Final de 2008, os amigos fazendo balanço em suas vidas, repetindo uma atitude que tomei em setembro ao me preparar para Rosh Hashaná e Yom Kimpur, respectivamente Ano Novo e Dia do Perdão, as mais importantes datas no calendário judaico. Na noite de 30 de setembro, eu me lembro de ter desejado, de coração, shalom à humanidade. A palavra hebraica significa paz, integridade, calma, saúde e bem estar. Pensei em tolerância, algo bem vindo nesse mundo tão incivilizado, onde se vive lado a lado com desrespeitadores das opiniões alheias. Isso não é novo. Poderia contar as dores dos judeus chorando no ombro do leitor, como se fosse o Muro das Lamentações. Mas, como tudo é culpa de Sara, deixa para lá. E se, na verdade, o culpado for Abraão? Afinal, ele traiu e teve Ismael com Agar. A introdução serve para colocar o leitor no contexto. Diversas pessoas estão sendo apontadas por uma pessoa inconseqüente como membros da Opus Dei. Como descendente de judeus, isso desqualifica a referência em relação a mim. O que conta na vida não são os fatos, são os boatos, disse-me Cícero Dias. Daí a minha preocupação diante desse falatório atingindo pessoas íntegras e preocupadas com o bem-estar alheio. Crueldade ou inveja? Quem espalha as mentiras tem como impulso fundamental criar confusão. Shakespeare tratou do assunto em Muito barulho por nada, onde aproveitou a idéia para estudar o caráter e/ou mau caráter dos homens.
Nietzsche dizia que as convicções são prisões e a “verdade nunca tem importância e nem expressão adequada,” então, minha pretensão de entender a questão é ilusória.
As vitimas não conhecem a boateira. Como entendida em surrealismo, olhei a história como fantástica, e o padre? Trata-se do mais indulgente dos seres humanos. Impossível descrevê-lo em poucas palavras, ele é o muro das lamentações de seus fieis. A maluca não tem religião. Uma crença – não no deus partido político – faria dela alguém menos sectária. Bauru não vai se importar com as intrigas, ela é conhecida pelas opiniões atravessadas. Todas as extremidades – de direita ou esquerda – são burras. Quando um dogma começa a agir, o fanatismo é inevitável. Em nome da superioridade da raça ariana, Hitler cometeu um genocídio físico e a boateira está praticando um genocídio moral. O conselho é: como parte das pessoas propõe modificações em suas vidas nessa época, por que não aproveitar a frase de Salomão (Provérbios 21:23) e guardar a língua evitando danos maiores? Em nome de todos os caluniados desejo-lhe menos Dan Brown e mais filosofia no ano cristão de 2009.
Shalom!
A autora, Janira Fainer Bastos, é articulista do JC