13 de dezembro de 2025
Auto Mercado

Dr. Automóvel: Controles mecânicos de emissões

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 3 min

Todos sabem que um motor tem inúmeros filtros e controladores internos de emissões, elementos que de alguma maneira reduzem a poluição lançada na atmosfera. O que nem todos sabem é que eles podem ser eletrônicos, químicos ou mesmo mecânicos, dependendo de sua aplicação. Os controles eletrônicos são todos aqueles que se utilizam de sensores para enviar sinais elétricos a uma central, que posteriormente comandará alterações em outros sistemas (alimentação, ignição, injeção). Os controladores químicos reduzem os poluentes alterando quimicamente sua composição, como os catalisadores, por exemplo. Já os mecânicos são os que impedem ou separam fisicamente os elementos nocivos, como os filtros e defletores.

Comentamos diversas vezes sobre a ação dos filtros, como funcionam e para que servem. Eles basicamente separam os elementos externos, abrasivos e nocivos dos fluidos que adentram o motor como água, ar e combustível, protegendo as partes internas contra abrasão, entupimento ou desgaste prematuros, mas não influem diretamente no controle de emissões. Geralmente são compostos de elementos de filtragem mecânica, que limitam a passagem de elementos pelo seu peso ou pela sua dimensão. Podem ser os filtros de papel resinado, tecido ou malha metálica (que é lavável e reaproveitável). Outra forma de filtragem é o chamado ciclone, que força o ar a fazer curvas espirais, separando o pó por centrifugação. Antigamente usava-se muito uma combinação de ciclone com banho de óleo, onde o ar era aspirado do meio externo e centrifugado, retirando boa parte da poeira nele contida, mas ainda sendo forçado contra um recipiente com óleo, onde era mais uma vez retirado o restante de particulados em suspensão.

Já os defletores trabalham de outra forma. No motor, a passagem de gases queimados da câmara de combustão para o carter através dos anéis do pistão é chamada de blow-by (lê-se “blou-bai”). Esta passagem na verdade é um vazamento que não pode ser evitado, apenas reduzido e controlado, e que é perfeitamente normal dentro de certos parâmetros de fábrica. Estes gases queimados (iguais aos de escapamento) se misturam ao vapor de óleo do carter.

Dentro do carter existe o sistema de ventilação que recirculará estes gases para serem aspirados pelo sistema de admissão e novamente queimados e eliminados, evitando a contaminação do ar caso fossem liberados diretamente na natureza, como acontecia no passado. Este sistema de ventilação é composto de um defletor que atua como separador de óleo. Consiste em um sistema de labirinto onde os vapores impregnados com óleo são forçados a passar e, ao se chocarem contra a parede do labirinto, o óleo adere e escorre de volta para o carter, causando a separação do gás que será aproveitado na combustão. Caso esta separação não fosse feita, aumentaria muito a queima e o consumo do óleo lubrificante, o que seria extremamente prejudicial ao meio ambiente. Outra conseqüência danosa seria a obstrução do catalisador, que teria reduzida sua vida útil.

O defletor pode ser instalado dentro ou fora do motor, no percurso entre o bloco e o sistema de admissão. Os tipos mais conhecidos de separadores de óleo são por ciclone, labirinto, centrífugos ou eletrostáticos, mas o mais comum no Brasil é o por labirinto. Neste sistema, o gás é forçado a mudar várias vezes de direção, chocando-se contra as paredes e depositando as gotas de óleo nelas por serem mais pesadas, devido à força centrífuga e pela inércia. As gotas vão se acumulando e posteriormente escorrem de volta para o carter, por gravidade.

A escolha de um ou outro tipo geralmente se dá pelo custo, características do motor das exigências da legislação de emissões vigente no momento. Este sistema de ventilação e recirculação de gases é usado atualmente em qualquer tipo de motor a combustão, seja ciclo Otto ou Diesel.

Como mencionei acima, há cerca de 50 anos atrás os motores eliminavam os gases do carter por um tubinho que saía do bloco, chamado de “respiro do carter”, que liberava estes gases diretamente na atmosfera. Naquela época não havia a conscientização que se tem hoje de controle de emissões de poluentes. Agora estes gases são recirculados, filtrados, requeimados e catalisados, tornando-os mais limpos e inócuos quando chegam à ponteira do escape.