16 de dezembro de 2025
Geral

Sem manutenção, veículos velhos são risco de acidentes

Lígia Ligabue
| Tempo de leitura: 3 min

Eles já passaram dos 30 anos, mas continuam circulando. Muitos ainda mantêm condições perfeitas de uso, mas alguns apresentam o sinal da velhice: pára-brisa sem borracha, lanterna faltando, pneu liso. O problema não é a aparência, mas sim a falta de manutenção destes veículos, o que acaba aumentando o risco de causar acidentes.

O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) não tem dados por município, mas dos 16,8 milhões de veículos registrados no Estado de São Paulo, 7,8 milhões já completaram uma década, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Para a Polícia Militar, somente com a intensificação da fiscalização os motoristas de carros que chegaram à terceira idade vão se conscientizar em mantê-los em ordem. “São poucos os condutores que fazem a manutenção constante. Muitos só resolvem os problemas depois de uma autuação”, observa o sargento César Rossi.

Proprietário de um caminhão Ford de 1957, o mecânico Vanderlei Gonçalves, 64 anos, foi flagrado pela PM na semana passada com o pára-brisa sem a borracha, um dos pneus liso e uma lanterna dianteira faltando. Apesar destas irregularidades, seu veículo está em bom estado de conservação. Para ele, a maior dificuldade é encontrar peças para o veículo. “Tenho ele há 12 anos e quero mantê-lo em ordem”, garante.

Já o caminhão Chevrolet C65 de Antônio Ribeiro, motorista de 56 anos, chegou aos 40 bastante conservado. Mas cada visita na oficina sai caro para o seu proprietário. “Chego a gastar R$ 1 mil cada vez que vai para o mecânico”, contabiliza Ribeiro. Os policiais também abordaram um Verona que estava sem o pára-choque dianteiro e, conseqüentemente, sem a placa.

Seu proprietário, o auxiliar de enfermagem Aleixo Ribeiro de Souza, 52 anos, conta que seu veículo estava estacionado quando foi atingido por uma máquina que manobrava próximo à sua casa. Ele estava indo à oficina recolocar a peça de segurança obrigatória no momento da abordagem. O instrutor de auto-escola Luís Cláudio Pinheiro de Castro, 35 anos, circula com uma caminhonete Ford 1970. Para ele, o veículo é insubstituível, por isso, o mantém em ordem. “Eu a melhorei bastante desde que a comprei. E todos os equipamentos de segurança estão em ordem”, garante.

Apesar de alguns bons exemplos, o sargento Rossi, que tem experiência de mais de duas décadas no trânsito de Bauru, lembrou de alguns casos extremos, como um Corcel fiscalizado na avenida Elias Miguel Maluf há quatro anos. “O lacre da placa traseira estava rompido, os pneus estavam lisos, incluindo o estepe. Além disso, não possuía cintos, bancos traseiros e nem a placa dianteira”, recorda. Um caminhão com a porta amarrada com arame e uma Kombi apenas com a carcaça e o motor fazem parte da lista dos piores veículos encontrados por ele em Bauru.

Segurança

Antes de entrar no veículo, o motorista deve se certificar que os equipamentos de segurança estão em ordem e se o carro está em condições de circular. “É a manutenção de primeiro escalão. É necessário olhar o estado dos pneus, incluindo o estepe; verificar o óleo do motor e do freio; checar as luzes e setas; verificar retrovisores e pára-brisas”, enumera Rossi.

A falta do uso do cinto de segurança no banco traseiro é uma das infrações mais comuns registradas pela equipe de trânsito. Um problema mais comum em motocicletas é a substituição dos espelhos retrovisores regulares por peças menores, destinadas às bicicletas. O soldado Uilson Batista explica que, com equipamentos impróprios, o motociclista que olhar pelo retrovisor enxergará apenas o próprio cotovelo.