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Hotel de luxo implantado pela bauruense Nati Felli fica no coração dos Alpes suíços |
Imagine como seria chegar a um hotel e ser recepcionado com suas flores, seu chocolate, suas frutas e bebidas prediletas sem gastar nada a mais pelo atendimento personalizado? Ou então, acordar no meio da noite e ter todo o caminho ao banheiro iluminado apenas com o toque dos pés ao chão? Ou ainda fechar as cortinas, acender as luzes, ligar o som e a TV e acionar os dois empregados, que estarão à disposição de sua suíte, apenas com um sensível toque dos dedos em uma tela?
Estes são alguns detalhes que fazem toda a diferença no Guarda Golf, hotel luxuoso em meio ao coração dos Alpes na cidade de Crans-Montana, na Suíça. Implantado pela bauruense Nati Felli, o empreendimento, que terá expansão com investimentos de R$ 200 milhões nos próximos três anos, chama a atenção por estar na lista The Leading Hotels of the World e do Swiss Deluxe Hotels, selos que atestam a qualidade dos melhores hotéis do mundo.
As pantufas são de veludo, a colcha da cama em pele sintética, os xampus e condicionadores Bulgari, os edredons e travesseiros de pena de gansos jovens, tapetes Calvin Klein, louças de uma lendária casa em Luxembrugo e cosméticos da linha Ivo Pitanguy em Spa próprio. Foi com essa mentalidade, de oferecer tudo do bom e do melhor aos seus hóspedes, que Nati Felli, 47 anos, trocou, aos 24 anos, a casa dos pais no bairro Higienópolis, em Bauru, por uma experiência na Suíça que lhe rendeu a porta de entrada para o mundo dos negócios.
Nati, que em registro chama-se Natividade, nome em homenagem à sua mãe Natividade de Barros, matriarca da família Garcia, não poupou esforços para conceder ao seu hotel de luxo - empreendimento pelo qual sonhou desde a infância e conseguiu realizar em 2006 - requintes que atraíssem públicos da América à Oceania para o pequeno município de 6 mil habitantes no país do chocolate e do relógio.
Com 25 quartos de luxo e nove residências que são ligadas por um túnel, o Guarda Golf possui 50 funcionários e, em épocas como Natal e Ano Novo, chega a uma taxa de 100% de ocupação. Uma diária em baixa temporada no hotel de luxo suíço chega a custar em média R$ 800, enquanto na alta temporada um quarto luxuoso custa R$ 4 mil.
Atualmente, Nati, que se casou em 1994 com o médico fisiatra Giancarlo Felli, suíço de ascendência italiana, e possui uma filha de 12 anos que mora com eles nos Alpes, foca nos negócios para desviar da crise europeia e expandir o hotel e a construtora da família, a Quality Immobilier, que desde 2000 também constrói e negocia apartamentos residenciais de luxo na Suíça.
Se o negócio possui um segredo para o sucesso? Essa pergunta é facilmente respondida pela empresária, que junto ao marido comemora as expansões. “Generosidade e jeitinho brasileiro na recepção dos meus hóspedes fazem toda diferença. Aposto nos detalhes. O segredo é ter determinação”, fecha questão.
Em alta temporada, Crans-Montana chega a receber até 40 mil turistas interessados em descansar, esquiar ou escalar os Alpes.
Na última semana, Nati Felli, aproveitando o período de férias em que o hotel fica fechado entre a troca de estação verão-inverno, esteve em Bauru após participar de convenções no Rio de Janeiro e em São Paulo para a promoção do Guarda Golf e concedeu uma entrevista ao JC. A seguir, ela relata como surgiu a ideia de montar o negócio na Suíça, sua trajetória, dificuldades e planos para o futuro.
JC - De onde surgiu a ideia de tornar-se empreendedora do setor hoteleiro?
Nati Felli - Eu sempre tive o sonho de ter um hotel. Quando era criança, meus pais recebiam frequentemente meus parentes em casa. Tínhamos uma casa na rua Cussy Júnior, em frente ao antigo BTC (Bauru Tênis Clube) e, para mim, aquele era um grande hotel, sempre com muitas pessoas e festas. Eu me fascinava pelos detalhes. As mesas sempre eram postas de forma tradicional e com copos de cristal. Com 7 anos eu comecei a enxergar uma oportunidade naquilo tudo e comecei a fazer shows para os meus tios. Cantava e dançava a troco dos meus primeiros centavos. Ao mesmo tempo, adorava visitar a fazenda da família em Avaí. Quando me formei no Colégio São José, entrei para o curso de administração na ITE. Com 24 anos fui à Suíça e me encantei com a hotelaria. Depois morei em São Paulo por quatro anos. Em meio a isso tudo fundei a escola particular Criarte em Bauru e tive uma lanchonete no Centro, mas senti que meu potencial era no setor de hotelaria e mergulhei na área. Com 29 anos conheci o Giancarlo, que foi meu amor à primeira vista. Alguns meses depois, imigrei para a Suíça. Nos casamos e decidimos montar o hotel.
JC - Como surgiu o Guarda Golf e quais foram os investimentos?
Nati - O Guarda Golf surgiu em 2006, após um período de quase seis anos entre a compra do terreno e o final da construção. Foram mais de dez anos de viagens para Áustria, França e Itália visitando estações de esqui e pesquisando como seria um hotel perfeito. Cheguei à conclusão de que o chão de madeira fica muito melhor do que os carpetes, utilizados em quase 90% dos hotéis, por exemplo. Apostamos em coisas que o clientes não veem, mas sentem. Grande parte dos hotéis de luxo suíços imitam a Disney e isso não agrada muitas pessoas. Nós queríamos algo que fosse aconchegante e agradasse a todos, por isso investimos em algo que não ficasse tão rústico. Na época chegamos a investir US$ 50 milhões. Investimos em modernidade e detalhes. Nosso banheiro, por exemplo, custa 10 vezes mais do que o de um hotel convencional.
JC - Qual o diferencial deste para outros hotéis?
Nati - Buscamos sempre o atendimento personalizado e que proporcione o acolhimento. O segredo é a generosidade e o calor do jeitinho brasileiro. As pessoas, principalmente celebridades, querem simplicidade. Ao mesmo tempo, apostamos em detalhes que fazem toda a diferença nos ambientes. Chegamos a pagar R$ 4 mil por uma colcha de cama e seis vezes mais por um travesseiro. Temos um departamento próprio que cuida da lavagem das roupas de cama. Fornecemos aos nossos hóspedes desde uma pantufa de veludo aos melhores cosméticos. Temos pianistas, dançarinos e chefes de cozinha que preparam o melhor da gastronomia. Em um Natal, por exemplo, chegamos a gastar R$ 50 mil com o melhor que há nas decorações natalinas. Nossas flores são todas naturais e deixam o ambiente com cheiro do campo. Sem contar a vista dos Alpes, que é inesquecível.
JC - E o cardápio, tem uma pitada brasileira?
Nati - Todo dia 7 de setembro e na época de Carnaval no Brasil realizamos noites especiais no hotel. O cardápio inclui desde feijoada a bobó de camarão.
JC - O hotel recebe sempre pessoas famosas?
Nati - O Guarda Golf foi inaugurado na presença de Roger Moore (James Bond). Outro exemplo é Sophia Loren e McCain Roy, que atualmente ocupa a liderança na lista dos melhores golfistas do mundo. Recebemos artistas e celebridades mundiais com frequência, mas não gostaria de citar os nomes por respeito.
JC - Quais são seus planos para expansão?
Nati - Investiremos mais de R$ 200 milhões em expansão nos próximos três anos. Compramos uma área de oito mil metros quadrados para a construção de 22 apartamentos de 250 metros. Doze deles serão vendidos e os outros dez ficarão para o hotel.
JC - Que hábitos simples uma dona de hotel de mais de US$ 50 milhões na Suíça ainda consegue manter?
Nati - Gosto muito de ficar descalça e sentir os pés na grama. Eu e minha família sempre armamos um piquenique. Uma das minhas atividades preferidas é caminhar em meio ao campo e fazer uma fogueira, para sentarmos em volta e ficar conversando.
JC - Do que você sente falta na Suíça que só encontra no Brasil?
Nati - O calor. A minha dificuldade é enfrentar o inverno rigoroso das montanhas suíças.
Você se considera uma pessoa simples?
Nati - Me considero uma pessoa modesta, mas não abro mão de certas coisas, como por exemplo, tomar água em uma taça de cristal.