27 de dezembro de 2025
Geral

Entrevista da Semana: Nádia Naura

Ana Paula Pessoto
| Tempo de leitura: 9 min

Comunicação ‘capturou’ Nádia Naura

Qual é a sua profissão e por que você optou por ela? A maioria das pessoas escolhe o que fazer testando as possibilidades e o que gosta. Já com a produtora e apresentadora Nádia Naura, foi a comunicação quem a escolheu, como ela mesma gosta de dizer: “Tinha apenas 13 anos quando um locutor me colocou em uma unidade móvel para fazer reportagens e participações no programa dele. Não tive tempo para cogitar outra profissão, o jornalismo me pegou”.

Nascida em Carazinho, cidade do Rio Grande do Sul, a gaúcha veio para o Estado de São Paulo movida pelo trabalho no rádio. Passou por muitas emissoras importantes do Estado como Band FM, Sistema Líder de Comunicação, Record, Transamérica e Jovem Pan. Mais tarde, no ano de 2000, surgiu o convite da rádio bauruense 94 FM. Em 2002, veio o convite da TV Preve e a paixão pelo telejornalismo. Atualmente, Nádia produz e apresenta programas como Variedades, Preve Cultura e Enfoque Regional. “Tenho projetos para um programa de auditório. É alguma coisa que já está em andamento”, adianta.

Mulher forte e de fibra, ela superou a dor da perda de um filho e deixa um recado para as mães que passam por essa mesma tragédia. Família, amizade, profissionalismo, planos e vontade de viver são os principais temas da entrevista que ela concedeu ao Jornal da Cidade. Leia os principais trechos.

Jornal da Cidade - O que a trouxe a Bauru?

Nádia Naura - Foi um longo caminho. Primeiro, quando cheguei a São Paulo, trabalhei por quase dois anos em Ribeirão Preto, quando recebi um convite para ir para a Band FM, na Capital do Estado. Trabalhei na Band News e fiz algumas participações na Band AM, também. Depois, passei pelo Sistema Líder de Comunicação, Record, Transamérica e Jovem Pan. Nesse meio tempo, surgiu o convite para vir trabalhar na 94 FM, aqui em Bauru. Aceitei e vim para cá em 2000.

JC - Quando passou a fazer parte da equipe da TV Preve?

Nádia - No ano de 2002. No início consegui conciliar a TV com o rádio, porém, desliguei-me do rádio e fiquei apenas na praia da TV, até mesmo pelas muitas funções que exerço.

JC - Gosta mais de rádio ou TV?

Nádia - Hoje, TV. Mas o rádio continua sendo um xodó. O que acontece é que, para fazer rádio, você precisa ter um tempo maior, porque o rádio tem de ser extremamente prazeroso, a voz revela muito do seu estado de espírito. Não que isso na TV não aconteça, pois você precisa olhar olho no olho para ter a credibilidade almejada. Mas o rádio, ele é mágico...

JC - Qual é essa magia?

Nádia - É aquela coisa que te leva para qualquer lugar... Amava fazer programas românticos, porque eu acho que eles despertavam não só o amor naquela visão mais romântica, mas também outros sentimentos. Na Band FM eu fiz um programa durante cinco anos, o “Love line”, que alcançava quatro milhões e meio de ouvintes por minuto, foi um trabalho fantástico. Não havia e-mails, então era tudo por cartinha ou telefone. Tanto recados, homenagens, desde aniversário de namoro, casamento, quanto provas de amor, e junto vinha a música que marcava os melhores momentos do casal, que marcava a história de vida do relacionamento deles. Esse era o intuito do programa, que também acabava por arrematar outro tipo de pessoa, aquela mais carente, solitária e que encontrava aquela aspiração de amor: “Poxa, se o fulano e a beltrana se gostam, se encontraram e antes tiveram vários percalços, por que isso não pode acontecer comigo?”. Então, além de amor, o programa oferecia uma coisa que se chama esperança.

JC - E o que a atrai na TV?

Nádia - O jornalismo. Eu fiz rádio AM e o radiojornalismo é muito parecido com o telejornalismo, claro que resguardadas as proporções. Outra coisa que gosto muito, ainda mais na TV Preve, é a oportunidade de conhecer as pessoas, especialmente o trabalho que elas desempenham na comunidade, seja o prefeito, um vereador, juiz, promotor ou um popular.

JC- Quais são as suas funções na TV?

Nádia - Sou produtora de vários programas e apresentadora de três deles: Variedades, Preve Cultura e Enfoque Regional. Faço matérias, fecho pautas, produzo reportagens. Acho que a produção é o que dá mais prazer porque converso com pessoas de diferentes segmentos, sobre diferentes assuntos e temas.

JC - Como é sua relação com o telespectador?

Nádia - Muito boa. É uma coisa relação que dá muito prazer. As melhores pautas, por exemplo, são aquelas que nascem da rua, do falar com as pessoas. Muitos chegam até mim com sugestões, ideias, problemas que acontecem em suas comunidades ou em suas vidas particulares. Não dá para não se sensibilizar com alguns apelos. Acredito que a TV Preve é, hoje, um dos grandes instrumentos de prestação de serviços em Bauru e região.

JC - Você adotou Bauru?

Nádia - Tenho imensa gratidão pela forma como a cidade me recebeu e o que me proporciona...um lar! Cidade natal de meu filho Gabriel, onde deposito confiança no seu desenvolvimento. Há muita gente se esforçando e trabalhando para isto.

JC - Viveu uma tragédia aqui?

Nádia - Perdi meu filho mais velho em 2004. Posso dizer que a justiça dos homens foi feita, mas procuro não mais acompanhar o caso. O conforto e o amparo de Deus é uma relação bem íntima e eu tenho isso. É preciso ser muito forte em uma situação assim. Quando isso acontece com uma mãe, é preciso mais que a presença de outro filho, família, amigos e trabalho. É preciso, além da presença de tudo isso, um motivo que faz você querer olhar para frente e só quem lhe oferece um novo horizonte é Deus, no meu caso foi assim.

JC - O que você diria para as mães que estão passando por uma dor parecida?

Nádia - É possível, depois da tragédia, principalmente quando a família é vítima da violência, se reconciliar com Deus e fazer as pazes consigo mesma e com o mundo. A amizade, o carinho, a confiança e apoio que encontramos nos encorajam e são determinantes para se restabelecer a vida e não somente sobreviver. Através do programa Variedades, a direção da emissora me permite oferecer aos jovens um espaço na TV para revelar talentos, seja por meio da apresentação de bandas e grupos musicais, teatro, dança, literatura etc...Assim como meu filho buscou por boas oportunidades, procuro oferecer aos jovens de Bauru e região a chance que poderá fazer diferença na carreira e na vida deles.

JC - Quais são os planos?

Nádia - Viajar mais, estar perto do meu companheiro e mostrar o mundo para o Gabriel. Eu não tive muita oportunidade de viajar, embora tenha saído do Rio Grande do Sul e trabalhado em várias cidades de Santa Catarina e São Paulo. Quero viajar para a Europa, quero conhecer Cuba, a Índia...

JC - Você se considera uma mulher romântica?

Nádia - Extremamente romântica. Minha atual história de amor é ótima. Joaquim, o meu companheiro, tem 72 anos. É um amor completo. Ele é amigo, paterno, companheiro... Eu sou apaixonada. As pessoas têm muito preconceito, se perguntam por que estamos juntos com tanta diferença de idade. Mas acredito que, no nosso caso, as perguntas estão diminuindo cada vez mais. Já estamos juntos há 2 anos. Nos divertimos muito, porque ele é um homem de muita experiência, de muito conhecimento, sábio... Esse relacionamento também faz parte do meu processo de reabilitação com a vida e comigo mesma.

JC - Como você se define?

Nádia - Antes de tudo eu sou filha, moro com a minha mãe e exercito isso todos os dias. Depois eu sou mãe porque tenho esse exercício para com o Gabriel aqui e para com o Gustavo lá. É um exercício de dualidade. Eu sou a mãe que precisa estar centrada no comportamento do filho, na percepção dele com a vida e também tenho a minha relação com o Gustavo de oração, de amor, de paz, de conforto, porque o que nos une hoje além do amor filial é o amor em Deus. Também sou mulher porque eu sou amada, porque eu amo. Ainda tem o meu trabalho, que ocupa a maior parte do meu tempo.

JC - O que a diverte?

Nádia - Filmes, de todos os gêneros são minha maior diversão. Também gosto de ler, desde revistas de arquitetura até livros de poesia e os que configuram na lista dos best sellers. Sair com os amigos ou recebê-los em casa para uma conversa ou jantarzinho. E viajar... Nem que seja até um hotel fazenda bem pertinho, porque tenho que retornar no dia seguinte.

JC - Por que a comunicação como profissão?

Nádia - O rádio é que determinou o jornalismo. Quando eu comecei a trabalhar em rádio, isso no Rio Grande do Sul, eu já adorava ouvir rádio e ficava muito atenta às informações, às músicas. Então, certa vez fui conhecer uma emissora de rádio e eu já fui convidada para trabalhar. Tinha apenas 13 anos quando o locutor me colocou em uma unidade móvel para fazer reportagens e participações dentro do programa dele. A partir daí desencadeou toda a minha carreira, eu acho que eu não tive muito tempo para cogitar outra profissão.

JC - Está realizada?

Nádia - Exercito a realização diariamente. A minha satisfação é de pauta cumprida. Acredito que uma mulher precisa ter a vida pessoal e profissional para ser feliz. Uma coisa completa a outra. Não diria que sou realizada profissionalmente porque sou muito curiosa para ser realizada. A palavra realizada dá um contexto de plenitude e isso eu não consegui alcançar ainda. Tem tantas coisas para eu viver dentro do jornalismo, adoro aprender. Tenho projetos para um programa de auditório. É alguma coisa que já está em andamento.

JC - E quanto à vida pessoal?

Nádia - Meu falecido pai, Newton, é referência humana para mim. Foi ele quem me despertou para o conhecimento e a reflexão de muitas questões, principalmente as políticas. Me sinto honrada em tê-lo como pai. Minha mãe, Stella, é minha melhor amiga e meu arrimo, não me deixa cair. Eu tenho uma relação intensa com minha vida pessoal, com a minha família, com o meu companheiro. Em outro aspecto, talvez os planos para a vida pessoal sejam voltar a dançar, coisa que gosto muito, e deixar a vida sedentária, não pratico muitos exercícios.

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Perfil

Nome: Nádia Naura

Idade: 41 anos

Local de Nascimento: Carazinho/RS

Signo: Touro

Marido: Joaquim

Filhos: Gabriel

Hobby: Cinema

Livro de cabeceira: Obras de Gabriel Garcia Marquez e Erico Verissimo

Filme preferido: Drama

Estilo musical predileto: Black e Soul Music

Time: Palmeiras e Internacional

Para quem dá nota 10: Aos que propagam a solidariedade

Para quem dá nota 0: Aos que usam o nome de Deus de forma irresponsável

E-mail: nadianaura@hotmail.com