13 de maio de 2025
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Política

Desconfiada, periferia ouve candidatos

Por Nélson Gonçalves | Com Aurélio Alonso
| Tempo de leitura: 4 min

A maior parte do eleitor é simpático e receptivo aos candidatos nas visitas aos bairros, mas a convivência com anos seguidos de problemas estruturais e a falta de perspectiva ao atendimento às reivindicações têm gerado comportamento de relutância e resistência ao engajamento no processo eleitoral nas ruas. Apesar disso, os principais candidatos a prefeito de Bauru continuam a peregrinação por ruas de terra, barracos e bolsões de pobreza.

Ontem, a reportagem acompanhou reuniões das agendas de Caio Coube (PSDB), Rodrigo Agostinho (PMDB) e Clodoaldo Gazzetta (PV). Apenas em relação aos eventos realizados por Rosa Izzo (PDT) o JC não conseguiu retorno para as solicitações, mesmo após insistentes ligações à assessoria pedetista.

Em todas as andanças acompanhando os candidatos, o que se vê é que as pessoas estão envolvidas com o processo eleitoral, mas ainda há restrição de boa parte em comentar ou participar da discussão direta com o candidato. Os eleitores recebem, em sua maioria, educadamente os concorrentes, cumprimentam, outros evitam e muitos ainda preferem distanciamento.

Os últimos dias de campanha confirmam a peregrinação eleitoral por bairros distantes ou em lugares onde há maior contingente de bauruenses juntos, como as portas de fábricas e encontros em empresas. Foi o que fez, por exemplo, Clodoaldo Gazzetta (PV) durante boa parte da tarde de ontem até à noite.

Gazzetta percorreu linhas de montagem e de produção em unidades fabris do Distrito Industrial I das 15h30 às 19h10. Seu encontro com trabalhadores de fábrica de baterias não foi autorizado pela empresa a ser acompanhado.

Às 18h45, o candidato do PV falou a funcionários de uma auto-elétrica e instaladora de equipamentos GNV, acompanhado o vice, Ju Alvarez. “É importante vocês discutirem política, discutir a cidade que queremos. Os candidatos fizeram plano de governo, compare e veja se o que está escrito é a visão de cidade que vocês querem”, pediu Gazzetta com seu programa em mãos.

Ele também reforçou que sua principal meta é resolver os problemas na área da Saúde e pediu o apoio dos funcionários da empresa, reforçando a importância da cidade ter segundo turno eleitoral.

Em muitos dos atos de campanha nos bairros, o ´gelo´ nos contatos é quebrado com a ajuda de simpatizantes. A interação melhora sempre que um candidato a vereador ou líder comunitário serve de porta-voz. É o que experimentou ontem Rodrigo Agostinho (PMDB) no Ferradura Mirim.

E não significa que o candidato não conhecia o bairro. Mas a questão é que a entrada e saída de casas e barracos e a relação mais estreita nas ruas ficou muito facilitada com a presença da candidata do PR em sua aliança, Gisele Ferradura.

Depois de 10 anos integrando a Associação de Moradores, Gisele decidiu tentar uma vaga na Câmara. Por cada viela de terra ou casa de estrutura precária que entrava, repetia o pedido de apoio em Agostinho. “Aqui o principal desafio é tornar esses moradores proprietários de direito dessas casas. Quase ninguém tem documentação integral entre as cerca de 1.200 casas. Tem de regularizar primeiro, porque isso permite à prefeitura trazer asfalto e outras melhorias”, comentou Rodrigo.

No bairro periférico, o candidato viu muito lixo espalho pelos terrenos e ao lado dos barracos e dezenas de crianças pisando na terra.

O candidato a prefeito Caio Coube (PSDB) teve que dar a palavra a um eleitor da Pousada da Esperança II, ontem, de que não vai privatizar o Departamento de Água e Esgoto (DAE).

A pergunta foi feita a Caio quando conversava com eleitores num pequeno empório em meio a uma rua empoeirada. O aposentado José Ferreira da Cruz foi educado, mas quis ouvir do candidato sobre a venda da autarquia.

Antes de conversar com eleitores, Caio beijou algumas crianças e perguntou: o que é preciso para ser um bom prefeito? A menina de pronto respondeu: fazer asfalto no bairro.

Coube admitiu que o asfalto no bairro é um problema difícil de resolver e lembrou que há só R$ 5 milhões para pavimentação em 2009. “Vamos ter que buscar alternativas, mas não vamos ficar de mãos atadas”, declarou.

O ajudante de açougue Samuel Dias Moraes disse que a pavimentação do bairro resolve um problema de saúde pública. “A poeira provoca problema respiratório nas crianças. Por isso o pronto-socorro fica superlotado. Se asfaltar diminui o problema na Saúde”, declarou.