21 de dezembro de 2025
Geral

Economizar energia é possível no frio

Luiz Beltramin
| Tempo de leitura: 7 min

Banho gelado em dia frio. Essa seria a receita de quem adota postura mais radical  na hora de economizar eletricidade nas estações mais frias do ano (leia mais na página 13). Contudo, apesar de aumentar a demanda por aparelhos como aquecedores de água, condicionadores de ar, entre outros, é possível fazer com que a conta de energia fique estável ou não suba tanto, mesmo no frio.

Banhos mais curtos ou até mesmo chuveiro elétrico regulado numa temperatura morna, que não vai fazer ninguém passar frio, podem ser algumas das alternativas, recomendam especialistas no setor eletricitário.

O principal: não é necessário virar picolé para evitar o aumento excessivo no consumo de energia elétrica dentro de casa.

Considerado o maior “vilão” responsável pelo aumento da demanda de eletricidade doméstica durante os meses de outono e inverno, o chuveiro elétrico, observa Clauber Demarchi Pazin, gerente de serviços de campo em Bauru da CPFL Paulista, pode até mesmo ser usado em potência máxima em dias de frio intenso, contanto que sejam feitas algumas compensações.

“A maior preocupação em termos de consumo durante o inverno são com o uso do chuveiro elétrico que aumenta em até 35% o valor da fatura mensal de energia”, enumera o representante da empresa fornecedora. “Em dias muitos frios é realmente muito difícil (utilizar a opção ‘verão’ nas duchas), mas, nestes casos, é possível compensar com hábitos diferentes”, orienta.

Uma dessas medidas, elenca o gerente de serviços da CPFL, é trocar a iluminação da casa, substituindo as antigas lâmpadas incandescentes, que gastam mais e clareiam de menos, pelas fluorescentes, com potencial para economizar em até 40% de energia, neste quesito, em comparação  às antecessoras, atualmente em processo de extinção no mercado.

“Outra forma de economizar muito na iluminação se dá através do aproveitamento máximo da luz natural. Ao aproveitarmos a luz do dia, com cortinas ou persianas abertas, podemos poupar muito a demanda de energia em casa”, acentua. Além do chuveiro elétrico, outro aparelho que integra o rol dos campeões de consumo entre os elétrodomésticos é o ferro de passar roupas.

Para evitar o uso em demasia unido ao baixo aproveitamento - com alto custo energético e principalmente para o bolso -, salienta o representante da empresa de fornecimento de energia elétrica, é recomendado acumular o máximo de peças possível antes de serem passadas. A mesma postura deve ser tomada quanto ao uso das máquinas de lavar e secar.


Conta ‘quente’


Em residências de um padrão econômico mais alto há ainda o agravante - em termos econômicos, do aquecedor elétrico para torneiras. Nesses casos, o consumidor também pode adotar as medidas compensatórias. Uma delas, acrescenta o gerente de serviços da CPFL, é evitar os banhos nos chamados horários de pico, segundo ele, entre as 18h e 21h.

Consumidor adota hábitos simples

Sem seguir uma cartilha exata sobre como economizar, consumidores residenciais apostam em atitudes, muitas vezes habituais, sem ter necessariamente o foco de diminuir a demanda por energia.

É o que faz Mônica Litrento, moradora do condomínio residencial Parque Camélias, em Bauru. Casada e mãe de dois filhos adolescentes, ela admite não ficar de olho no relógio de luz para aferir com toda exatidão o consumo da família. Contudo, procura tomar algumas atitudes que podem contribuir para a diminuição no consumo.

Uma delas, salienta Mônica, é controlar outro tipo de relógio, o de pulso mesmo, sobre o tempo gasto pelos filhos debaixo do chuveiro. “Não pensamos muito nesse tipo de economia, cujo aumento (na conta) a gente percebe na hora da fatura mesmo”, confessa. “O marido reclama bastante”, diz.

“Durante os dias de maior frio a maior dificuldade em controlar o consumo é na hora do banho, tanto é que o chuveiro é considerado o grande vilão quanto à economia de energia elétrica”, conscientiza-se. “Com as temperaturas mais baixas ainda há o costume de se ligar o chuveiro um pouco antes para esquentar e sair depois, quando dá coragem”, admite. “O jeito é controlar batendo na porta mesmo, para poupar tanto água, que é muito importante, quando energia”, descontrai.

Quem também procura balancear os gastos com energia elétrica de acordo com hábitos diários sem, necessariamente, “medir” a caixa de força é o empresário Eli Flávio Bortolotte, também morador de Bauru.

Ele conta que há seis meses mudou para uma casa com aquecedor solar e que, durante todo o período, não precisou acionar o chuveiro elétrico para tomar banho, resultando numa grande economia. “Até mesmo nos dias de chuva, como foram estes últimos, houve armazenamento suficiente para garantir o aquecimento da casa”, enfatiza.

Entretanto, observa o empresário, como a nova residência é dotada de outras formas de consumo, como piscina e climatizador de ar. Desta maneira, a conta está mais alta do que na antiga moradia. “Mas, se fôssemos comparar com o consumo da casa anterior, haveria uma economia em torno de R$ 100,00 na fatura”, incentiva o empresário, que mora junto com a esposa e uma filha pequena.

Outras medidas simples são tomadas por ele para minimizar os custos com energia, independentemente à estação do ano. “Apagar a luz quando o cômodo está vazio faz muito a diferença. Também troquei todas aquelas antigas lâmpadas incandescentes pelas novas fluorescentes. O custo delas é um pouco mais alto, mas compensa pela economia”, aprova.

As lições do apagão

Apesar das empresas distribuidoras de energia garantirem que não há comprometimento quanto ao fornecimento de energia durante o outono e inverno, que coincide com maior demanda e tempo mais seco, com menor volume nos reservatórios das usinas hidrelétricas, sempre em que se fala em mais consumo a primeira lembrança é do racionamento do início da década passada.

Após um blecaute que atingiu todo o País – ainda hoje há discussões sobre a real causa do apagão, que, segundo a mais famosa versão, teria sido ocasionado por um raio que caiu no sistema justamente em Bauru – os brasileiros tiveram que conviver com um raro caso de racionamento de energia, ocasião em que mudaram hábitos.

Luzes consideradas “supérfluas” foram apagadas, luminosos de publicidade foram desligados e eventos noturnos, como jogos de futebol ou shows, foram reagendados para outros períodos com luz natural ou até mesmo cancelados.

A mudança de hábitos ajudou o País a superar a crise naquele instante. Contudo, as rotinas, gradativamente, retornaram.

Contudo, acredita Clauber Demarchi Pazin, gerente em serviços de campo da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) em Bauru acredita que, mesmo com a retomada de antigos hábitos pré-apagão, a população assimilou, de forma geral, a importância de se economizar energia elétrica. “Por dois anos após aquele episódio os hábitos foram mantidos. Os costumes antigos foram retomados depois. No entanto, houve conscientização e o índice de consumo baixou em relação ao que era verificado antes”, compara.

Consumo racional

Conforme o gerente da CPFL em Bauru, Clauber Pazin, o tempo de duração médio de um banho, numa casa onde vivem quatro pessoas, é de 40 minutos. Caso a chave do chuveiro seja mudada para a posição “verão”, com água morna, a economia, ainda de acordo com a distribuidora de energia na região, chega a 30% de abatimento na conta mensal.

Outra preocupação que o consumidor deve ter é adquirir produtos com o selo do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), da Eletrobrás, e Inmetro. “Não há necessidade também, em caso de duas pessoas sem filhos, ter, por exemplo, uma geladeira duplex”, acentua Clauber.

Tempo a mais no banho também é possível, mesmo em termos de consumo racional, desde que seja compensado com o menor uso de outros eletrodomésticos. Um exemplo é o do próprio uso otimizado do ferro de passar roupas.

As instalações elétricas também devem ter segurança total, sem emendas ou com perfeito isolamento caso existam. Sobrecargas de circuito, com vários aparelhos ligados na mesma tomada também são vetados.

Não deixar roupas secando atrás da geladeira, o que produz sobrecarga no motor do equipamento e, consequentemente, maior consumo de eletricidade, além de regular o termostato de acordo com a temperatura ambiente são outras formas de utilizar a energia de maneira inteligente durante o outono e inverno.


Serviço

Outras dicas sobre consumo racional de energia durante os meses de temperaturas mais amenas através do site: www.cpfl.com.br/canaldaenergia.