21 de dezembro de 2025
Bairros

Diversidade marca vida industrial de Bauru

Por Da Redação | Com Marcelo de Souza
| Tempo de leitura: 4 min

Responsável por 48,1% da movimentação econômica de Bauru, a indústria local tem como principal marca a diversidade. Entre os 595 estabelecimentos industriais contabilizados na cidade pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico em 2005, encontram-se empresas nas áreas de mecânica, metalurgia, eletro-eletrônico, alimentícia, gráfica, têxtil e plástica.

Dessas áreas, de acordo com dados do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a alimentícia responde por mais de 28% da produção local, seguida pelos setores de edição, impressão e gravações; vestuário e acessórios; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Embora não empregue o maior contingente de trabalhadores locais (16,89% dos 79.653 empregos formais do município), a indústria continua a atrair o interesse de estudantes, que vêem nessas empresas a chance de entrar oficialmente para o mercado de trabalho. Por essa razão, entidades como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) têm cursos bastante disputados, principalmente porque acompanham a demanda observada nas próprias indústrias.

Do outro lado, indústrias tradicionais de Bauru se fortalecem nos cenários local estadual, nacional e internacional ao conseguirem superar as adversidades geradas pela macroeconomia. Algumas começaram do zero e chegaram ao topo como resultado do trabalho árduo de pessoas que acreditaram no próprio sonho e no potencial da cidade.

Entre elas encontra-se a Tilibra, que atualmente lidera o mercado de cadernos no Brasil. A empresa nasceu do sonho de João Coube, que em 1928 vendeu a própria casa para abrir uma tipografia. Há 79 anos no mercado de material escolar, agendas, casa e escritório para papelarias, livrarias e outros estabelecimentos comerciais, hoje faz parte do grupo norte-americano MeadWestvaco.

Outro grande que nasceu da abnegação de um homem foi o Frigorífico Mondelli. O idealizador, Vangélio Mondelli, chegou ao Brasil em 1924, estabelecendo-se em São Paulo, onde exerceu diversas atividades autônomas. Em 1927 casou-se com dona Rosa Malandrino e, em abril de 1935, o casal transferiu-se para Bauru. Apoiado pela família Mondelli adquiriu uma firma de miúdos bovinos e, em seguida, uma fábrica de lingüiça. Começou assim a história de um dos mais conceituados frigoríficos do País, sendo também um dos principais exportadores do ramo.

Entre as grandes está a Plasútil, que nasceu do sonho de Sebastião Pereira da Silva. Tudo começou no início dos anos 1980, no bairro Bela Vista. Sebastião trabalhava com peças de gesso, plástico e outros materiais. Ele ia de casa em casa vendendo baldes, bacias e pratos para xaxim. O filho, Marco Antonio, com formação tecnológica, interessou-se pela atividade de injeção de peças plásticas e em 1986 inaugurou uma pequena fábrica de utensílios domésticos. Começava aí a Plasútil Indústria e Comércio de Plásticos.

No começo, eram produtos para jardim, baldes e potes para alimentos. Atualmente, produz uma grande variedade de utensílios. Com poucos funcionários e apenas quatro injetoras, a empresa distribuía produtos através de vendedores ambulantes. Todavia, com a melhora contínua de seus produtos e processos, consegue atender hoje os principais canais de distribuição. Em 1988 principiou suas atividades no mercado internacional.

Ao longo destes 21 anos, a linha de produtos se multiplicou e hoje atinge mais de 600 itens, divididos em vários segmentos, como cozinha, mesa, limpeza, organização, bebê, banheiro, escritório, pet e jardim. Além de cobrir 100% do território nacional, a Plasútil exporta seus produtos para 30 países. A empresa tem cerca de 680 colaboradores diretos.

O que antes era um negócio modesto, agora ocupa uma área de mais de 30 mil metros quadrados e possui um centro de distribuição em Recife. Recentemente, a empresa recebeu uma nova área para ampliação da produção em Bauru.

Outro exemplo de sucesso é a Sukest, que começou do empreendedorismo de Moussa Tobias, em 1987. O gerente de marketing Mauro Paparelli conta um pouco da história. Segundo ele, a Sukest começou com sete funcionários, para produzir refrescos. Hoje, 20 anos depois, a empresa tem 350 funcionários, sem contar a parte indireta, e produz diariamente 120 toneladas de chicletes e 9 milhões de litros de refrescos, além de ingredientes. Um dos diferenciais da Sukest está no programa de formação interna, que acaba suprindo a falta de mão-de-obra qualificada. “A mão-de-obra é toda treinada internamente”, afirma.

____________________

Microempresas

Empresas de grande porte, como Tilibra e Mondelli, são exceções na cidade. Números do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) apontam que, das atuais 595 indústrias de Bauru, apenas 1% são consideradas de grande porte (com mais de 500 empregados). A grande maioria é de microempresas, que correspondem a 60% das indústrias instaladas na cidade. Além dessas, 33% das indústrias são consideradas de pequeno porte (de 10 a 99 empregados) e o restante, 6%, são de médio porte (de 100 a 499 funcionários).