13 de julho de 2025
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Geral

Mesmo com crise, CPFL Paulista projeta aumento de 3% no consumo de energia

Lígia Ligabue
| Tempo de leitura: 4 min

Os bauruenses deverão consumir 3% de energia elétrica a mais neste ano, em relação a 2008. Mesmo com a crise financeira mundial que apavora o mercado, neste início de ano, a empresa de energia que atua em Bauru e região avalia que a tendência é de aumento no consumo. A expectativa é da CPFL Paulista, que calculou crescimento de 3,5% na comparação entre 2008 e 2007. Os setores residencial e comercial foram os que mais utilizaram energia elétrica.

A gerente de departamento de planejamento e gestão de mercado da CPFL Paulista, Débora Leão Soares Tortelly, acredita que a crise não afetará o consumo comercial e residencial. “Esperamos um percentual em torno de 4% nesses dois setores para 2009. Para o consumo geral em Bauru, nossa expectativa é de 3% de crescimento”, projeta.

A gerente prevê um primeiro trimestre ruim para a indústria bauruense, mas acredita em uma melhora já nos três meses seguintes. “O que compensaria a perda do primeiro período”, completa. Ela avalia que o crescimento registrado entre 2007 e 2008 foi dentro do previsto pela empresa. “Esse aumento de 3,5% estava dentro do esperado para toda a área da CPFL Paulista. Houve um crescimento semelhante ao obtido por toda a empresa”, pondera.

Ao analisar os dados de Bauru, a gerente observa que o acentuado crescimento nos setores de comércio e residências foi motivado pelo bom momento econômico do País até o terceiro trimestre do ano passado.

“Houve um aumento do número de clientes, mas dentro do normal. O crescimento maior é reflexo na venda de eletrodomésticos, que foi de 16% e gerou um ‘boom’ no consumo de energia”, avalia.

Segundo Tortelly, o consumo de residências e do comércio são relacionados ao desempenho da economia. Ela destaca que a massa de renda na região metropolitana do Estado cresceu 8% em 2008 e gerou reflexo em todo o mercado interno.

“Já o emprego de energia elétrica pela indústria vinha bem até o terceiro trimestre de 2008. No quarto trimestre, houve uma queda brusca, mas o resultado obtido nos outros meses ainda segurou o índice”, avalia. Ela calcula que, em Bauru, o setor foi muito afetado. “Os setores mais atingidos pela crise na cidade foram o alimentício, o de produção de artigos elétricos e o de produtos de plástico, que correspondem a 76% do consumo total da indústria de Bauru”, destaca.

Mais barata

O que chamou a atenção de Débora Tortelly foi a economia no pagamento da tarifa na cidade. “Bauru consumiu mais energia e gastou menos”, destaca. Com a redução da tarifa que ocorreu no ano passado, ela calcula que Bauru economizou R$ 20 milhões com energia elétrica. “As faixas são diferentes, mas a média global na cidade caiu 12%”, observa.

A gerente também pondera que, após o racionamento de energia, entre 1999 e 2000, houve uma mudança no comportamento dos consumidores. “O apagão foi uma lição para o brasileiro, um divisor de águas na atitude dos clientes”, destaca. “Antes do racionamento, havia um consumo constante. Não era possível perceber como a mudança do clima, por exemplo, afetava isso”, lembra. “Agora, conseguimos capturar todas essas alterações”, diz.

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Diversidade ameniza impacto

Ao analisar os números divulgados pela CPFL Paulista, o economista Reinaldo Cafeo apontou o efeito da crise na indústria bauruense. “No ano passado, o setor mais atingido foi o industrial, o que é natural pois o ciclo de produção e sua eventual queda se inicia neste setor para depois atingir os demais setores da economia”, explica.

Porém, ele avalia que o efeito em Bauru será distribuído. “A pulverização da economia local garante menor reflexo da crise, e se há, com menor impacto geral na economia local”, afirma.

Sobre o aumento do consumo residencial, que foi de 4,5% entre 2007 e 2008, Cafeo avalia que foi em concordância com o crescimento médio da economia. “Entretanto, devemos considerar o fator migratório, como a chegada e saída de famílias. Considerando que o crescimento médio histórico da população está na casa de 1,5% ao ano, avalio que, no comparativo dos dois anos, o consumo residencial apontou para pouco reflexo de crise e seu aumento é de certa maneira proporcional ao crescimento da renda média do trabalhador”, avalia.

Para o segmento industrial, o mais afetado pela crise, Cafeo observa que crescimento da economia abaixo do previsto - o índice deve fechar em torno de 4,5% - afetou o consumo de energia. “Alguns fatores podem justificar essa queda: influência do último trimestre de 2008, que apresentou redução de produção em função da crise econômica. Ganhos em produtividade por parte das indústrias. Busca de energia alternativa. Bauru tem uma forte indústria no setor de baterias. Algumas estão com geradores próprios, buscando economia de escala”, pondera.

Já no setor comercial, o economista avalia que o crescimento de serviços puxou o aumento. “Observamos crescimento no setor de telemarketing, como cobranças, telemarketing ativo, a ampliação do Bauru Shopping com nova praça de alimentação e as vendas do comércio não sofreram grandes perdas em 2008”, destaca.