteve presente na índole do brasileiro. Seria fruto de nosso passado colonial de degredo e prostituição? Certamente, esse cruzamento não poderia dar boa coisa.
Tudo bem que começamos errados, mas será que nem mesmo conseguiríamos aprender com os modelos de sucesso que existem por aí? Desde o tempo das avós que ouvimos que o Brasil é o país do futuro, mas há algo errado nesse relógio cronológico: ou o futuro não chega, ou o país não avança. Precisamos reverter esse processo, ainda que medidas muito drásticas precisem ser adotadas. Não há escolha. Até lá, torçamos para não sermos vítimas de infrações ou erros de outros.
Ivan Garcia Goffi