15 de dezembro de 2025
Política

Reinaldo Rocha é investigado, mas residência escapa de busca policial

Monise Centurion
| Tempo de leitura: 3 min

O ex-superintendente da Associação Hospitalar de Bauru (AHB) até o final do ano passado e atual assessor do deputado estadual Pedro Tobias (PSDB), Reinaldo Silvestre Rocha, é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) no mesmo procedimento que apura desvio de verbas, superfaturamento e cobranças indevidas de serviços da diretoria da entidade.

A Justiça não decretou a prisão de Rocha, mas expediu mandado de busca de apreensão em sua casa. Entretanto, o MPF não conseguiu localizar seu endereço a tempo de evitar o conhecimento público do início da Operação Odontoma.

De acordo com o procurador da República, Fabrício Carrer, não havia mais tempo para a confirmação do endereço de Rocha. A operação teria de ser desencadeada o mais rápido possível. “A gente sabia que os documentos estavam em iminência de serem destruídos. Então tivemos que acelerar e apreender esses documentos.”

Durante cumprimento a mandado de busca e apreensão nas repartições administrativas da AHB, foram recolhidos computadores e documentos contábeis da entidade para investigações das supostas fraudes na entidade. Foi na gestão de Rocha, que terminou no final do ano passado, que ocorreram o empréstimo de R$ 16 milhões e o pagamento de supersalário de até R$ 35 mil mensais a Marcelo Saab, filho do presidente da AHB.

Os pedidos de prisão temporária dos suspeitos (Joseph Saab, presidente da associação há 14 anos; Marcelo Saab, dentista e filho do presidente; Vladmir Scarpp, superintendente e diretor financeiro; Samuel Fortunato, diretor técnico e responsável pelo setor de compras; Célio Parisi, conselheiro; e Maria Lúcia Lopes Saab, supervisora de serviço de apoio e cunhada de Saab), se deram em razão da necessidade de apreensão dos documentos, pois havia suspeita que as provas poderiam ser ocultadas ou destruídas.

“Em relação a esse fato que originou as prisões, não tinha elementos em relação ao Reinaldo Rocha. Por isso é que não foi pedida a prisão dele, mas ele figura como um dos investigados”, afirma Carrer.

O bloqueio de bens dos suspeitos pode vir a ser ajuizado com o aprofundamento das investigações. Por enquanto, a Procuradoria da República tem de aguardar a conclusão do inquérito e demais desdobramentos da apuração para reunir elementos para ingressar com ação civil pública por improbidade administrativa, por exemplo.

Já no campo da reparação de danos e eventual necessidade de bloqueio do patrimônio para garantir futura execução de ressarcimento, a medida terá de ser tomada, sobretudo, pela nova direção da AHB. “Isso pode acontecer no futuro, mas ainda nós não estamos no momento adequado para se fazer isso”, apontou o procurador.

Carrer precisa verificar qual é o papel de cada um dos investigados e a partir disso, poderá propor ação penal, de improbidade administrativa ou até de reparação de danos, especificando a conduta de cada um e o alcance de cada denunciado no episódio. “Por enquanto, ainda é prematuro eu ajuizar uma ação dessa natureza, tendo em vista a fase inicial em que os trabalhos investigatórios estão”, ponderou.

A reportagem do JC tentou falar com Reinaldo Rocha, mas ele não retornou aos recados de ligações feitas em sua residência e telefone celular.

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Ministério da Saúde

O Jornal da Cidade questionou o Ministério da Saúde sobre a vinda de peritos do Denasus, para realizar um levantamento nas contas da AHB, em busca de irregularidades. O Ministério da Saúde informou que não revelará datas ou as ações sobre o caso enquanto o processo judicial estiver em andamento,