20 de dezembro de 2025
Regional

DIG de Araçatuba detém 3 envolvidos na morte do filho de prefeito de Tupã

Por Roberto Alexandre | Da Folha da Região, de Araçatuba, especial para o JC
| Tempo de leitura: 5 min

Araçatuba - Uma operação desencadeada ontem pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Araçatuba resultou na prisão de três dos quatro envolvidos na morte do engenheiro agrônomo Vinícius Assad Gonçalves, 25 anos.

O crime aconteceu na madrugada do último sábado, no quilômetro um da estrada vicinal Nametala Rezek (prolongamento da avenida da Saudade), altura do bairro Ouro Preto. O rapaz era filho do prefeito de Tupã, Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB). A polícia também apreendeu dois revólveres e quatro capuzes utilizados no crime. As armas foram encontradas na casa de um outro rapaz, que também foi preso.

De acordo com o que a polícia apurou, o crime contou com a participação de dois menores de 17 anos e dois maiores: Glayson Ricardo Besson Marques, 23 anos, e Gabriel Dantas de Azevedo, 19 anos. Um dos adolescentes continua sendo procurado. Ele estaria com um outro revólver 357, utilizado na ação criminosa.

O assassinato do engenheiro chocou a população de Araçatuba e causou imensa comoção em Tupã, onde mora a família da vítima.

Gonçalves foi morto com um tiro nas costas, ao tentar fugir dos acusados que montaram uma barreira para assaltar carros que passavam pela estrada vicinal.

No momento do crime, o engenheiro chegava em Araçatuba com a namorada, que mora em Bilac. Os dois ocupavam um Gol, com placas de Tupã. De sexta-feira para sábado chovia na região e a estrada, que liga Araçatuba à rodovia Elyeser Montenegro Magalhães (SP-463), estava quase deserta.

Ao se aproximar do perímetro urbano, o casal deparou com uma barricada na estrada, feita com um latão e sacos de lixo. Gonçalves conseguiu desviar e seguiu por cerca de 200 metros. Imaginando que aqueles obstáculos pudessem causar algum acidente, o engenheiro resolveu voltar.

Ele manobrou o carro e seguiu na pista contrária a que vinha até chegar bem perto da barricada. De acordo com o que a namorada disse à polícia, ele pretendia empurrar o latão e os sacos de lixo com o pára-choque do próprio carro. Foi nesse momento que os criminosos apareceram. Os acusados estavam escondidos em um matagal, às margens da estrada vicinal.

Armados e encapuzados, os assaltantes anunciaram o roubo. Assustado, Gonçalves acelerou o carro. Logo depois, os acusados dispararam contra o veículo. Um dos tiros acertou o pára-brisa do Gol. Os outros atingiram as laterais direita e esquerda do carro.

Um dos projéteis transfixou o vidro lateral traseiro do lado do motorista e acabou acertando as costas do engenheiro. Ele ainda dirigiu por cerca de 800 metros até parar o carro. A namorada do engenheiro telefonou para a polícia. A vítima morreu no local.

Os acusados disseram que fugiram pelo pasto, depois de disparar contra o carro. Em interrogatório, eles alegaram que souberam da morte do engenheiro apenas no dia seguinte.

A DIG passou o final de semana investigando o caso e conseguiu apurar que havia um rapaz de São Paulo morando no bairro Lago Azul, perto de onde o crime aconteceu. Como havia a informação de que ele era foragido da polícia e que já havia cumprido pena na Capital por diversos crimes, passou a ser um dos principais suspeitos de envolvimento no crime.

Os investigadores apuraram que o nome do rapaz era Glayson Ricardo Besson Marques e que ele ficava na casa de um conhecido, na rua Albino Consolaro. Os policiais fizeram um levantamento das pessoas com quem Marques mantinha contato e, a partir daí, montaram a operação, deflagrada na madrugada de ontem. A ação policial foi coordenada pelo delegado Rodolfo Carlos de Oliveira.

Os acusados foram surpreendidos quando ainda dormiam. No começo, eles negaram envolvimento no caso, mas depois acabaram admitindo participação no crime e até confessaram onde dois revólveres estavam escondidos.

As armas foram encontradas na rua Sebastião Webber Arantes, na casa de Anderson Barbosa de Novaes, 19 anos, conhecido como Dida, e que foi autuado em flagrante. Os revólveres e os capuzes estavam escondidos embaixo de uma gaveta do guarda-roupa do quarto de Novaes.

Na delegacia, um passou a acusar o outro de ter efetuado os disparos. A polícia realizou ontem mesmo a reconstituição do crime, de acordo com a versão de cada um dos envolvidos. Eles foram levados até o local do assassinato, onde contaram como havia sido esquematizado o crime.

De acordo com o que os acusados relataram, a idéia era assaltar qualquer pessoa que passasse de carro pelo local. Ninguém admitiu ser o responsável pelo plano, mas a polícia acredita que Marques tenha sido o mentor da ação criminosa.

O adolescente seria encaminhado ontem mesmo para a Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem). Os outros três presos seriam levados para penitenciárias da região.

O comando da Polícia Civil realizou uma entrevista coletiva à imprensa no final da manhã de ontem para falar sobre a prisão dos envolvidos.

O delegado seccional, Ely Vieira de Faria, disse que a polícia se empenhou ao máximo para esclarecer o caso. “Foi um trabalho exemplar”. De acordo com ele, todos os casos de grande repercussão ocorridos em Araçatuba foram esclarecidos.

O delegado Jaime José da Silva, que também participou das investigações, acredita que a idéia de montar uma barricada na estrada e a reação de atirar no carro já em fuga tenham partido de Marques, que até então morava em São Paulo. “Isso é comum nos grandes centros e não aqui no Interior”.