Quem nunca teve a sensação ou ao menos ouviu alguém dizer que em tal região da cidade faz mais frio do que nas demais? Alguns fatores são capazes de influenciar nas variações de temperatura urbana, como a topografia e a vegetação, por exemplo.
“Não temos medições para afirmar qual a diferença ou qual é a região onde ocorre a temperatura mais alta ou a mais baixa em Bauru, pois temos estação meteorológica somente no Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet). Entretanto, é possível fazer algumas avaliações”, afirma a meteorologista Rita Cerqueira Lopes.
Segundo Rita, é esperado que a temperatura atinja índices mais baixos em áreas com mais vegetação, como é o caso da região do campus da Unesp e do zoológico. Já no Centro da cidade, onde há grande quantidade de construções e praticamente não existe vegetação, a temperatura tende a ser mais alta.
A variação do relevo não é muito acentuada na cidade e gira em de 100 a 120 metros, de acordo com a meteorologista. Entretanto, os bairros localizados em regiões de baixadas ou próximos a córregos também costumam registrar menores temperaturas. O mesmo acontece com regiões descampadas e altas.
“A cidade tem alguns pontos mais frios, sim. Os bairros Pousada da Esperança, Jardim TV, Jardim Tangarás, por exemplo, são regiões descampadas. Já o Jardim Filomena, Parque das Nações, Parque Jaraguá e Jardim Mendonça, entre outros, ficam próximos a rios e córregos. As proximidades do aeroclube se caracterizam como lugares altos e com bastante vento. Todas essas áreas têm fatores que reduzem a temperatura”, acrescenta o coordenador da Defesa Civil, Álvaro de Brito.
Na pele
Quem vive em uma das áreas citadas pelo coordenador da Defesa Civil de Bauru, Álvaro de Brito, e confirma a sensação de frio mais intenso é a aposentada Talita Corsino, moradora da rua Paulo Húngaro, na Pousada da Esperança 1.
“Esse bairro fica no alto e a gente sente que venta bastante, e como sou friorenta, procuro me proteger”, conta. Entre as alternativas aconchegantes adotadas pela aposentada para espantar o frio estão levar o cobertor até o sofá para assistir TV e tomar chás quentes.
“Como uma boa palmeirense, eu não perco um jogo sequer. Então, me deito no sofá e pego uma manta e uma caneca com chá de hortelã ou camomila. Eu tomei a vacina contra a gripe e não me descuido, porque já tive pneumonia por causa da friagem”, lembra.
Alerta
Embora não haja registros de pessoas que tenham morrido por causa do frio em Bauru, o inverno - que começou na última sexta-feira - acende alguns alertas da Defesa Civil. A preocupação de Álvaro de Brito foca, principalmente, os moradores que vivem em regiões mais carentes.
“A população que mora em favelas ou casas menos protegidas do frio tem o hábito de colocar carvão em latas, acender e deixar a noite toda no quarto. Outros colocam álcool para queimar na tentativa de aquecer o banheiro na hora da ducha. E tudo isso pode ser asfixiante. O material queimado libera gás carbônico e consome oxigênio, o que pode causar problemas de saúde e até levar à morte por asfixia. E ainda há o risco de incêndio”, preocupa-se.
Outro alerta da Defesa Civil nessa época do ano é para uma prática bastante comum, principalmente em ruas de terra: as fogueiras feitas para espantar o frio e colocar o papo em dia com os amigos. “Nesses casos, o que não vale é esquecer a fogueira acesa, já que o vento pode levar as chamas para casas de madeira ou mato seco e iniciar um incêndio” orienta.
Para aquecer o corpo...
Moradores de bairros com temperaturas mais baixas contam o que fazem para esquentar a estação
Em dias mais frios, quando o corpo “pede calor”, cada um tem a sua receita para aquecer o organismo e deixar a casa mais aconchegante. O JC nos Bairros percorreu algumas localidades de Bauru, consideradas as mais frias da cidade, para saber quais são os “truques” dos moradores para esquentar a rotina nos dias de inverno.
E já que o organismo bem alimentado suporta melhor o frio, está aí uma ótima oportunidade para tirar as tradicionais receitas de sopas e caldos quentes da gaveta para alimentar e aquecer a família. Ao menos essa é a dica da apresentadora de TV Regina Monari, que vive no residencial Trianon, no Jardim Infante Dom Henrique.
Aquecedor portátil e um guarda-roupas recheado com modelos da estação fazem parte da preparação anual para os dias mais frios. “As janelas ficam abertas até um certo período do dia. Depois eu fecho tudo. Aqui venta muito mesmo e no inverno, já viu, é frio garantido. Eu costumo dizer que vivo no polo norte de Bauru”, brinca.
Sob o sol
Já o aposentado Manoel Pereira dos Santos não abre mão de tomar o solzinho da tarde para se aquecer na calçada enquanto observa o movimento da rua Forti Grassi, no Jardim TV, onde vive há mais de 30 anos.
“O pessoal fala que aqui faz mais frio, e faz mesmo. Ao menos eu sinto dessa forma. É um bairro alto e descampado, com pastos e rodovias ao redor. E quando o frio aperta de verdade, eu não abro a porta de casa por nada. Como já sou aposentado, aproveito as tardes sem sol com cobertor e televisão”, conta ele, com bom humor.
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Éder Azevedo |
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A dona de casa Katiuscia Pires mudou-se recentemente para uma casa perto de um córrego e diz já sentir a diferença de temperatura; na foto, com a filha Kaylane Sabrina, 5 anos |
Tem mata e córrego na vizinhança
Em lugares onde a umidade relativa do ar é maior, as temperaturas tendem a ser menores. A dona de casa Katiuscia Carolina de Freitas Pires que o diga. Há menos de um mês ela se mudou para a rua Rosa Malandrino Mondelli, no Jardim Mendonça, a cerca de 100 metros de um riacho e uma pequena mata.
Como o esperado, a vizinhança mais “fresca” no verão fica mais fria no inverno. “Estou na casa nova há poucos dias e já senti a diferença do clima, principalmente no período da manhã e da noite. Eu morava no Centro do bairro, onde é bem mais quentinho. O jeito é agasalhar bem as crianças e não deixar faltar acessórios como toucas e luvas em caso de uma onda inesperada de frio”, deixa a dica.
Já a estudante Juliana de Fátima Rodrigues mora com a família em uma chácara na região do Mary Dota, um lugar de baixada com muita vegetação e um córrego, ou seja, de clima mais frio no inverno.
“Normalmente aqui é fresquinho quando é calor em outras localidades, mas quando faz frio, faz para valer”, conta ela, enquanto mostra a pilha de cobertores já em uso pela família.
IPMet registrou a menor temperatura em julho de 2000
Diante de um outuno considerado ameno, meteorologista avalia que o inverno na região de Bauru não deve bater recorde em relação à temperatura mínima mais baixa dos últimos anos
Os amantes das baixas temperaturas podem comemorar as previsões para o inverno, pois elas indicam que a estação iniciada na madrugada da última sexta-feira - e que segue até o final da tarde do dia 22 de setembro - terá episódios frequentes de passagens de frentes frias pelo Estado de São Paulo, com até dois dias seguidos de chuva.
“Esses períodos serão intercalados com dias consecutivos de sol, ou seja, teremos sequências de dias de céu claro alternando com um ou dois dias chuvosos. É uma condição normal para esta época do ano, assim como as chuvas, que também ficarão em torno da média no inverno”, projeta o meteorologista Eduardo Gonçalves Dutra.
Por outro lado, ainda de acordo com ele, como o outono não foi rigoroso no que se refere às baixas temperaturas, a previsão é de que o inverno não tenha recordes em relação à mínima mais baixa dos últimos anos.
“Mesmo assim, os moradores da região central do Estado podem tirar os edredons e as blusas dos armários, pois eles serão bastante utilizados, inclusive já entre este fim de semana e o começo da próxima, quando teremos a primeira entrada de uma massa de ar polar da nova estação”, projeta o meteorologista.
O mais rigoroso
A menor temperatura já registrada em Bauru data de julho de 2000, quando os termômetros do IPMet registraram 1,7 graus. Em 2011 foram registrados valores de até 3 graus no mês de agosto.
Elas ‘atacam’ no frio
Resfriado: apresenta sintomas amenos, como coriza e leves, dores no corpo. O vírus fica no organismo por até três dias
Gripe: exige mais atenção que o resfriado, já que aparece de maneira mais agressiva e prolongada, com febre, fortes dores no corpo, tosse seca e falta de ar.
Asma brônquica: é a popular bronquite, doença pulmonar que provoca chiados e dificuldade para respirar. É incidente em temperaturas frias e se agrava com a exposição à poluição, fumaça e pólen.
Alergias: as mais comuns nesta época do ano são as rinites e as sinusites: inflamações das vias respiratórias provocada pelas variações climáticas bruscas e o contato com pó e poluentes.
Dicas
•Atente aos sintomas descritos neste quadro e procure um médico o quanto antes.
•Beba bastante líquido.
•Não faça exercícios físicos entre as 10h e 17h.
•Deixe um recipiente com água ou um pano molhado no quarto antes de dormir.
•Não use o umidificador elétrico por muitas horas seguidas. O ambiente pode ficar muito úmido e causar mofo e bolor.
•Lave as narinas com soro fisiológico e/ou faça inalações com o mesmo produto.
•Mantenha os ambientes arejados e livres de tabaco e poeira.
•Evite frequentar lugares fechados com grande concentração de pessoas.
•Atente para o pó e odores que as roupas guardadas há muito tempo podem conter.
•Evite a automedicação.