21 de dezembro de 2025
Geral

Agasalho demais no frio pode fazer mal

Luiz Beltramin
| Tempo de leitura: 5 min

Toda mãe sabe da importância em agasalhar os pequenos. Contudo, roupa em demasia também é prejudicial, acentua o pediatra Hilton Borgo. “É preciso evitar exageros. O grande problema que vejo é a quantidade de proteção”, observa. “O ser humano é um animal homeotérmico (cuja termperatura corporal é mantida mesmo com variações externas). Até certos limites, nosso corpo se aquece por si”, diferencia.


Até certos limites, deixa claro o médico. “Esses limites são mais estreitos com os bebês. Quando está frio, eles precisam de mais agasalho que os adultos. Mas quando está calor eles também precisam ficar mais arejados do que a gente”, detalha. “Pelo fato de termos uma influência muito grande de cultura europeia, com fio maior, o pessoal tem medo do frio”, descontrai o pediatra. “Daí o pessoal acabe exagerando no agasalho”, observa Borgo, que também é nutrólogo.


“Outra preocupação é não comer demais. No frio o pessoal tende a acreditar que deve comer muito mais do que deve. Não temos tanto inverno, se estivéssemos numa região polar até que justificaria comer muita gordura”, acentua.  


Demasiadamente agasalhadas, ou não, fato é que a mudança de temperatura da última semana já faz suas pequenas vítimas. “Meu menino sempre fica muito doente quando esfria. Ele sofre com pneumonia. Tento deixar a casa bem fechada, não deixo sem roupa de frio e jamais permito que fique sem sapato. Mesmo assim, chega nessa época, sempre acabamos aqui”, narrou Sheila Janaína Vicente Garcia, enquanto aguardava atendimento para o pequeno Lincoln, na ala infantil do Pronto Socorro.


Da mesma forma, os pais Marcos José Lopes Viana e Talita Michele Miranda Prevideli, pacientemente, acompanhavam seus respectivos pequenos Maicon (4 anos) e Lívia (5 meses) nas sessões de inalação dentro do setor de atendimento infantil. “Sofremos bastante, o Maicon tem muita tosse. A gente já o traz aqui mensalmente. Nesta época acontece dobrado”, lamenta o jardineiro Marcos, ao lado do filho, que, acostumado às sessões constantes e repetidas, segura a máscara de inalação por conta própria.

 

Em casa


Deixar o ambiente aquecido e umidificar a casa em casos extremos de seca é recomendável. Contudo, é necessário evitar exageros. Casa quente não é casa sem ar. “Cuidado com os aquecedores em ambiente muito fechado, resseca muito. Procure também não deixar as portas fechadas sempre e deixar entrar a luz do sol na hora em que sair do quarto, abrindo as janelas”, recomenda o geriatra. “No período de muito frio não tem jeito, é se agasalhar”, reconhece.


Aquecimento conjugado à umidade do ar adequada também é a recomendação do pediatra Hilton Borgo. “Muita umidade também favorece o crescimento de fungos, bactérias e, consequentemente, problemas de alergia. É preciso controle”, atesta o médico.

 

Termômetro em baixa, apetite em alta


Não que você vá comer um caminhão de gordura, mas se alimentar bem – com pratos quentes e até mais calorias de forma saudável e controlada, proporcionam mais bem-estar durante as estações mais frias do ano.


Não há uma medida exata do quanto gastamos a mais de energia quando o termômetro cai. Mas o fato é que nossa função metabólica, explica a nutricionista Eliane Petean Arena, cresce em torno de 20% a mais para queimar a energia necessária para manter as funções regulares.


“Quando começa o frio, de fato, sentimos mais fome”, endossa a nutricionista. “Há um gasto maior no organismo para manter a temperatura. Sentimos necessidade de ingerir alimentos mais calóricos mesmo. Há os fundues, pastéis de quermesse, chocolate quente. Todos alimentos que dão uma satisfação maior”, exemplifica.


Ao mesmo tempo em que o organismo trabalha mais, observa ela, os riscos de ganhar peso nessa época também são maiores. Eliane explica que há uma tendência ao exagero, justamente, pela fome maior.


Para evitar os quilos a mais, acentua, a saída é buscar alimentos quentes, porém saudáveis. “A tendência é buscar alimentos quentes, que dão uma satisfação maior. A dica é optar pelas verduras refogadas, entre elas couve, brócolis, chicória, repolho ou acelga, junto a uma farofa de cenoura, cheiro verde e salsinha”, detalha.


A nutricionista reconhece que, com temperaturas amenas, é mais difícil encher o prato de verduras. Desta forma, o indicado é optar por legumes refogados, como a cenoura ou chuchu. “Mas também chega uma hora em que você não aguenta mais comer cenoura ou chuchu. “As sugestões são os suflês de legumes, pratos com ovos mexidos, farofa de banana”, elenca.

 

Boa forma no frio


O período é ideal para perder peso, incentiva Eliane. “É o contrário do que todo mundo pensam. Todos acham que no inverno é difícil perder peso porque a fome aumenta. No entanto, se a pessoa mantém uma alimentação balanceada quente, ingerir os alimentos termogênicos, com sensação de quente, consegue-se perder peso rapidamente”, assegura.


Entre as alternativas para auxiliar no emagrecimento durante outono e inverno, sugere a nutricionista, estão os chás.


“O chá verde é fantástico”, recomenda. “É um ótimo antioxidante. Ajuda a eliminar as toxinas. Mas quem é hipertenso não pode tomar”, adverte. Segundo ela, além disso, o consumo máximo desse tipo de chá recomendado, diariamente, é de 500 ml. “O chá tem funções terapêuticas em nosso organismo. O ideal é 250 ml. de manhã e a mesma dosagem à tarde. Deu fome, toma um copinho de chá verde no lugar do café”, exemplifica.


Esse tipo de chá, acentua, acelera a função metabólica. “É um ótimo antioxidante, elimina as toxinas prejudiciais ao metabolismo do nosso organismo. Outra opção, lembra ela, é o chá de bisco. Contraindicado para pessoas com intolerância às frutas vermelhas, essa é outra substância termogênica (alimentam o gasto calórico do organismo durante a digestão).


Nos dias mais frios, ainda é possível ingerir gordura sem sair da linha. “Precisamos de alimentos gordurosos”, tranquiliza. “Então, o melhor é buscar alimentos com a gordura saudável”, direciona Eliane, que, para a ocasião, recomenda um “kit” saúde. “Duas castanhas-do-pará, duas macadâmias, duas amêndoas e duas nozes”. “Substitui um dos lanches, manhã ou tarde. A quantidade é pequena, mas a sensação de saciedade é grande”, incentiva. “Não é uma gordura que vai aumentar o colesterol. Quem tem deficiências de gordura boa do sangue é bom que coma esse tipo de alimento”, receita.


Ingerir de carboidratos, também com maior demanda quando a temperatura cai, não significa necessariamente ganho de peso.


Para contrabalancear o maior consumo de alimentos ricos em carboidrato, convertidos em glicose no organismo, a saída, observa a nutricionista, é conjugar com a ingestão de fibras. “Elas é que controlam a quantidade de glicose que vai ser absorvida ou não”, aconselha. “O organismo vai pedir mais gordura e carboidrato”, reconhece.


“Aí é que vem a sopa, o macarrão. Um tipo de macarrão indicado e que não fermenta, sem aumentar a barriga, é o macarrão de arroz”, sugere.