O conjunto farol principal de um automóvel consiste de quatro partes básicas principais: a lâmpada, a lente, o refletor e o suporte de regulagem e fixação. Antigamente, os faróis eram quase todos de dois tipos apenas: os com lâmpadas removíveis e os selados (os chamados Sealed Beam), mais usados no mercado americano. Os refletores eram côncavos de superfície lisa e o facho de luz era determinado pelas ranhuras na lente, que dava sua forma característica.
Os refletores eram geralmente metálicos com a superfície refletora espelhada (que com o tempo perdiam o polimento e enferrujavam), e as lentes eram de vidro. Novas tecnologias mudaram o projeto do farol, permitindo que o conceito do refletor evoluísse para superfícies complexas de reflexão e as lentes passassem a ser de policarbonato de alta resistência ao invés de vidro, possibilitando uma liberdade de criação aos designers nunca antes vista.
Hoje em dia existem diversos tipos de faróis, cada um com suas características, suas vantagens e desvantagens. No Brasil não se usa mais os Sealed Beam (ainda conhecidos pelo Brasilzão afora como silibim...) que nada mais eram do que uma enorme lâmpada hermética, que quando queimava precisava trocar todo o conjunto. Ainda tinham a desvantagem de não ter o facho assimétrico convencional dos demais faróis, que privilegiam o lado direito da pista, e ofuscavam muito quem vinha em sentido contrário.
Os faróis modernos se classificam principalmente pelo desenho do refletor, como veremos mais a frente. Quanto à função, podem ser principais ou auxiliares, e estes últimos se subdividem em farol de longo alcance (ou de milha) e de neblina. O tipo de lâmpada também influi bastante no refletor e estas podem ser convencionais de filamento, halógenas (nas quais o bulbo é preenchido com um gás inerte como o iodo, além de ter o filamento de tungstênio para maior durabilidade) ou as famosas xenon, sem filamento, cuja luz é produzida por descarga elétrica (como em lâmpadas fluorescentes) em meio ao gás xenônio, formando um arco e gerando uma luz azulada forte.
Quanto ao desenho dos refletores, os faróis se classificam como:
• parabólicos: são os mais antigos, na qual a luz é refletida diretamente para frente e passa pela lente, reorientando o facho. No caso de usar lâmpada de duplo filamento, no facho baixo apenas a parte superior da parábola do refletor é usada, refletindo a luz para baixo e mais perto do veículo. No facho alto, o segundo filamento da lâmpada usa toda a parábola e joga o facho de luz para frente;
• elíptico ou elipsoidal: é projetado em CAD (ou desenho por computador) com extensos cálculos matemáticos e é usado preferencialmente em faróis baixos. O refletor elíptico possui um anteparo que bloqueia parte da luz (dando aquela forma de V conhecida) e o restante passa por uma lente;
• superfície complexa: o refletor tem uma superfície toda retrabalhada que distribui a luz de forma precisa, tanto no facho alto quanto no baixo. Traz um grande aumento de visão e dá muita liberdade de criação aos projetistas;
• super DE: é a sigla do alemão“Dreiachse-ellipsoid” ou elipsóide de três eixos. Também chamado de superelipsóide, é basicamente um elíptico sem o anteparo, com o refletor calculado matematicamente e uma lente frontal. Este refletor apresenta o maior aproveitamento de luz e atinge a maior distância para um facho baixo dentre todos os tipos de faróis. É reconhecido facilmente pela pequena lente convexa na frente, como em alguns carros de luxo e esportivos importados.
Toda esta criatividade precisa ser fabricável e para isto, desenvolveu-se uma extensa gama de plásticos de engenharia para a moldagem dos refletores. Este processo permite que os refletores tenham a forma que quiserem e os projetistas aproveitam a chance, desenhando verdadeiras obras de arte que valorizam o design dos novos carros, é só olhar por aí. Mas os refletores também têm que resistir às altas temperaturas geradas pelas potentes lâmpadas atuais, por isso cada refletor tem sua lâmpada certa. Trocar simplesmente por outra mais forte, sem atinar para a temperatura adequada para seu refletor, poderá empená-lo ou mesmo derretê-lo.
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* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e é diretor geral da Tryor Veículos Especiais Ltda. Seu site é www.marcoscamerini.com.br.