Diz a lenda que o Vale do Silício, um dos mais importantes pólos industriais do mundo, nasceu em uma garagem nos Estados Unidos. Talvez esse seja um dos exemplos mais emblemáticos das transformações pelas quais passam parte das empresas. Elas nascem de forma humilde, mas com o tempo ganham corpo, clientes e muito dinheiro. Em Bauru, boa parte das 15 mil empresas que existem atualmente iniciou suas atividades dentro de uma casa ou em espaços bem reduzidos. A origem modesta não foi obstáculo para que algumas dessas empresas se tornassem famosas e continuem conquistando consumidores dentro do Estado, no Brasil e no mundo.
O Grupo NP, hoje a maior fonte geradora de empregos de Bauru com cerca de 3,1 mil funcionários, começou dentro de uma sala minúscula em 1998. Quase dez anos depois, a empresa montada pelo advogado, contador e administrador de empresas Nelson Paschoalotto, com a ajuda de outros dois advogados, conseguiu abrir 18 filiais em 14 Estados brasileiros e possui 160 clientes em todo o Brasil. O prédio de cinco andares, inaugurado recentemente, já está ficando pequeno.
Outra grande empresa bauruense que ganhou projeção nacional e até internacional é a Editora Alto Astral. Quem vê hoje o prédio novo da editora e as modernas instalações, onde são editadas as revistas, não imagina que tudo começou em um cômodo da casa do astrólogo João Carlos de Almeida, o João Bidu, há mais de 20 anos.
Enquanto João Bidu fazia o horóscopo em sua casa, o parceiro Pedro José Chiquito redigia as simpatias na casa dele. Trabalharam desta forma durante quatro meses. Em agosto de 1986, ambos decidiram alugar uma sala no Edifício Clemente de Faria, na rua Primeiro de Agosto, esquina com a Rio Branco. De lá, foram para uma casa na rua Sete de Setembro e não pararam mais de crescer.
Hoje, editam 25 revistas periódicas, além das especiais, que são lançadas ocasionalmente. De acordo com João Bidu, a editora coloca nas bancas cerca de 3,5 milhões de revistas todos os meses. Uma parte desses exemplares é vendida em Portugal. A empresa conta atualmente com 250 funcionários, o que inclui estagiários e temporários.
João Bidu lembra que, no início, a empresa tinha tão pouca gente que precisaram recorrer a um trabalhador mirim para “engrossar” a foto para uma matéria sobre a editora em 1987. Segundo João Bidu, não existe uma fórmula pronta e acabada para o sucesso. Para que isso ocorra é preciso que haja a combinação de uma série de fatores, como inspiração, perseverança e sorte.
Momento certo
O momento também pode contar a favor ou contra o empreendimento. A combinação favorável de tudo isso foi o que impulsionou a editora, na avaliação do astrólogo. Ele conta que os primeiros exemplares das revistas eram bem pobres, mas a situação econômica da época ajudou nas vendas.
“Nossa revista tinha apenas 32 páginas, em preto e branco, e custava mais caro do que a revista líder do mercado”, lembra João Bidu. “Vivíamos a época do Plano Cruzado, quando houve um ‘boom’ de consumo. Tinha muito comprador e pouca oferta. Então, quando a revista líder esgotava nas bancas, as pessoas compravam a nossa revista”, recorda. E assim a editora foi crescendo, até chegar ao patamar atual. A Alto Astral responde hoje por cerca de 14% do mercado editorial brasileiro.