Você sabe o que fazer se perceber que está com uma cédula falsa? E se você for pego com a moeda suspeita sem saber que estava com dinheiro falsificado? Técnicos do Banco Central (BC) estiveram ontem na cidade para uma palestra na Associação Comercial e Industrial de Bauru (Acib), para esclarecer dúvidas de empresários e trabalhadores do setor sobre o que fazer quando se deparar com alguma cédula falsificada.
A palestra “Real: conheça o seu dinheiro” foi realizada ontem, na Acib. O evento, voltado para comerciantes e trabalhadores do setor, trouxe dicas práticas para a identificação de dinheiro falsificado. Em entrevista coletiva à imprensa realizada durante a tarde, os técnicos do BC explicaram que o objetivo da palestra é formar agentes multiplicadores da informação, engrossando o combate à falsificação do real.
Segundo o analista de monitoramento e fiscalização do BC, Valdir Rodrigues, quando uma pessoa é surpreendida com uma única cédula falsificada, ela não é apontada como criminosa. “Muitas vezes, é uma pessoa de boa fé que não sabia que estava recebendo e repassando uma cédula falsa”, pontua. Mesmo assim, ele destaca que a pessoa fica no prejuízo, uma vez que a nota é apreendida.
Já a analista de perícia de cédulas e moedas Keiko Marmore da Silva explica que uma pessoa também pode obter uma nota falsificada ao realizar saques em caixas eletrônicos. Isso acontece porque quem abastece os equipamentos são as empresas transportadoras de valores. E muitas vezes, elas não fazem a triagem necessária das notas. “As cédulas deveriam ser avaliadas em boas para a circulação, más para a circulação e suspeitas. Como esse procedimento nem sempre é feito, corre-se o risco de sacar uma cédula suspeita”, observa.
Por isso, o cliente deve sempre estar atento às notas que saca. Se ele notar prontamente que o dinheiro é suspeito, deve procurar o responsável pela agência, caso ela esteja aberta. Nesses casos, o ressarcimento deve ser feito rapidamente. Se o estabelecimento estiver fechado, a vítima deve solicitar a impressão de um extrato de sua conta, registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil e procurar a agência no dia útil seguinte. Caso não consiga a devolução do dinheiro, a pessoa pode entrar com uma ação contra o banco.
Segundo Keiko, a maioria das falsificações é feita em papel comercial e é mais fácil de detectar, tanto pelo toque - pela aspereza e relevo da impressão - quanto pelo visual, já que as cópias não costumam ser perfeitas. Além disso, existem os detalhes técnicos como marcas d’água, que evitariam falsificações feitas em papel moeda. Nessa prática, os falsários “lavam” uma nota de valor menor com produtos químicos e a utilizam para imprimir valores maiores. Atualmente, a cédula de R$ 50,00 é a preferida pelos falsários, seguida pela de R$ 100,00.
De acordo com Cássio Carvalho, presidente da Acib, o comércio de Bauru não é alvo de derrame de notas falsas. Porém, ele destaca que os microempreendedores são os que mais sofrem com o prejuízo. “O problema é preocupante, pois é muito significativo para o pequeno comerciante”, pontua.
Troco
De acordo com Rodrigues, uma grande reclamação dos comerciantes sobre os valores que circulam no País é a falta de troco. Ele diz que o Banco Central mantém cerca de R$ 15 bilhões em moedas estocadas justamente para atenuar o problema. Porém, os comerciantes não possuem acesso a esse valor.
Segundo o técnico, os bancos não entram em contato com o estabelecimento que faz a custódia dessas moedas. “Geralmente, o relacionamento fica restrito entre os bancos e seus clientes e esse dinheiro fica represado”, avalia. O Banco Central estuda uma forma de amenizar o problema, oferecendo caixas eletrônicos específicos para empresas fazerem a troca de moedas.
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Crime
De acordo com o Código Penal, falsificar, fabricando ou alterando, moeda ou cédula é crime, com pena de três a 12 anos de prisão. Responde pela mesma pena quem introduz moeda falsa no comércio de forma intencional.