Assim como muitos, eu também fiquei e estou indignado com o que estão fazendo com a educação. Pais que não educam seus filhos e esperam que os professores os eduquem. Governos que não valorizam professores e querem que estes nunca se desanimem. Políticos e juízes corruptos, dando maus exemplos de cidadania, de urbanidade e democracia e querem que o povo os respeite. Policiais, advogados, médicos e tantos outros, desrespeitando os direitos dos que precisam de seus serviços e pouco se fala nisso.
Os valores estão invertidos nessa sociedade capitalista podre, nojenta, fétida; aonde ser bom, verdadeiro e honesto virou sinônimo de idiota, imbecil. Claro e evidente que existem nisso tudo as exceções.
Sou professor da rede estadual de ensino, em sala de aula há quase 28 anos, descontando as greves e as faltas por causa da luta em defesa de uma educação pública de boa qualidade soma-se o tempo de pouco mais de 25 anos. Presenciei muitas coisas na infraestrutura do chão da escola ao longo desta minha carreira, assim como na supraestrutura do Estado, enquanto diretor da Apeoesp, o sindicato dos professores e da CNTE com sede em Brasília, atuando em todo o território nacional; mas nunca vi coisas como vejo agora!
O que acontece normalmente é que o professor ao se formar e, às vezes antes mesmo de receber o Diploma de sua Licenciatura, começa a "dar aula". Com seu esforço, continua estudando, fazendo cursos de Capacitação, Especialização e com um pouco mais de esforço e sorte consegue fazer um Mestrado. Ousado ainda vai tentar o Doutorado.
Na hipótese de conseguir concluir o Mestrado, vai para o Doutorado e, definitivamente acaba indo para a Academia. São pouquíssimos os que ficam na rede básica de ensino.
A professora Márcia Vianna não. Doutora (e só ela sabe o quanto lhe custou este título), foi sim ser professora universitária, mas não arredou pé do chão da escola básica para contribuir com seus conhecimentos no ensino fundamental e médio.
Colega minha na EE Profª Sueli Aparecida Sé Rosa, no Bairro Isaura Pita Garmes, onde tem seu cargo efetivo como eu, cuja competência e dedicação eu sou testemunha. Porém, alguns pais, alguns alunos e o Estado não reconhecem isso. Uma professora, uma mulher, uma mãe que sofre com as faltas ou licenças que às vezes é obrigada a tirar para cuidar de sua filha que tem problemas sérios de saúde. Sofre porque é professora e ama seus alunos. Sofre porque é mãe e ama seus filhos.
Enquanto os governos massacram e desvalorizam os servidores, como os professores em todo o território nacional, e como os bombeiros no rio; os políticos continuam corrompendo e roubando os cofres públicos com obras e ações inexplicáveis ou aumentando seus próprios salários, patrimônios e assentos, como os vereadores em Bauru que aumentaram o número de cadeiras na Câmara Municipal de 16 para 17.
Como em Marília, em que a saúde e a assistência social tiveram que ser prejudicadas para destinar mais dinheiro para os vereadores; em Brasília e em todo o Brasil? é uma vergonha! Então, para que serve a educação, Márcia? Para que servimos, nós professores, Márcia? Qual tem sido a importância do nosso trabalho, Márcia?
Em verdade, em verdade e infelizmente eu lhe digo: - Nós, professores, criamos monstros, Márcia! Talvez seja por isso que somos tão desprezados, desvalorizados e mal compreendidos!
Duilio Duka de Souza Zanni - professor efetivo de história