Imagine ver um paraplégico em pé e andando apenas com o auxílio de duas muletas. É o que promete o aparelho denominado parawalker, que possui tecnologia inglesa e está disponível no Brasil desde o ano passado.
Indicado para pacientes portadores de lesão medular, que perderam o controle da musculatura das pernas, quadril e tronco, o equipamento é constituído por uma estrutura biomecânica fixada externamente ao corpo do paciente. Com articulações no joelho e quadril, o aparelho permite ao paciente ficar livre da cadeira de rodas e independência para se locomover.
Para o fisioterapeuta, protesista e ortesista José André Carvalho, do Instituto de Prótese e Órtese (IPO), de Campinas, que atua no setor há 15 anos e recebeu treinamento na Inglaterra específico para essa solução, o parawalker é um aparelho que anda sozinho, carregando o paciente. O movimento é realizado por meio de balanço. “O equipamento veste o paciente desde a região do tronco até os pés, o que dá estabilidade na posição em pé. E com bengalas, ele faz a caminhada, conseguindo andar com baixo esforço”, explica. Não foi projetado para substituir a cadeira de rodas, mas sim para o usuário ficar em pé e caminhar” explica o médico.
O parawalker foi adquirido por 40 pacientes em todo o Estado de São Paulo, mas o preço é salgado: importado, sai por aproximadamente R$ 23 mil. “É uma relação custo-benefício que compensa”, defende o médico, que afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) também disponibiliza a invenção.
Sobre o baixo número de usuários, Carvalho credita o fato à pouca divulgação. “Muitos médicos e pacientes ainda não o conhecem”, explica. Vítima de um acidente de moto que o deixou paraplégico em 2001, Cléber Renato Alves Pereira, 22 anos, utiliza o equipamento. “É muito bom olhar para as pessoas na mesma altura. O esforço físico que eu faço para andar agora é mínimo e os exercícios me dão muito mais disposição”, relata.
O Jornal da Cidade entrou em contato com a Secretaria do Estado da Saúde e o Ministério de Saúde para saber se houve pedidos do aparelho em Bauru, porém até o fechamento da edição não obteve retorno.
Para beneficiar pacientes com má-formação congênita, o fisioterapeuta desenvolveu uma adaptação específica. “O uso do aparelho transforma os pacientes porque provoca uma mudança de comportamento em pessoas que tinham pouca condição de viver de forma mais independente”, conclui Carvalho.