Um dos maiores mistérios da história recente de Bauru voltou a movimentar a polícia da cidade na tarde de ontem. Trata-se do famoso “túnel criminoso”, descoberto no começo do ano passado e que, até agora, não teve nenhum dos autores detidos. Ontem, um funcionário da prefeitura disse ter visto alguém andando com uma lanterna pela galeria, o que mobilizou as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros.
A investigação do caso começou em 3 de fevereiro do ano passado, quando foi localizado na quadra 3 da avenida Nações Unidas um túnel com 30 metros de extensão. A obra foi feita por criminosos e partia da galeria pluvial abaixo do canteiro central, terminando na empresa de segurança e transporte de valores Protege.
Duas semanas depois, foi descoberto um segundo túnel bem maior. Dessa vez, a escavação partia de uma casa – o “Quartel-General” dos bandidos - e terminava na quadra 2 da Nações Unidas, a cerca de 150 metros de distância da Protege. Apesar da nova descoberta, ninguém foi preso até hoje.
Ontem, porém, um funcionário da Divisão de Drenagens da Secretária de Obras, de 38 anos, estava fazendo manutenção de rotina na galeria quando se assustou com uma luz. Ele alega ter pensado ser um homem com uma lanterna e, por isso, avisou funcionários da Protege. A empresa acionou os policiais.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), foi até o local. Funcionários da Protege juntamente com o próprio homem que alegava ter visto a luz misteriosa entraram novamente na galeria, porém, nada encontraram. “Eu posso ter me enganado. Fiquei assustado”, disse o servidor público.
O titular da DIG, Kleber Granja, confirmou o fato. “Não achamos nada ali. Todas as ’entradas’ dos túneis estão fechadas. Inclusive, fomos depois até a casa que originou o túnel e tudo está lacrado”, confirmou.
Entretanto, a movimentação não parou por aí. Várias viaturas da Polícia Militar (PM) também compareceram na empresa de transporte de valores. O Corpo de Bombeiros foi acionado para fazer outra inspeção na galeria. Novamente, nada foi encontrado.
Prevenção
O titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Kleber Granja, afirmou que a Polícia Civil iniciou um trabalho preventivo nas proximidades da Protege, justamente para evitar que haja um “repique” no crime. “Em parceira com a prefeitura, iremos verificar rotineiramente um perímetro de 100 metros da empresa para evitar que haja qualquer problema”, aponta.
Ele ainda confirma que, ao fim do inquérito, vai pedir o “sequestro” da casa usada como “Quartel-General” dos criminosos. “Nossa intenção é que o imóvel seja leiloado e que o dinheiro seja utilizado para fechar completamente o túnel”, revela.
Além de não terem sido localizados os autores após mais de um ano, outro problema é que parte da escavação ainda está aberta e passa por baixo diversas casas. Conforme o JC divulgou com exclusividade, há um laudo da Polícia Científica atestando que este fato oferece riscos aos moradores.