A Secretaria Municipal de Saúde começará a instalar no próximo mês cerca de 1.400 armadilhas para o monitoramento eletrônico dos focos da fêmea do mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti). Conforme o secretário Mário Ramos, a contratação foi fechada neste mês por um período inicial de quatro meses. Se o sistema funcionar, poderá ser prorrogado por igual período.
“A Secretaria de Saúde contratou o sistema que inclui as armadilhas plásticas, os palm-tops e o software e vai espalhar os dispositivos pela cidade em abril. O contrato por quatro meses é de pouco mais de R$ 270 mil, podendo ser prorrogado por mais quatro meses”, contou Mário Ramos.
A decisão de realizar o monitoramento eletrônico da dengue foi divulgada pelo JC em outubro do ano passado, quando o secretário anunciou a medida durante a cerimônia de criação do comitê regional de combate a dengue, realizado no Teatro Municipal de Bauru.
“O monitoramento do mosquito é eletrônico e repassado na hora para um computador manual ou um tipo de GPS. Vamos espalhar armadilhas em pontos estratégicos da cidade, conforme os indicadores de maior presença que temos como no Parque Jaraguá, e receber os dados para agir. A armadilha funciona com feromônio instalado em um recipiente de plástico que atrai a fêmea, transmissora da doença”, explicou Ramos na oportunidade.
O sistema está sendo contratado junto à uma empresa mineira que detém a patente, sem necessidade de licitação. O monitoramento eletrônico com o uso do equipamento batizado de mosquitrap foi desenvolvido pelo biólogo bauruense Álvaro Eduardo Eiras.
“O sistema permite atrair as fêmeas, alvo principal da transmissão da doença. Um técnico recolhe os dados em horas, no mesmo dia, envia para a central na hora pelo palm-top e em poucos minutos a base de informações gera o diagnóstico. A maior incidência das fêmeas em determinada região é levantada antes do ciclo do vetor de completar, o que facilita a ação de combate”, explicou o diretor da Divisão de Vigilância Sanitária da prefeitura, Flávio Tadeu Salvador.
Mas a administração municipal não se ilude quanto ao alcance do dispositivo no combate ao mosquito. “É preciso ficar claro que a prefeitura não vai resolver nada com o monitoramento eletrônico, vai ampliar a ferramenta de combate. É impossível acabar com a dengue. Nós podemos impedir o aumento dos focos e controlar. Mas o mosquito vive em sua maioria nas casas das pessoas, em vasos, atrás da geladeira, em locais com água parada nos quintais. Se a população não ajudar, não tem ação que resolva”, advertiu Ramos.
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Entenda o monitoramento
O monitoramento inteligente da dengue é um sistema que oferece de forma contínua, ao longo das 52 semanas epidemiológicas do ano, informações sobre a presença e a evolução da população do vetor Aedes aegypti na área urbana do município.
A informação ocorre em tempo real para os gestores públicos de saúde, o que permite acompanhamento contínuo das áreas de risco, ações preventivas de controle, orientação ao trabalho dos agentes de campo e detecção e captura do vetor (fêmea grávida do mosquito).
Através do sistema integrado de informações georreferenciadas é possível distribuir número reduzido de agentes de campo para a vistoria e coleta dos dados, que são processados em tempo real, semanalmente. A prefeitura quer um convênio com os agentes da Sucem do Estado para a coleta dos dados.
Os resultados permitem aos gestores de Saúde direcionarem as ações de controle e acompanhar os resultados obtidos através de mapas, gráficos e índices entomológicos detalhados de toda a área.
O sistema eletrônico tem vantagens sobre a atual pesquisa de larvas do mosquito, realizada pela prefeitura, cuja rotina consiste na vistoria das casas pelo agente na procura de possíveis criadouros. Este processo tem resultado demorado e de pouca sensibilidade quando os índices de infestação são baixos.
Além desses fatores, na pesquisa larvária as respostas aos dados chegam em cerca de 60 dias, contra o controle em tempo real e de sete dias de resposta no ciclo monitorado eletronicamente.
O sistema completo é composto de armadilhas plásticas com ferormônios, dispositivo portátil com software específico para a coleta das informação de captura das fêmeas do mosquito e software de geoprocessamento dos dados para as ações de saúde.