A pergunta é quase inevitável e até já se tornou um clichê quando o assunto é 11 de setembro. "O que você fazia quando os Estados Unidos foram atacados?" O motorista Alessandro Ramos, hoje com 31 anos, é uma das muitas pessoas que se lembram exatamente o que faziam no momento em que, segundo alguns especialistas, o século 21 começou "para valer". "Aproveitei uns dias de folga pescando próximo à divisa com o Mato Grosso. Estávamos sem televisão, rádio, sem nada. Isolados do mundo", recorda. "Voltamos no domingo e somente então soubemos dos atentados nos Estados Unidos", completa.
Diferente da maioria do público da ação terrorista, que ao vivo não sabia direito o que se passava pela TV, ele conta que quando teve contato com as notícias, as informações já eram concretas. "Não duvidei porque tudo já estava bem esclarecido. Fui saber de tudo, na verdade, só na segunda-feira, porque no domingo me ocupei em separar e guardar o material de pesca, tomei um banho, deitei e fui dormir".
Festa nublada
Talvez, ao menos para os brasileiros, a situação se assemelharia, puxando um fato mais recente na história do País, ao primeiro de maio de 1994, dia da morte de Ayrton Senna, no fato de quase todas as pessoas se lembrarem exatamente do que faziam, seja na tragédia de Ímola ou no desabar de um dos marcos do capitalismo.
Mais marcante ainda para quem faz aniversário na data, com os "parabéns" inevitavelmente ligados ao ocorrido de dez anos atrás. Na época, o gerente comercial Ricardo Barnabé completava 32 anos. A então noiva, Cláudia, preparara uma festa surpresa para ele na casa de uma amiga.
Tudo pronto para a comemoração, à beira de uma piscina. Porém, a fumaça das velinhas foi ofuscada pela nuvem preta sobre as torres vistas da televisão. O bolo e a casa decorada com balões coloridos viraram adorno para uma plateia apreensiva, com a festa em segundo plano.
Com um televisor levado às pressas para o que seria o palco de uma confraternização entre amigos, Ricardo lembra do dia em que o aniversariante foi coadjuvante. "Foi um choque. Naquele instante, eu achava que tinha começado a terceira guerra mundial", narra.
Da mesma forma, a assistente de publicidade Walessa Gimenes, de 30 anos, também teve o "parabéns a você" ofuscado pelos terroristas via satélite. "Foi chato, péssimo. Minha comemoração ficou totalmente em segundo plano".
A farmacêutica bioquímica Maria Tereza Antonelli Caldas da Costa, de 28 anos, não aniversaria hoje. No entanto, ela também teve a alegria cortada pelo ataque aos Estados Unidos, já que se preparava para celebrar o aniversário do pai.
"Foi uma notícia ainda mais triste nesta data, ao imaginarmos o que passavam as vítimas e os familiares. No primeiro momento, achei que era mentira", diz.
Aniversário
A data também coincide com o aniversário de Itapuí. Por isso, entre os moradores da cidade vizinha de Bauru, comentam os itapuienses, é quase consensual o fato de se lembrarem do que faziam no dia 11 de setembro de 2001.
O comerciante José Antônio Colovati, de 50 anos, é um dos moradores que não esquecem o dia em que a dita nação mais poderosa do mundo era atacada e, desta forma, o aniversário da cidade divida as atenções com o que acontecia na América do Norte. "Acontece de sempre eu me lembrar do que fazia, sempre que as conversas abordam o assunto, ainda mais que é a data do aniversário da cidade", comenta. "Eu trabalhava na ocasião. Via pela TV o que acontecia, sem entender muito. De início pensava que era apenas um dos prédios pegando fogo", completa.