Representar a variedade rítmica de Raul Seixas é a proposta da banda Monte de Bossa, que encerra hoje à noite o especial “Toca Raul”, no Serviço Social do Comércio (Sesc), a partir das 21h. Nas duas últimas semanas, a unidade recebe Os Patrões e a banda Vambora com suas interpretações dos clássicos do “maldito” ícone do rock nacional.
Na trajetória da Monte de Bossa, os integrantes sempre buscaram dar sua visão e seu tempero a canções bem selecionadas de compositores nacionais de todos os gêneros – de Cartola, Chico Buarque e Tom Zé a Zeca Baleiro e Nando Reis. O exercício da releitura foi ainda mais explorado para o musical “Eller”, que o grupo produziu no ano passado com canções de toda a trajetória de Cássia Eleer e que teve, inclusive, participação da percussionista Lanlan, que acompanhou Cássia por muitos anos.
Para o tecladista Ronaldo Diegoli, a variedade rítmica é uma marca na carreira de Raul. “Ritmos como bolero, salsa, xote e blues ganham arranjos suaves, com um leve toque de psicodelismo caracterizado por instrumentos que vão do acordeom ao sintetizador. Não é à toa que os músicos que o acompanhavam nos palcos e gravações foram considerados os melhores e mais arrojados da época”, comenta, no material de divulgação da banda.
“Representar Raul Seixas será um marco em nossa carreira”, diz o vocalista do Monte de Bossa, João Paulo, também responsável pelos violões e percussão. A banda conta ainda com os músicos Marcelo Miranda (baixo), Leandro Trípodi (guitarra), André Fonseca (violões), Paulo Almeida (bateria e percussão) e Adílio Nascimento (cavaco e percussão).
No repertório de Raul escolhido pelo Monte de Bossa para a noite de hoje, estão as canções “Fim de Mês”, “Os Números”, “As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor”, “Maluco Beleza”, “Metamorfose Ambulante” e “Gita”.
E o Monte de Bossa tem mais projetos. Após a apresentação de hoje, os músicos entram em estúdio para a gravação de seu primeiro CD autoral, com produção de Lanlan e do baixista Fernando Nunes, também ex-integrante do grupo de Cássia Eller e que atualmente toca na banda de Zeca Baleiro. O material compilará músicas próprias e algumas regravações. No segundo semestre, a banda tem várias apresentações agendadas em cidades do Interior e Capital.
Nascido em Salvador em 28 de junho de 1945, Raul Santos Seixas encantou-se primeiramente com o sucesso de Luiz Gonzaga, para depois entregar-se ao rock, em função do talento de Elvis Presley. Junto com amigos, montou sua primeira banda, Os Relâmpagos do Rock, depois rebatizada de The Panthers e, por último, Raulzito e Os Panteras. O primeiro disco foi gravado em 1967, no Rio, e foi um fracasso.
No início da década de 1970, Raul participou da produção de diversos artistas da jovem guarda, mas acabou se rebelando para gravar o disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”. Em 1972, a participação em um Festival da Canção da Rede Globo deu projeção nacional ao músico. Em 1973, Raul gravou “Krig-Há, Bandolo!”, que marcou seu sucesso e estabeleceu a parceria com Paulo Coelho.
A partir daí, nasceram sucessos como “Gita”, “Sociedade Alternativa”, “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”, “O Dia em que a Terra Parou”, “Ouro de Tolo”, “Medo da Chuva”, “Metamorfose Ambulante”, “Tente Outra Vez”, “Trem das Sete”, “Maluco Beleza”, entremeados por momentos de desilusão, rejeição de gravadoras, consumo excessivo de álcool e constantes internações para desintoxicação.
Vítima de uma parada cardíaca e pancreatite, Raul morreu no dia 21 de agosto de 1989, dois dias depois do lançamento de “A Panela do Diabo”, disco gravado com Marcelo Nova que vendeu mais de 1 milhão de cópias.
Serviço
Monte de Bossa encerra o especial “Toca Raul” hoje, às 21h, na área de convivência do Sesc. Ingressos a R$ 8,00, R$ 4,00 (usuários inscritos, estudantes com comprovante, professores da rede pública e maiores de 60 anos) e R$ 2,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). O Sesc fica na avenida Aureliano Cardia, 6-71. Mais informações pelo telefone (14) 3235-1751.