20 de julho de 2025
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Dr. Automóvel: O fim das lâmpadas?

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 3 min

É importante acompanharmos a evolução das tecnologias que envolvem os nossos carros. Sempre que detectamos uma melhoria logo vemos que ela puxou outra, e esta mais uma, formando uma cadeia de melhorias que causam uma verdadeira revolução no setor. Isto foi claramente visível no caso da injeção eletrônica de combustível, que substituiu completamente os velhos carburadores e nos pneus radiais, que aposentaram os diagonais para os automóveis.

O advento da eletrônica embarcada trouxe para os carros um mundo totalmente novo e todo dia tem novidades. Um dos focos principais dos projetistas no momento é desenvolvimento do led, sigla em inglês para “light emiting diode” ou diodo emissor de luz. Uma lâmpada convencional com filamento produz um subproduto indesejável, que é o calor. Toda lâmpada usa energia elétrica para produzir luz, mas seu baixo rendimento faz com que ocorra um aquecimento (que chega a 80ºC) e isso é energia desperdiçada, portanto dinheiro jogado fora. Este calor inútil traz outro inconveniente, que é a necessidade de uso de materiais mais nobres e caros para as peças em contato com as lâmpadas, como refletores, lentes e soquetes. Estes são motivos para o desenvolvimento do led, que não esquenta e gera um forte sinal luminoso.

Montadoras estão desenvolvendo lanternas dianteiras e traseiras que usam apenas leds ao invés de lâmpadas. A Audi na Alemanha introduziu no modelo A8 2002 lanternas dianteiras acopladas aos faróis principais compostos de 5 leds, com um refletor adequado, que substitui tranquilamente a lanterna antiga a lâmpada.

Um led consome cerca de 40% da energia de uma lâmpada equivalente, para a mesma produção de luminosidade. Um led é composto por diodos montados em sanduíches feitos de material semicondutor com algumas impurezas. A luz é gerada pelo movimento dos elétrons dentro deste sanduíche, quando submetidos a uma corrente elétrica. A cápsula de plástico transparente que envolve o sanduíche de diodos ajuda a direcionar o facho de luz. Fabricantes de leds informam que esta característica natural de voltar o facho de luz para frente permite ao led um índice de perda entre 10 e 20%, enquanto que as lâmpadas incandescentes desperdiçam de 40 a 60% do facho, pelo fato de terem uma iluminação dispersa. Esta característica permite a construção de globos de farol menores e que ocupam menos espaço, dando liberdade aos designers para projetarem com mais liberdade. Com os leds, podem-se fazer faróis e lanternas de várias formas como riscos, letras ou qualquer outra forma geométrica. Além de ser menor, o globo ótico não precisa ter fácil acesso para manutenção, já que um led tem uma vida útil estimada em 10 anos, o que reduz consideravelmente a manutenção. Além de ser mais difícil um led queimar, sua cápsula é muito menos sujeita a quebras, por ser recoberta por um bloco de plástico maciço e transparente.

Só que ainda não chegou a todos os automóveis por um motivo bizarro: o led de luz branca ainda não existia até o ano 2000. Cada cor é resultado de uma composição química do semicondutor do sanduíche diferente. O led mais conhecido é o vermelho velho de guerra, que se acha em qualquer equipamento eletrônico. Os outros são azuis, amarelos e verdes. O led de cor branca só foi inventado no ano 2000 na Universidade da Califórnia e colocado em produção através de uma associação entre a Universidade, a Hewlett Packard (que domina a matéria prima silício) e a Phillips (que sabe tudo de lâmpadas). O custo atual de um conjunto de leds ainda é cerca de 50 vezes o de uma lâmpada equivalente, pois a matéria prima do led é cara, mas a tendência é cair.

* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e é diretor geral da Tryor Veículos Especiais Ltda. Seu site é www.marcoscamerini.com.br.