Simpático, alegre e humano. Assim ficou conhecido o médico ortopedista Paulo César Lamônica, 59 anos, que morreu na manhã de ontem vítima de uma parada cardiorrespiratória, assim como o seu irmão, médico otorrinolaringologista, Domingos Lamônica Neto, 62 anos, falecido há exatos 15 dias.
A diferença é que Paulo tinha o agravante de um problema de coluna e insuficiência respiratória.
Um homem querido por jovens e simpático. Assim foi definido por amigos e familiares que prestaram as últimas homenagens a ele durante o dia de ontem no Memorial Bauru, onde foi velado.
Os problemas de Paulo começaram há mais de 4 anos quando sofreu uma estenose de canal medular, ou seja o estreitamento do canal medular. Desde então seu quadro de saúde não mais progrediu.
“Foi progressivo. Ele começou a apresentar um quadro de insuficiência respiratória e, com a morte do Domingos, ficou muito debilitado. Eles eram muito amigos. Irmãos de idade próxima, com a mesma profissão. Estavam sempre juntos. Então acho que ele se abateu muito depois da morte do irmão e na última sexta-feira ele começou a apresentar um quadro de insuficiência respiratória”, contou Vera Maria Telles Nunes, amiga de Paulo e mãe de seus filhos, Álvaro Lamônica Neto, 28 anos, e Paulo Telles Nunes Lamônica, 3
anos”, fisioterapeuta.
Abalo
Paulo César ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Beneficência Portuguesa durante quatro dias. Por volta das 8h3
da manhã de ontem, sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu.
Abalados, os filhos Álvaro e Paulo, familiares e amigos do médico ortopedista preferiram não se pronunciar sobre a perda.
“Ele foi um excelente médico formado em Minas Gerais, fez residência médica em Santos e São Paulo. Era especialista em realizar cirurgias de mão. Gostava muito de pescar e sempre levava os dois filhos para acompanhá-lo. Foi um excelente pai e recebeu carinho e apoio dos filhos até o final. Foi uma pessoa muito direta e franca”, acrescentou Vera.
Durante todo o dia de ontem, inúmeros médicos, funcionários de convênios, amigos e familiares de Paulo prestaram suas homenagens. A todo momento chegavam coroas de flores.
O ortopedista foi velado ainda ontem à noite no Memorial Bauru e seu sepultamento será hoje, às 9h3
no Cemitério da Saudade em Bauru.
Noroestino a serviço do Noroeste
O primo de Paulo César Lamônica, Orlando Lamônica Júnior, 53 anos, conta que o médico sempre foi muito justo e querido por todos, principalmente pelo público jovem. “Mesmo quando começou a ficar doente, não deixávamos de ir até a casa dele e fazer churrasco aos sábados”, comentou.
Orlando revelou que o ortopedista trabalhou durante cinco anos com a equipe do Esporte Clube Noroeste, fato confirmado pelo atual ortopedista responsável pelo Departamento Médico (DM) do time bauruense, Omar Haddad.
“Ele foi médico da equipe entre os anos 7
e 8
. Depois disso eu assumi. Fomos muito amigos e até montamos consultório juntos. Era noroestino e tinha um carinho especial pelo time bauruense”, disse o médico.
O histórico da família Lamônica no Esporte Clube Noroeste começou em 1943 com Orlando Lamônica, pai de Júnior, primo de Paulo César. “O meu pai jogou no Noroeste quando o Noroeste foi Campeão Paulista em 1943. Depois o Paulo teve a oportunidade de ser ortopedista do time”, pontuou Orlando.
Histórico de cardiopatia na família
Vera Maria Telles Nunes, amiga de Paulo e mãe de seus filhos, revela que muitos membros da família de Paulo foram cardiopatas e morreram com pouca idade como Álvaro Lamônica, pai de Domingos (falecido), Paulo César (falecido) e Renato Lamônica, advogado.
“A família tem um histórico de genética cardíaca. Teve um primo dele (Paulo) que faleceu com 28 anos vítima de parada cardiorrespiratória, o pai que faleceu aos 53 anos, também pela mesma patologia, e, por fim, o Domingos”, justificou.
A penúltima morte na família pela mesma patologia foi a de Domingos Lamônica Neto no último dia 27 de março. Na semana anterior, ele passou por uma cirurgia devido a uma hemorragia digestiva, porém, teve alta no fim de semana.
O problema que tirou a vida do médico, não deve ter tido relação com a cirurgia. Segundo funcionários da clínica particular, ele teria trabalhado normalmente pela manhã do dia anterior. Ele morreu de parada cardiorrespiratória em sua própria residência. O médico ficou conhecido por ser um dos criadores do projeto de implante coclear do Centrinho/USP.
‘Associação Paulista de Medicina se entristece hoje como um todo’
O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) em Bauru, médico oftalmologista, José Eduardo Marques, lamentou a perda do amigo e profissional, além de relembrar a importância de Paulo e de seu irmão Domingos para Bauru.
“É uma tristeza. Tanto o Paulo quanto o Domingos eram pessoas muito queridas e conceituadas no nosso meio médico. Pessoas que, realmente, alavancaram o nome da saúde de Bauru na nossa região e no nosso Estado. Tanto um quanto o outro foram figuras muito humanas, voltadas para o lado de ajudar ao próximo”.
Marques opinou que toda a APM se entristeceu como um todo com as duas perdas. “Ficamos muito consternados. É um pesar não só para nós médicos mas para a família também. Há pouco mais de dez dias se foi um membro e agora mais um. A Associação Paulista de Medicina se entristece hoje como um todo, porque perder os dois irmãos em um curto espaço de tempo não é fácil. Foram médicos importantíssimos”, finalizou.