Um carteiro anda 20 quilômetros todos os dias, embaixo de muito sol. E o calor típico deste horário desgasta o trabalhador, comprometendo sua saúde. Os sindicatos da categoria, entre eles o Sindicato dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Bauru e Região (Sindecteb), tentam há mais de cinco anos mudar o turno de entrega de cartas, mensagens e correspondências apenas para o período da manhã.
Hoje, os carteiros trabalham internamente até o meio-dia e fazem as entregas à tarde. Por outro lado, os Correios discordam da proposta, sob a alegação de que seria gerado um atraso muito grande nas entregas.
"Essa mudança vai trazer melhorias para ambos os lados. Trabalhar até 6h por dia, andando sob o sol, em pleno Horário de Verão, é desgastante demais e muito prejudicial à saúde do carteiro. Se a ECT avalia que vai atrasar o serviço, essa será mais uma oportunidade para repor o quadro de funcionários, tão deficitário no País ", pontua José Aparecido Gimenes Gandara, presidente do Sindecteb.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabeleceu durante o julgamento da greve, em setembro deste ano, a entrega de correspondências apenas no período da manhã. A medida já está sendo testada em alguns Estados, como Tocantins e Mato Grosso. O Sindecteb espera que a proposta esteja completamente em prática até o início ou meados do próximo ano.
Saúde
Muitos carteiros aguardam ansiosos a mudança do horário de entrega de correspondências. Antônio Carlos Pastorelo, no ofício há quatro anos, diz que a rotina é sacrificante. "Trabalhar andando pelas ruas à tarde, principalmente no Horário de Verão, não é fácil. O sol intenso gera mal-estar e prejudica até o sono", acrescenta.
Na base do Sindicato, que abrange 207 municípios, o total é de 1.578 carteiros, sendo que destes 129 estão aposentados por invalidez.
Em Bauru, o quadro de carteiros é composto por 233 funcionários, número insuficiente para atender a demanda. São 415 bairros para serem atendidos todos os dias.“Mesmo com o sucateamento que os Correios têm passado nos últimos anos, com baixo índice de contratações e grande número de aposentadorias, os carteiros continuam com sua função de entregar correspondências e fazer com que o País não pare”, destaca Gandara.