Lençóis Paulista – Ações de preservação ambiental desenvolvidas pelo poder público e iniciativa privada estão ajudando a garantir a biodiversidade no trecho urbano do rio Lençóis, em Lençóis Paulista (43 quilômetros de Bauru). Anteontem, um grupo de pessoas que descia o rio de caiaque flagrou o momento em que um pescador fisgava exemplar da espécie Curimbatá de aproximadamente 1,5 quilo – o segundo do dia.
De acordo com o analista de meio ambiente e especialista em recursos hídricos, Sidney Aguiar, o sistema hidrográfico do rio Lençóis, que corta os municípios de Agudos, Areiópolis, Borebi, Lençóis Paulista, Macatuba, Igaraçu do Tietê e São Manuel, vem apresentando resultados positivos em relação à conservação ambiental.
Além do Curimbatá, ele conta que é comum a ocorrência de mais três espécies nativas nas águas do rio – a Piapara, o Pacu e o Lambari Tambiú. “Os melhores resultados dessas políticas são vistos na área de recarga do sistema hidrográfico do rio, compreendido entre os municípios de Borebi e Lençóis Paulista. Nessa área, está o Ribeirão da Prata, que tem suas nascentes localizadas ao sul do município de Lençóis e corta a região sudeste da cidade, e é considerado o mais conservado tributário de todo sistema hidrográfico do rio Lençóis, abrigando vários projetos de conservação ambiental mantidos pelo poder público municipal e uma usina da cidade”.
Ribeirão da Prata
Apesar de destacar as condições de preservação do rio Lençóis, o analista de meio ambiente explica que o Ribeirão da Prata, hoje, é considerado o melhor exemplo de conservação no município em razão de projetos que envolvem o poder público municipal e empresas privadas. Segundo ele, o ribeirão nasce nas proximidades da fazenda Boqueirão e corta a região sudeste de Lençóis, com uma extensão de cerca de 20 quilômetros.
Aguiar conta que o Ribeirão da Prata é alimentado principalmente por dois córregos – o Passinho e o Boqueirão – e era chamado de “Água da Prata”, em alusão à fazenda da Prata, por onde ele passa. “Levando em consideração o volume hídrico e as dimensões da microbacia, podemos dizer que a microbacia do Ribeirão da Prata é a mais conservada do sistema hidrográfico do Rio Lençóis”, afirma.
De acordo com ele, entre os projetos de preservação voltados ao ribeirão estão a soltura de peixes realizada anualmente, o reflorestamento que atinge as nascentes e o perímetro urbano do ribeirão e o canal de entrada do Lago da Prata, e a construção e manutenção do Parque do Povo. “Nesse local, é comum a prática de pesca artesanal e de esportes como canoagem, obtendo assim um excelente eco–desempenho”, declara.
Como ponto negativo, o analista cita o alto grau de assoreamento no Lago da Prata provocado, segundo ele, pela falta de mata ciliar no entorno dele. “Principalmente na margem esquerda do lago, onde existe a presença de aterro completamente irregular para fins não-ecológicos o que contraria toda a legislação ambiental vigente”, pontua.
“Leituras sedimentométricas com análises topo-hidrográficas apontam para elevação de aproximadamente 40 centímetros do fundo do lago. Isso significa que o lago vem perdendo capacidade de reservação de água e que, se não houver uma dragagem com estudo prévio, em alguns anos, o Lago da Prata pode se transformar em um reservatório plano e perder todas a suas características hidrobiológicas”.