24 de dezembro de 2025
Geral

Bauru terá tratamento para fumantes

Ieda Rodrigues
| Tempo de leitura: 4 min

Quem quer parar de fumar, mas não consegue agora terá à disposição em Bauru e de graça um tratamento de um ano de duração com equipe formada por médico clínico geral, psicólogo, assistente social e enfermeiro. E, no início do programa, para enfrentar a crise de abstinência, receberá medicamento. Trata-se do Programa de Atendimento Intensivo ao Tabagista, uma iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, que será lançado hoje, quando se comemora o Dia Nacional de Combate ao Fumo.

O programa será desenvolvido pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD), que já oferece prevenção ao tabagismo, como palestras educativas e ações em datas comemorativas de combate ao fumo. “A partir de agora, vamos fazer a prevenção ao tabagismo e o tratamento dos tabagistas”, frisa Luciana de Oliveira Martins, coordenadora do Caps-AD. Já implementado em outras cidades, o programa para parar de fumar reúne os tabagistas em grupos fechados.

No início do tratamento, o grupo tem sessões semanais com a equipe multiprofissional, que além do medicamento oferecerá ajuda psicológica para evitar recaída. “Não é uma solução milagrosa, um remédio que fará a pessoa a largar o cigarro. Mas sim um tratamento que visa a mudança de comportamento do fumante, que ensina subterfúgio para ele não ter recaída. Mas o sucesso depende da vontade dele de querer parar de fumar”, explica Luciana.

Com o decorrer do tratamento, as sessões diminuem para quinzenais e, depois, mensais. O medicamento, que será oferecido no início da terapia, visa ajudar o fumante a enfrentar a abstinência, para que o corpo não sinta tanto a falta do cigarro. O sistema de tratamento em grupo tem por objetivo que um fumante dê ajuda emocional ao outro para não voltar ao tabaco, semelhantes a grupos que tratam dependentes de outras drogas.

Com base em resultados de cidades que já implementaram o programa, Luciana sabe que haverá desistências dos fumantes durante o tratamento. “Como qualquer outro tratamento de dependência, é normal que haja abandono. Mas entre os que concluem o tratamento, o índice dos que não voltam a fumar é alto”, completa.

O programa, ressalta, será desenvolvido pela Prefeitura com apoio do Ministério da Saúde, que vai custear os medicamentos. “Fizemos um projeto de acordo com os critérios do Ministério da Saúde e do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Após muita burocracia, fomos contemplados com a aprovação do projeto”, explica.

Sozinha, a Prefeitura não teria dinheiro para bancar o programa. Numa farmácia consultada pelo JC, um dos medicamentos utilizados no início do tratamento para parar de fumar, vendidos sem receita médica, custa R$ 326,00 a cartela com 53 comprimidos. O remédio para manutenção também é caro: R$ 652,00 112 comprimidos. Mediante prescrição médica, o mercado oferece outros medicamentos para ajudar a parar de fumar. Um deles custa R$ 90,00 e outro R$ 57,30 – ambos a cartela com 30 comprimidos.

A coordenadora do Caps-AD conta que a equipe que vai implantar o programa para parar de fumar já passou por treinamento - parte em Botucatu e parte em São Paulo - e a partir do dia 1, segunda-feira, vai receber a inscrição dos interessados em participar. “Eles passarão por entrevista, consulta pessoal e depois integrarão o grupo. Então, começam as sessões e o tratamento”, completa. (leia mais na página 22)

• Serviço

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) fica na rua Cussy Júnior, 12-27. As inscrições para participar do programa para parar de fumar podem ser feitas a partir de segunda-feira.

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No Brasil

. Pelo menos 2.655 indivíduos não-fumantes expostos à fumaça morrem a cada ano

. Sete pessoas não-fumantes expostas à fumaça do tabaco morrem a cada dia

. 60,3% da mortes ocorre entre mulheres

. 65 anos ou mais é a faixa com mais mortes entre homens e mulheres

. De cada mil mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são por exposição passiva à fumaça do cigarro

. De cada mil mortes por doenças isquêmicas, 25 são por exposição passiva à fumaça do cigarro

. De cada mil mortes por câncer de pulmão, 7 são por exposição passiva ao tabaco

. 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo

. 16% da população brasileira adulta é fumante

. Em 1989 o número era 50% maior

. Homens apresentaram prevalências mais elevadas de fumantes do que as mulheres

. Concentração de fumantes é maior entre pessoas com menos de oito anos de estudo

. Cigarro brasileiro é o 6º mais barato do mundo

. Cerca de 8% dos gastos com internação e quimioterapia no SUS são atribuídos a doenças relacionadas ao consumo do tabaco

Fonte: Instituto Nacional do Câncer