21 de dezembro de 2025
Cultura

Além de legado, Chorão deixou disco inédito

Natália Cancian, Enviada especial pela Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min

Depois do sepultamento do cantor Chorão, do Charlie Brown Jr., que aconteceu por volta das 17h10, em Santos, no litoral de São Paulo (leia mais abaixo), os familiares e amigos do músico falaram à imprensa sobre a perda.

O baixista da banda, Champignon, foi um dos que mais falou sobre a morte do companheiro. "A gente fica triste, chora, mas o principal é que a gente vai levar só os bons momentos. A gente um dia já foi uma molecada, que sonhava em ter uma banda, em ter um trabalho relevante. Todos nós somos gratos a ele e, infelizmente, estamos aqui, nos despedindo dele."

Graffo

 

Ele também comentou sobre o disco inédito que deve ser lançado em breve, o primeiro do Charlie Brown Jr. desde 2009, e lembrou que a nova música da banda, "Meu Novo Mundo", que faz parte do trabalho, já está tocando em algumas rádios. "Foi o que ele deixou, além do legado, um álbum novo."

Champignon mencionou também a homenagem que o Guns n' Roses fez a Chorão no Facebook, decretando luto por sua morte.

"Fiquei sabendo ontem que o Axl Rose falou da perda. Eu até me espantei, porque nem sabia que ele tinha conhecimento da nossa banda. Isso mostra que a gente construiu algo relevante para o mundo. Eu tenho orgulho de ter construído uma história dessa."

O músico disse que não sabe se a banda vai continuar. "Não tem como continuar. Como vai continuar sem ele?", questionou, mas depois disse que é possível que os membros remanescentes (além dele, os guitarristas Thiago e Marcão e o baterista Bruno) se reúnam para prestar homenagens ao líder do Charlie Brown Jr. "Mas é cedo para falar algo a respeito", concluiu.

 

Depoimentos

Segundo o guitarrista Marcão, todas as letras do novo álbum foram escritas por Chorão. "Ele sabia mostrar o que estava sentindo."

Marcão disse que Chorão é "insubstituível", e que a banda não parou para pensar sobre como será o lançamento do novo álbum.

A ex-esposa do líder do Charlie Brown Jr., Graziela Gonçalves, comentou sobre a separação, ocorrida há seis meses. Familiares acreditam que tenha sido uma das razões que levou Chorão à depressão.

"Nós estávamos afastados em razão do que estava acontecendo com ele", afirmou ela. "Lutei por ele até o fim e infelizmente quem ganhou essa guerra foi essa droga que está acabando com todo o mundo", comentou, fazendo referência ao pó branco semelhante a cocaína, encontrado pela polícia no apartamento do músico.

Gonçalves, que é estilista, publicou hoje uma carta no site oficial da banda em que dizia que amará Chorão "para sempre".

Depois do sepultamento do músico, os fãs foram liberados pela polícia para ir até à frente do Memorial Necrópole Ecumênica, onde ocorreu a cerimônia. Reunidos numa roda, eles rezaram e cantaram "Dias de Luta, Dias de Glória", um dos hits da banda, numa homenagem final a Chorão.

 

Corpo de Chorão é sepultado em Santos

O corpo do cantor Chorão, do Charlie Brown Jr., foi sepultado por volta das 17h10 no quinto andar do cemitério vertical Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, no litoral paulista.

 Em cerimônia fechada para familiares e amigos, Chorão recebeu uma última bênção e homenagens de despedida antes que seu corpo fosse colocado numa urna especial.

 Os presentes começam a deixar o local. Entre eles, Marcelo Nova, líder do Camisa de Vênus, que definiu Chorão como uma "alma selvagem, um grande amigo com espírito indomável".

Antes disso, de acordo com a assessoria do Memorial, um prolongamento do velório, restrito a parentes e amigos, aconteceu no primeiro andar do cemitério.

Segundo os assessores, após três anos o corpo do músico poderá ser retirado para cremação, caso seja o desejo da família. Isso acontece porque ainda há uma investigação policial em andamento, para esclarecer as circunstâncias da morte do cantor.

A cremação poderá acontecer antes dos três anos, apenas se houver liberação da perícia.

Estiveram presentes a primeira ex-mulher de Chorão, Thais Lima, seu filho, Alexandre Abrão, e o irmão do músico, Ricardo Abrão. Também estavam no local músico Falcão, da banda O Rappa, e os músicos Thiago, Champignon e Marcão, companheiros de Chorão no Charlie Brown Jr.

Segundo a assessoria do memorial, cerca de cem pessoas participaram da cerimônia, que transcorreu em clima de comoção. Sobre o caixão fechado, foram depositados um skate e as bandeiras do Santos Futebol Clube e do Brasil.

Os fãs do músico se concentraram na rua em frente ao cemitério, que foi bloqueada com cavaletes, faixas e viaturas da polícia. A imprensa não teve acesso ao memorial.

 

Chegada ao cemitério

O corpo de Chorão deixou a Arena Santos, onde era velado desde a tarde desta quinta-feira (6), por volta das 14h15. O cortejo passou pela pista de skate inaugurada por ele e pela Vila Belmiro, onde foi hasteada uma bandeira em sua homenagem.

 O corpo chegou ao local por volta das 14h40. Segundo Rafael Parola, um dos seguranças da banda, o corpo foi transportado do ginásio poliesportivo onde estava sendo velado mais cedo do que o previsto, por causa do forte calor.

 No cemitério, a estudante Rafaela Galdino, 15 anos, era uma das que esperavam para ver a chegada do corpo. Na noite de ontem, ela chegou a ficar cinco horas numa fila no ginásio, apenas para se despedir do Chorão. "Gosto dele desde criança, é o ídolo de Santos."

A amiga Luana Costa, 16 anos, concorda. "Ele vai ser o eterno ‘menino da Vila’", comentou, em referência ao apelido dos jovens revelados no Santos Futebol Clube, time de coração do músico.