Iaras – Na manhã de ontem, aproximadamente 150 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram o núcleo de apoio técnico do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Iaras (90 quilômetros de Bauru) para reivindicar mais agilidade na desapropriação de terras para reforma agrária na região e melhorias na infra-estrutura dos assentamentos. A ocupação foi acompanhada de longe pela polícia. O órgão preferiu não se manifestar sobre o assunto.
O grupo chegou ao escritório do Incra por volta das 9h30 ocupando carros, ônibus e caminhões vindos do acampamento Rosa Luxemburgo e assentamento Zumbi dos Palmares, localizados na região. Os funcionários do órgão foram obrigados pelos sem-terra a deixar o prédio e suspender as atividades para que as famílias pudessem se instalar no local.
Os sem-terra montaram barracos no quintal e na entrada da sede, que funciona numa casa térrea. O grupo carregou consigo colchões e mantimentos, o que demonstra que eles pretendem ficar no local até que suas reivindicações sejam atendidas. O MST quer que o Incra retome os programas de assentamento na região.
“Foi feita a ocupação do Incra para reivindicar melhorias no próprio Incra, incluindo sua conduta da região e a forma que ele vem dando assistência técnica e infra-estrutura ao assentamento, além de um pouco mais de esclarecimento sobre alguns acordos que vêm sendo feitos na região e arrecadação de áreas que estão prá lá de vistoriadas e improdutivas e até hoje não se tem uma resposta concreta sobre isso”, explica Paulo Beraldo, militante do MST.
Segundo os sem-terra, o Incra vistoriou 11 fazendas improdutivas, no total de 15 mil hectares, mas demora para assentar as famílias. O movimento também reclama que o processo de arrecadação de outros 60 mil hectares de terras da União, ocupadas indevidamente por particulares, está atrasado. Beraldo revela que, pela manhã, haviam cerca de 80 integrantes do MST no escritório. À tarde, esse número já subiu para cerca de 150. “E esse número tende a aumentar até o final da semana”, diz.
O militante conta que o grupo chegou a conversar com o responsável pelo Incra em Iaras, mas sem sucesso. Segundo Beraldo, ele não conseguiu apresentar nenhuma solução concreta para os pedidos feitos. “Acabou ficando uma reunião muito vaga”, afirma. “A gente só sai daqui, agora, com uma resposta do superintendente estadual do Incra”. Uma pauta de reivindicações foi encaminhada à superintendência do Incra em São Paulo e, agora, os sem-terra aguardam uma posição do órgão.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Incra informou que ainda não havia obtido resposta da superintendência estadual do órgão a respeito da ocupação.
Entre as áreas reivindicadas pelos sem-terra para o assentamento das famílias está a fazenda Santo Henrique, da Cutrale, invadida e depredada em outubro por alguns militantes do grupo.