17 de dezembro de 2025
Polícia

?Sou uma prova de que Deus existe?

Por Mariana Cerigatto | Com Redação
| Tempo de leitura: 4 min

Depois de levar um tiro no coração no último dia 13 e ter visto sua vida ficar por “um fio”, o gari Adriano Marcolino, de 28 anos, diz ter reforçado sua crença em Deus. Após passar dez dias internado no Hospital de Base, o rapaz já recebeu alta e agora se recupera em casa. Ontem, rodeado por familiares, Adriano diz que pretende começar a ir mais vezes na igreja. “Se eu estou aqui, foi porque Deus quis, sou uma prova de que ele existe”, disse ontem à reportagem do Jornal da Cidade.


A sobrevivência de Adriano, que foi vítima de um disparo acidental, deixou médicos um tanto estarrecidos. A bala, que atingiu a vítima, atravessou o coração estourando músculos em três regiões diferentes e acertou uma veia responsável pelo transporte de sangue no corpo. Antes mesmo de realizar a cirurgia de emergência, a equipe médica que atendeu o rapaz tinha pouca expectativa de sobrevivência.


O caso bauruense apontado como “milagroso” foi noticiado em primeira mão pelo Jornal da Cidade e ganhou repercussão nacional. Na noite de ontem, por exemplo, foi um dos destaques do “Domingo Espetacular”, programa da TV Record.


Na tarde de ontem, Adriano nos recebeu em sua residência no Parque Jaraguá, onde mora com a esposa, Ana Paula do Carmo Lima, de 27 anos, e o filho Adrian, de 8 anos. No momento da entrevista, assistia à disputa entre São Paulo e Botafogo-SP, jogo do Campeonato Paulista. Como bom são paulino, o gari falou com a reportagem, mas dividindo o olhar com a telinha da televisão  para não perder nenhum lance.


Mostrando-se disposto, Adriano alegou que já se sente bem melhor. Com a mãe constantemente ao lado, a senhora Isabel Cristina Marcolino, de 54 anos, os cuidados são reforçados. “Às vezes, quando vou tossir, sinto um pouco de dor, mas é normal”, comentou.


Depois que saiu do hospital, o gari se diz mais tranquilo e confiante em sua recuperação. “Deus me deu um chance para continuar vivendo e eu vou aproveitá-la. Quero começar a ir mais vezes na igreja e ficar com a família”, salientou o gari.



Voltar a trabalhar


A licença concedida pelo médico deve perdurar por seis meses, segundo o paciente. Durante este tempo, Adriano deve ficar afastado do trabalho, já que uma das principais orientações médicas restringe o gari de fazer esforço físico. Ele atua na coleta de lixo do município.


Mesmo diante a delicada situação e todos os cuidados que ela exige, será possível retornar ao trabalho, afirma o rapaz. “Meu emprego exige esforço constante, mas o médico disse que vou poder retornar à rotina do meu trabalho, porém somente após passar seis meses”, alegou.


O gari diz que será um pouco difícil de se acostumar com a rotina em casa. “Eu sempre gostei de trabalhar, nunca faltei nenhum dia!”, relatou à reportagem.


Para acompanhar a saúde do coração, o paciente deverá se submeter a exames periódicos de raio-X e eletrocardiograma. “Hoje (ontem) eu senti uma ‘batedeira’ meio fora do normal, mas já passou”, contou. “Mas se está batendo, é sinal que meu coração está bom”, brincou. Com a alimentação, o cuidado é com o tempero. “Não posso comer nada com muito sal”.

 

 “Não guardo nenhum rancor”

O gari Adriano Marcolino, de 28 anos, conta que na noite do disparo acidental estava a algumas quadras de sua casa, localizada no Parque Jaraguá. “Era noite e eu estava reunido com alguns amigos, na calçada. Estávamos conversando de pé e este rapaz que disparou, um conhecido meu, estava ao meu lado. Quando eu olhei para ele, não pude identificar direito o que ele estava segurando, estava muito escuro”, relatou. “Foi tudo muito rápido”.


Após o disparo acidental ter atingido-o, Adriano afirma que no mesmo momento sentiu seu peito queimar e observou o sangue nas mãos. Mesmo ferido, ainda percorreu cerca de 20 metros antes de ir ao chão, na esquina da rua Arnaldo Rodrigues Menezes, antiga rua 4.


Moradores que estavam no local foram até a casa do rapaz e avisaram a família sobre o ocorrido. Segundo o cunhado da vítima, Edvaldo Aparecido Vilela, 34 anos, a viatura da Base Comunitária Noroeste da Polícia Militar foi a primeira a chegar na ocorrência e acabou prestando o socorro ao rapaz, após apelo dos moradores.


“Eu não sinto raiva dele (o rapaz que disparou), não guardo rancor, sei que foi um acidente. Não tive ainda oportunidade de vê-lo pois ele já foi preso”.


A arma que foi usada pelo autor disparo seria um revólver calibre 22. O rapaz que atirou, de 20 anos, mora no mesmo bairro e se entregou à polícia, segundo a vítima.


A mãe de Adriano, Isabel Cristina Marcolino, diz ter entrado em “estado de choque” ao receber a notícia do disparo. “Quem guiou meu filho foi Deus. É um alívio poder saber que ele está em casa”, disse Isabel, que se dedica em acompanhar a recuperação do filho.