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Keith Bedford/Reuters |
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Homens se desesperam ao ver rastro de destruição do furacão Sandy, em Nova York |
Nova York - O número de pessoas mortas nos EUA em decorrência da passagem do ciclone pós-tropical Sandy pelo país chegou a 39 na noite de ontem. Destas, 18 morreram na cidade de Nova York, conforme as informações do prefeito Michael Bloomberg. Uma 40ª pessoa morreu no Canadá. Com isso, o total de pessoas mortas pelo Sandy, somada sua passagem pelo Caribe, já alcança 106.
Cidades inundadas, 6 milhões de pessoas sem energia elétrica, transporte público paralisado, incêndios e um prejuízo financeiro que pode chegar a US$ 50 bilhões.
O ciclone pós-tropical Sandy causou os maiores danos do metrô de Nova York em seus 108 anos de história.
Estações e túneis ficaram inundados - pela primeira vez em 80 anos, até água do mar, salgada, invadiu os túneis. Estima-se que os trens só voltem a funcionar em até cinco dias.
Ruas do distrito financeiro, ao sul de Manhattan, ficaram alagadas. Carros boiavam em Wall Street e no East Village. As Bolsas de Valores não funcionaram, mas devem reabrir amanhã.
Cerca de 260 pacientes de um hospital da cidade tiveram de ser retirados às pressas depois que a água começou a invadir o prédio.
Em Nova Jersey, um dos Estados mais afetados e onde o Sandy tocou primeiro tocou o solo norte-americano, cidades alagaram depois de as ondas do mar romperem uma barreira.
O presidente Barack Obama, candidato à reeleição na semana que vem, visitará a região amanhã. (Leia abaixo)
Tanto o democrata como seu rival republicano, Mitt Ronmey, cancelaram seus compromissos de campanha. Há dúvidas sobre o impacto da tempestade nas eleições, daqui a seis dias, em razão dos estragos provocados na infraestrutura.
Apagão
Toda a parte sul de Manhattan, incluindo bairros como Chelsea, Soho, Village, Tribeca e o Distrito Financeiro, estão sem luz nem internet - e nem o sinal de telefones celulares funciona.
Os semáforos nessa área da cidade ficaram sem funcionar, mas as ruas ficaram vazias - até os onipresentes táxis amarelos rarearam na parte sul da ilha.
Com a ausência do metrô, os ônibus da cidade voltaram a circular às 17h locais de ontem, sem cobrar passagem, o que deve se repetir hoje.
Houve 7.000 queixas de árvores caídas na cidade desde domingo. Não há previsão para a reabertura dos parques.
Dia das Bruxas
Em entrevista, o prefeito da cidade, Michael Bloomberg, pediu que os pais redobrem a atenção com as crianças nas festas de Halloween, que acontecem hoje.
Tradicionalmente, as crianças saem sozinhas vestidas de bruxas, vampiros e outros monstrinhos, pedindo doces em troca de bom comportamento.
“Segurem seus filhos pela mão porque há várias áreas sem luz e motoristas podem não vê-las.”
A tradicional Maratona de Nova York, marcada para o próximo domingo, pode ser cancelada.
Voos
Segundo o serviço de monitoramento de voos FlightAware, mais de 6.000 voos foram cancelados nos EUA por causa do Sandy ontem. Outros 500 que ocorreriam na hoje foram cancelados preventivamente. Desde domingo, já foram mais de 15 mil voos.
“O conserto não vai acontecer da noite pro dia”, disse Bloomberg, pedindo “paciência” aos nova-iorquinos. “Nossos maiores desafios no momento são colocar o sistema de transporte em funcionamento e restaurar o fornecimento de energia elétrica”, completou.
Usina nuclear é paralisada
Um reator nuclear foi paralisado ontem no Estado de Nova Jersey, leste dos Estados Unidos, devido ao aumento do nível da água na região após a passagem da tempestade Sandy.
Segundo a empresa Public Service Electric and Gas, o reator Salem 1 foi desligado quando quatro de suas seis bombas de circulação de água deixaram de funcionar, após o nível do rio que resfria a usina atingir 2 metros de altura.
A operadora garantiu, no entanto, que a situação no reator é estável.
Tempestade
Por volta das 5h locais (7h em Brasília), a tempestade Sandy se deslocava ao sul do Estado da Pensilvânia a uma velocidade de 105 km/h, de acordo com o Centro Nacional de Furacões.
Liguem pra mim, diz Obama a governadores
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou os eventos da campanha presidencial programados para hoje a fim de monitorar os estragos provocados pela tempestade Sandy na costa leste americana. Segundo a Casa Branca, o presidente cancelou a viagem que faria a Ohio para acompanhar a resposta do governo federal ao fenômeno natural, que afetou dez Estados, em especial Nova York e Nova Jersey.
Prontidão
Obama disse ontem que governadores de Estados afetados pela passagem do ciclone pós-tropical Sandy pelos EUA podem ligar para ele diretamente caso recebam um “não” de alguma entidade federal durante o esforço de apoio às vítimas.
“Telefonem para mim pessoalmente, na Casa Branca.” Para o presidente, não pode haver “limite nem burocracia” neste momento
“O presidente ficará em Washington hoje para garantir que todos os recursos federais necessários sejam destinados às operações de recuperação das comunidade afetadas pela tempestade Sandy”, disse o porta-voz, Jay Carney.
Devastação atrai turistas
Nova York - A cinematográfica Nova York devastada por uma tempestade atraiu ontem centenas de turistas e novaiorquinos para as áreas mais atingidas pelo furacão Sandy, no sul da ilha de Manhattan.
A destruição, visível em praticamente todas as ruas da região, virou cenário incomum. A reportagem viu prédios inundados, carros destruídos, árvores e postes tombados, lixo e lama nas ruas.
Havia nas calçadas até ratos mortos, trazidos dos subterrâneos com a força da água. “A destruição sempre fascina as pessoas”, dizia a turista francesa Sandy Arnot, que percorria as ruas do South Street Seaport, perto de um dos portos da cidade, na região leste, registrando os estragos provocados pelo furacão que é seu homônimo.
Em dezenas de prédios no centro financeiro da cidade, a água do East River que invadiu as ruas ainda era visível nos lobbys.
A região continuava hoje sem eletricidade e o sinal de telefonia era precário.
Centenas de homens trabalhavam no local, limpando as ruas, bombeando as águas dos prédios, reparando o sistema de eletricidade.
As sirenes de ambulâncias, carros de polícia e dos bombeiros também não pararam durante todo o dia.
Brasileiros frustrados
Nova York - Sem poder fazer compras, com as principais lojas fechadas, a impressão é de que o número de brasileiros nas imediações da Times Square era maior que o normal. “Não conseguimos fazer nem uma comprinha na Apple”, lamentou a funcionária pública brasiliense Emília Silva, que foi para a loja no domingo à tarde. Na mesma hora, os funcionários já estavam sendo dispensados em razão do fechamento do metrô.
A agente de turismo carioca Vania Pimentel trouxe os filhos Viviane e Alexandre para visitar a cidade pela segunda vez, mas ficaram boa parte do tempo no hotel.