24 de dezembro de 2025
Pesca & Lazer

História de pescador: Caça & pesca


| Tempo de leitura: 3 min

Histórias de pescarias ora são inventadas, ora são fatos reais e tem algumas que, além de serem fatos reais, a gente aumenta um pouquinho pra se tornarem mais engraçadas e menos cansativas para quem está lendo. Tem outras que a gente copia ou reedita, mudando alguns detalhes e colocando a marca de quem está escrevendo ou contando.

No início do mês de agosto, tive o prazer de participar do jantar em comemoração aos pais, dos aposentados da Fundação Cesp, lá na Hípica. Eu escrevi “tive o prazer” porque é realmente muito bom a gente se encontrar com ex-colegas de trabalho e bater um papo e, principalmente, saber que muitos deles continuam vivos e com saúde, o que é muito importante. Nesse jantar dos cabeças brancas, tive a honra de bater um papo com Orlando Faria, antigo colega de trabalho e grande amigo, que me contou uma história e me autorizou contá-la para os leitores desta coluna.

Contou-me ele que, há mais de 30 anos, quando ainda morava lá pros lados de Mococa e foi justamente na época que ele se casou. Daí a alguns meses a esposa engravidou e, sabe como é, toda mulher grávida tem uns desejos esquisitos: um dia quer manga com chocolate e pimenta, outro dia quer paçoquinha com mortadela, noutro dia pede melancia com farinha de mandioca e por aí vai.

A sorte é que a esposa do Orlando teve desejo mais simples: queria comer carne de tatu, e o Orlando, cavalheiro que é, pegou a espingarda e saiu numa noite de lua clara. Procurou, procurou e não encontrou o “diabo” do tatu. Já que estava na beira do rio, resolveu pescar um pouco. Pegou uma vara de bambu que estava escondida numa moita de arranha-gato (antigamente era comum a gente deixar o feixe de varas escondido nas moitas e, acreditem, ninguém roubava) e com o auxílio de um facão arrancou uma minhoca no barranco do rio, enroscou no anzol, acendeu um cigarrinho pra espantar os pernilongos, se acomodou e começou a pescaria, mas sempre pensando no “marvado” do tatu. Já pensou chegar em casa com uns bagres e sem o tatu?

Foi mergulhado nesse pensamento que ele sentiu o peixe puxar, mas puxar com tanta força que ele até se assustou e deu uma tamanha fisgada que o peixe saiu da água numa velocidade que vocês nem imaginam. Bateu lá no meio do capim, uns 20 metros longe. Com a pancada, o anzol saiu de sua boca e o Orlando foi procurar o bicho com a ajuda de uma lanterna, e qual não foi a surpresa quando encontrou o bagrão e encontrou também um tatu-galinha agonizando e sangrando pela boca? Não é que na velocidade que o bagre caiu, bateu em cima do tatu com tanta força que o bicho nem se mexeu. Aí foi só alegria, acabou de “assassinar” o tatu, recolheu a caça e a pesca e voltou pra casa todo satisfeito. Imaginem vocês o tamanho do bagre e a violência da fisgada do Orlando.

Ivo de Jesus Ribeiro é pescador e contador de histórias.